NY: bolsas fecham sem direção única em pregão com forte volatilidade após colapso de bancos

Analistas apontam para a possibilidade de uma pausa no aperto monetário por conta de um “estresse no sistema bancário”

As bolsas de Nova York não firmaram direção única ao fim do pregão desta segunda-feira, marcado por forte volatilidade em meio a temores de que o sistema financeiro dos EUA seja afetado mais amplamente pela falência dos bancos Silicon Valley Bank (SVB) e Signature Bank.

Por outro lado, a aparente fragilidade da economia suscitou uma reprecificação dos juros básicos nos EUA, e agora investidores esperam por um Federal Reserve (Fed) bem menos “hawkish” (agressivo).

Aparentemente, as medidas a possibilidade de Federal Reserve (Fed) conter os danos no setor financeiro americano por meio do alívio nos juros já estão surtindo efeitos, com os investidores avaliando o cenário como menos caótico do que se poderia imaginar e um abrandamento da política monetária, o que favorece ativos de risco.

Anteriormente, a leitura do mercado era de uma provável aceleração dos juros e um patamar máximo acima do esperado anteriormente. O tom pessimista veio após as falas de Powell sobre a necessidade de manter uma política monetária mais restritiva.

Mas, com o colapso dos bancos, é possível que a instituição modere sua política monetária para não agravar o cenário.

Índices e ações

O índice Dow Jones recuou 0,28%, a 31.819,140 pontos, o S&P 500 teve baixa de 0,15%, a 3.855,76 pontos, e o Nasdaq terminou o dia em alta de 0,45%, a 11.188,84 pontos.

O índice específico do setor financeiro do S&P 500 liderou as perdas e teve o movimento mais significativo do dia, ao cair 3,78%.

Entre as ações, bancos regionais cujas atividades são similares às de SVB e Signature Bank foram os mais afetados, como First Republic (-61,83%), Western Alliance (-47,06%) e PacWest Bancorp (-21,05%). Gigantes do setor como Goldman Sachs (-3,71%), Wells Fargo (-7,13%), Citigroup (-7,45%) e Bank of America (-5,81%) também foram fortemente atingidos.

Fed lança linha de empréstimo de emergência

No domingo, o Fed lançou uma linha de empréstimo de emergência para fortalecer o sistema bancário dos EUA para “ajudar a garantir que todos os bancos tenham a capacidade de atender as necessidades de todos os seus depositantes”.

O Programa de Financiamento a Prazo do Banco (BTFP) deve oferecer empréstimos de até um ano para os credores que utilizarem como garantia títulos do Tesouro dos EUA, dívidas de agências, títulos lastreados em hipotecas e outros “ativos qualificados”.

Pausa no aperto monetário

Se os temores de que problemas sistêmicos afetem o setor financeiro dos EUA como um todo puxaram os índices de Wall Street para baixo, um potencial aperto monetário mais brando do Fed manteve algum apetite por risco hoje.

Em relatórios divulgados hoje, Goldman Sachs, Wells Fargo, Barclays e NatWest argumentam que o BC americano deve pausar o ciclo de aperto monetário na próxima reunião do dia 22 de março.

No momento, a expectativa majoritária do mercado ainda é por alta de juros de 0,25 ponto percentual (p.p.) no próximo dia 22, com 58,3% de chance, de acordo com o CME Group. O percentual restante de 41,7% indica manutenção da taxa dos Fed funds em 4,5% a 4,75%. No entanto, investidores acreditam em taxa terminal de 5%, ao invés de 5,75% previsto na semana passada, além de juros de 4,25% ao fim de 2023.

Volatilidade suspendeu negociações

Forte volatilidade nas ações de bancos americanos registrada na manhã desta segunda nas bolsas de Nova York levou à suspensão das negociadas de vários papéis.

As ações de bancos regionais como First Republic, Zions Bancorp, Western Alliance, First Horizon, PacWest Bancorp, Metropolitan Bank, Comerica, Regions Financial, Bank of Hawaii, East West Bancorp, e KeyCorp foram suspensas várias vezes durante o pregão de hoje e voltaram a ser negociadas minutos depois em função da forte volatilidade.