BofA segue confiante com o Brasil, com exposição acima da média no país

Banco tem 73% do seu portfólio latino-americano de ações em ativos locais

Acreditando que os mercados internacionais devem se manter voláteis enquanto o avanço da inflação global não cessa e o Federal Reserve (Fed) eleva os juros americanos, analistas do Bank of America seguem apostando em performance positiva por parte dos ativos de risco brasileiros.

Os analistas liderados por David Beker argumentam, apoiados em relatórios de agentes americanos do banco, que a postura “dovish” (resistente em subir tanto os juros) do Fed até aqui permitiu que as bolsas realizassem um “bear market rally” até aqui, com as commodities dando suporte adicional após a reabertura da China.

No entanto, dizem que o Fed está bem atrás da curva, tornando improvável qualquer pausa no aperto monetário. Assim, seguem preferindo ações de “valor” e argumentam que ainda é muito cedo para mudar para teses de “crescimento”, apesar destes segmentos já acumularem desempenho amplamente inferior durante o ano.

“O Brasil está à frente do mundo em termos de aperto monetário e a atividade surpreende pelo lado positivo, por isso continuamos “overweight” (com exposição acima da média) no país”, dizem. Entre os riscos negativos, analistas apontam que as preocupações fiscais e eleitorais estão esquentando.

Em termos de alocação, o banco americano tem 73% do seu portfólio de ações latino-americanas concentrado no Brasil, 23,5% no México e 3,5% na Colômbia. O MSCI LatAm, por outro lado, tem 63,3% da carteira alocada no Brasil, 24,6% no México, 6,8% no Chile, 2,9% no Peru e 2,5% na Colômbia.

“Reduzimos a exposição ao consumidor removendo Multilaser da carteira; continuamos a gostar de nomes de consumidores de alta renda (Soma, Arezzo) e temos Mercado Livre dentro de e-commerce; para ganhar exposição ao pico das taxas, mantemos Multiplan e agora também adicionamos a Neoenergia; e, dentro dos setores protegidos pela inflação, retiramos Assaí (despesa com juros pode pressionar as margens)”, dizem.

No setor financeiro, dizem continuar positivos com bancos de grande capitalização. Os investidores se preocupam com o ciclo de inadimplência, apontam, mas o crescimento da carteira de crédito somado às taxas mais altas e aos índices de cobertura robustos devem ser mais do que suficientes para financiar níveis mais altos de provisionamento, defendem.

“Também somos construtivos em commodities selecionadas. Estamos “overweight” em petróleo, alumínio e celulose. O cobre tem uma demanda de longo prazo para a produção de veículos elétricos, mas não temos exposição, pois nossa equipe vê um excedente de oferta no próximo ano. Temos uma visão neutra sobre minério de ferro”, afirmam.