Aviação e turismo: Azul sobe mais de 30%; Gol e CVC também disparam

Entenda os motivos das valorizações

As ações das companhias aéreas Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) dispararam nesta segunda-feira (6) por motivos diferentes. A Gol subiu após anúncio de investimento da Abra, enquanto a Azul foi impulsionada pela publicação de seus resultados para o trimestre que acabou em dezembro.  

Por volta das 12h10, as ações da Azul lideravam as altas no pregão, subindo 33,70%, cotadas na casa dos R$ 9,60, enquanto a Gol subia 21,05%, perto de R$ 6,20. Porém, nos últimos 12 meses as ações têm forte queda, de cerca de 60% nos dois casos.

Na onda das companhias aéreas, a CVC (CVCB3), do ramo de turismo, também tem apresentado forte valorização no pregão. Por volta das 12h13, as ações subiam 19,64%. Em 12 meses, contudo, a queda é de 71%.

No cenário internacional, o setor de turismo também avança, embora em patamares mais modestos. As ações da Marriott (MAR) subiam 1,53% na Nasdaq. A Royal Caribbean também avança, 1,96%. A Carnival registrava a maior alta: 2,34%.

A abertura da China tem animado os investidores, com a possibilidade de aumento da demanda por pacotes de viagens solicitados pelo mercado chinês, que tem demanda reprimida dos últimos meses por conta do fechamento relacionado à covid-19.

No Brasil, porém, os motivos para as altas estão mais relacionados a outros fatores.

Investimento da Abra na Gol

O investimento de US$ 1,4 bilhão que a Abra Group, holding criada para controlar as operações da Gol e da Avianca, dá espaço para a companhia aérea brasileira respirar após os temores envolvendo sua liquidez, diz o Citi.

Os analistas Stephen Trent e Filipe Nielsen escrevem que o investimento foi possível porque a Avianca passou por um processo de reestuturação ainda no início da pandemia, reduzindo sua dívida e melhorando margens, permitindo o investimento.

O banco atualizou estimativas para Gol , incorporando maior receita por assento e rendimento por passageiro, mas ainda assim maior custos elevados mesmo com a queda recente no combustível.

“Mesmo com a melhora nos indicadores, reduzimos os múltiplos para refletir algum risco de integração com a Abra por conta da complexidade da relação entre as duas companhias”, comentam.

O Citi tem recomendação de compra para Gol, com preço-alvo em US$ 6,75 para os recibos de ação (ADRs) negociados na Bolsa de Nova York (Nyse). Os papéis fecharam cotados em US$ 2,06 na última sexta-feira.

Azul tem resultados acima do esperado, diz Citi

Companhia teve geração de fluxo de caixa livre significativa e reduziu alavancagem acima do esperado, dizem analistas

Os resultados financeiros da Gol foram encorajadores no quarto trimestre, com recuperação acima do esperado na rentabilidade mesmo com pressões de câmbio e combustível no período, diz o Citi.

Os analistas Stephen Trent e Filipe Nielsen escrevem que a companhia registrou geração de fluxo de caixa livre significativa e conseguiu reduzir sua alavancagem acima da meta do ano.

“Os resultados positivos acontecem antes mesmo do impacto da renegociação com os arrendadores no balanço”, comentam. O banco destaca que agora não há mais problemas de liquidez.

As metas para 2023 que a Azul apresentou superam as estimativas do Citi, com receitas de R$ 20 bilhões superiores às projeções do banco de R$ 19,2 bilhões, e Ebitda de R$ 5 bilhões acima da estimativa de R$ 4,8 bilhões.

O Citi tem recomendação de compra para Azul, com preço-alvo em US$ 13 para os recibos. Os papéis fecharam cotados em US$ 4,16 na última sexta-feira. Na B3, há pouco as ações subiam 16,8%, cotadas em R$ 8,46.

Resultados pressionados por combustível

O cenário de retomada da demanda por transporte aéreo ajudou a Azul a manter uma tarifa mais remuneradora por seus voos no quarto trimestre do ano passado. O problema tem sido a disparada no preço dos combustíveis, que tem jogado pressão sobre os resultados operacionais. A demanda (medida em RPK) saltou 4,8%. Já a oferta de assentos (ASK) subiu 10,3%.

O yield, valor médio pago para voar um km, ficou em R$ 0,5060, alta de 15,8% na comparação anual.

O Cask (Custo operacional dividido pelo total de assentos-quilômetro oferecidos) fechou o trimestre em R$ 0,3768, alta de 11,1%. Excluindo os combustíveis, o Cask ficou em R$ 0,2067, queda de 3,9%.

O Rask (receita operacional por assentos-quilômetro oferecidos) foi de R$ 0,4272, alta de 8,2%. O Prask (receita de passageiros por assentos-quilômetros oferecidos) subiu 10%, para R$ 0,3952.

A empresa teve uma taxa de ocupação média de 78,1%, queda de 4,1 pontos percentuais. Apenas no mercado doméstico, a ocupação foi de 77,2%, queda de 4,8 pontos percentuais.

Segundo a empresa, no trimestre as despesas operacionais foram de R$ 3,9 bilhões, alta de 22,6% sobretudo com o crescimento de 42,5% no combustível e o aumento de capacidade de 10,3%, parcialmente compensados por menor queima de combustível, maior produtividade e iniciativas de redução de custos.

Em comparação com o quarto trimestre de 2019, as despesas operacionais aumentaram 59,1%, impulsionadas principalmente por um aumento de 115,8% nos preços dos combustíveis, 27,7% de depreciação do real e mais de 20% de inflação no Brasil. “Em comparação ao quarto trimestre de 2019, a queima de combustível por ASK reduziu em 8,2%”, disse a empresa.