Inflação ao consumidor segue elevada e persistente, diz ata do Copom

Diante das incertezas do cenário, o comitê do BC decidiu ser mais agressivo na estratégia para a Selic

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central afirmou, na ata da última reunião, divulgada nesta manhã, que a inflação ao consumidor segue elevada, com alta disseminada entre vários componentes, e mais persistente que o antecipado.

“A alta nos preços dos bens industriais não arrefeceu e deve persistir no curto prazo, enquanto a inflação de serviços acelerou ainda mais”, ressaltou o documento.

As leituras recentes de inflação, segundo a ata, vieram acima do esperado e a surpresa ocorreu tanto nos componentes mais voláteis como nos mais associados à inflação subjacente.

“As diversas medidas de inflação subjacente apresentam-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação. As expectativas de inflação para 2022 e 2023 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 6,4% e 3,7%, respectivamente”, disse.

O fator petróleo

O Copom também avaliou mais de um cenário para a trajetória do petróleo e decidiu dar um peso maior ao que indica o barril do produto em US$ 100 no fim do ano.

É o que informa a ata da reunião da semana passada do colegiado, divulgada nesta manhã, que explica em mais detalhes a razão para a alta dos juros de 10,75% ao ano para 11,75% ao ano.

O Copom diz que, na sua hipótese usual para a projeção de inflação, o preço do petróleo partiria de US$ 118 o barril e seguiria subindo. “Na sua hipótese usual, o preço do barril parte de valores em torno de US$ 118 em março e se eleva para cerca de US$ 121 no fim de 2023, ou seja, extrapolando para o todo o horizonte relevante da política monetária o preço do petróleo resultante de uma conjuntura internacional particularmente anômala”, afirma o documento.

Para o Copom, o “atual ambiente de incerteza e volatilidade elevadas demanda serenidade para a avaliação dos impactos de longo prazo do atual choque e, portanto, optou por comparar essa hipótese com os preços de contratos futuros de petróleo, negociados em bolsas internacionais, e com projeções de agências do setor”.

Segundo o colegiado, nesse caso, o preço do petróleo convergia para abaixo de US$ 100 ao fim de 2022. “O Copom concluiu então que seria adequado manter a hipótese usual no cenário de referência, mas adotar como mais provável um cenário com hipótese alternativa para a trajetória de preços do petróleo até o fim de 2022”, diz a ata.

Estratégia de juros

Quanto à estratégia para a Selic, o Copom diz que avaliou o ritmo apropriado de elevação dos juros e “analisou suas projeções de inflação utilizando simulações com trajetórias de política monetária com diferentes taxas terminais, ritmos de ajuste e duração do aperto monetário”.

“Diante da volatilidade e incerteza da conjuntura atual, particularmente no cenário internacional, o comitê optou por uma trajetória de juros mais tempestiva do que a embutida em seus cenários”, disse o documento. “Essa preferência expressa cautela em relação às probabilidades atribuídas a seus cenários e à mensuração dos efeitos de segunda ordem, bem como seu comprometimento com a convergência da inflação e das expectativas para as metas no horizonte relevante”, complementou.

Com base nesses resultados, o Copom concluiu que um novo ajuste de 1 ponto percentual, seguido de ajuste adicional de mesma magnitude, é a estratégia mais adequada para atingir aperto monetário suficiente e “garantir a convergência da inflação ao longo do horizonte relevante, assim como a ancoragem das expectativas de prazos mais longos”.

O colegiado reconheceu que o cenário é desafiador para a convergência da inflação para suas metas (2022 e 2023) e reforçou que “estará pronto para ajustar o tamanho do ciclo de aperto monetário, caso o cenário evolua desfavoravelmente”.

(Do Valor PRO, o sistema de notícias em tempo real do Valor Econômico)