Analistas consideram ‘improvável’ a privatização da Petrobras via conversão de ações

Entenda a proposta que poderia levar o governo a perder o controle da companhia

As discussões sobre a política de preços da Petrobras que vêm ocorrendo no Executivo e no Legislativo podem aumentar a percepção de risco dos investidores em relação à empresa, de acordo com o Citi. O banco, porém, destaca indicadores corporativos saudáveis da Petrobras e aponta como “improvável” uma redução de participação do governo a curto prazo.

O analista Gabriel Barra afirma que a tese de investimento da companhia ainda é sustentada por níveis de alavancagem saudáveis, e destaca que o limite da dívida bruta está entre US$ 60 bilhões e US$ 65 bilhões. O Citi aponta ainda que a Petrobras conta com uma boa alocação de capital, apesar dos menores preços do petróleo Brent. Outro destaque, segundo os analistas, é a previsão de R$ 70 bilhões a R$ 100 bilhões em dividendos, o que pode ser um catalisador para as ações.

As discussões sobre a política de preços da companhia, porém, além de possíveis mudanças na estrutura tributária, podem aumentar a percepção de risco para os acionistas minoritários. O relatório cita a possível instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), a pedido do presidente Jair Bolsonaro, e uma alteração na lei das estatais que pode levar a uma mudança na política de preços para a paridade de exportação, abandonando a paridade de importação.

Os analistas ainda apontam como “improvável”, a curto prazo, uma conversão de ações preferenciais em ordinárias que levaria o governo a se tornar acionista minoritário da companhia. A recomendação do Citi para os recibos de ações (ADRs) da Petrobras é de compra, com preço-alvo de US$ 17,40.

Já na avaliação da Ativa Investimento, a possibilidade de ocorrência de conversão das ações preferenciais da Petrobras em ordinárias e, por conseguinte, a diluição da participação do governo no controle da empresa seria muito positiva para as ações da companhia.

Segundo a casa, ainda assim, materialização deste processo não seria simples, sendo necessária aprovação no congresso e Senado, no Tribunal de Contas da União (TCU), bem como a alteração do estatuto da empresa. “Por hora, temos este evento com baixa probabilidade de ocorrer.”

O governo avalia a possibilidade de converter ações preferenciais da Petrobras em ordinárias, disse uma fonte do governo ao Valor Econômico. Dessa forma, a União deixaria de ser controladora da empresa.

A privatização é bandeira defendida pelos ministros da Economia, Paulo Guedes, e outros integrantes da ala liberal do governo. Eles acreditam que, dessa foram, haverá mais competição no mercado de óleo e gás no Brasil.

A Ativa Investimentos tem recomendação de compra para as ações preferenciais da Petrobras, com preço-alvo de R$ 41.