Ações da Petrobras despencam com ameaça política no radar

Bolsonaro e Lira prometem ofensiva contra a companhia

Após confirmar o reajuste de 5,18% no preço da gasolina e o aumento de 14,26% no valor do diesel vendido em suas refinarias, a Petrobras voltou ao centro do palco político e suas ações passaram a despencar em sessão que já era de correção para o Ibovespa. Às 15h10, o índice cedia 3,71%, aos 98.991 pontos, enquanto as ações preferenciais da estatal tombavam 9,94% e as ordinárias cediam 10,44%.

Em Brasília, após o reajuste, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que o presidente da Petrobras, José Mauro, tem que renunciar “imediatamente” ao cargo. “Ele só representa a si mesmo e o que faz deixará um legado de destruição para a empresa, para o país e para o povo. Saia!!! Pois sua gestão é um ato de terrorismo corporativo”, disse Lira em seu perfil no Twitter.

Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro havia dito que a Petrobras “pode mergulhar o Brasil num caos”. A declaração foi feita em suas redes sociais, ainda antes de a estatal anunciar o reajuste nos preços da gasolina e do diesel. “O governo federal como acionista é contra qualquer reajuste nos combustíveis, não só pelo exagerado lucro da Petrobras em plena crise mundial, bem como pelo interesse público previsto na Lei das Estatais”, disse.

Analistas ouvidos pelo Valor PRO entendem que a volatilidade dos papéis deve se manter elevada. Para a Levante, um reajuste nos preços dos combustíveis era esperado, e necessário, para que se diminua a defasagem com os preços internacionais e reduza o risco de desabastecimento. Mas, apesar de a medida ser positiva para a estatal, as fortes declarações de importantes personagens políticos aumentam consideravelmente a pressão sobre a companhia, o que deve se traduzir em uma maior volatilidade nas ações no curto prazo.