SXSW: Greg Brockman, pai do ChatGPT, foi o destaque no dia 1, mas Priyanka Chopra recebeu os aplausos

A atriz e modelo Priyanka Chopra foi aplaudida pela defesa da equidade de gênero. Já o cofundador da OpenAI, Greg Brockman, tentou acabar com os temores de desinformação em torno do ChatGPT

Sem dúvida, o ponto alto do primeiro dia do festival SXSW, que acontece até dia 19 de março em Austin, no Texas (EUA), foi o palco liderado por Greg Brockman, pai do ChatGPT, o popular chatbot da OpenAI.

Dois meses após o seu lançamento em novembro passado, o ChatGPT atingiu a marca de 100 milhões de usuários ativos, tornando-se o aplicativo de mais rápido crescimento na história da tecnologia, de acordo com um estudo do UBS. Para efeito de comparação, o Facebook levou 4,5 anos para atingir a mesma marca.

Brockman, de 34 anos, é o empreendedor clássico do mercado de tecnologia: raciocínio rápido, bem articulado e ágil para sair pela tangente quando uma pergunta o coloca contra as cordas. Na conversa mediada por Laurie Segall, da Dot Dot Dot Media, ele falou para um auditório lotado.

Brockman se mostou otimista sobre o futuro da Inteligência Artificial (IA), tecnologia motriz por trás do ChatGPT. Apesar das preocupações com a desinformação, ele acha que a IA será uma força para o bem.

“Queríamos que um sistema fosse igualitário e tratasse todos os sites convencionais igualmente, mas acho que as pessoas estavam certas em nos criticar”, disse ele.

O ChatGPT foi criticado por seu potencial de substituir trabalhadores humanos em campos criativos ou espalhar desinformação. O chatbot também foi criticado por Elon Musk, que também cofundou a startup, por seu suposto viés contra certas fontes de informação e por distorcer seu conteúdo para ter um viés político mais liberal.

Musk, que cortou relações com a empresa em 2018, está montando um time para construir um chatbot de IA rival.

Greg Brockman, pai do ChatGPT, o popular chatbot da OpenAI, empresa cofundada por ele. Foto: Edward Pimenta

Outros destaques do dia 1 do SXSW

Abertura com Hugh Forrest, co-presidente SXSW

Hugh Forrest, o co-presidente do SXSW, fez uma breve abertura, de cerca de 30 minutos, e destacou os pontos chaves que fazem do festival um evento único. Primeiro, ele reforçou a quantidade e a diversidade de palestras, painéis e apresentações que compõem a agenda do SXSW. Este ano, há 10 trilhas a mais do que em 2021, totalizando 25 trilhas de conteúdo, que reúnem mais de 350 sessões.

Com isso, disse Hugh, é fundamental escolher bem os temas de interesse. “Procure as sessões cujos temas você desconhece”, disse. Segundo ele, o SXSW é uma oportunidade para ampliar o repertório de conhecimentos.

O segundo aspecto que destacou foi o networking. O festival é enorme. A expectativa é que 300.000 pessoas circulem pelos 11 centros de convenção do festival, durante os 10 dias de evento. Sem mencionar, as pre-estreias e festas que são oportunidades adicionais para conhecer novas pessoas, trocar experiências e fazer networking. Novas ideias e novos negócios começam no SXSW.

Por último – e não necessariamente nesta ordem, Hugh destacou que a curadoria dos temas para esta edição buscou trazer pessoas, ideias, negócios e pesquisas que estão trabalhando para endereçar as dores do mundo, de forma criativa. A criatividade é parte do DNA do SXSW é uma importante mola propulsora de novas ideias, que podem germinar aqui em Austin.  

Engajamento: Uma conversa entre Simran Jeet Singh

Logo após a fala do co-presidente do SXSW, Simran Jeet Singh, educador, escritor e ativista americano, assumiu o palco.

Simran é o diretor executivo do Programa de Religião e Sociedade do Aspen Institute e autor do best-seller do New York Times, The Light We Give: How Sikh Wisdom Can Transform Your Life (A luz que damos: como a sabedoria sikh pode transformar sua vida).

A liderança de pensamento de Simran sobre preconceito, empatia e justiça se estende a ambientes corporativos, universitários e governamentais. 

No SXSW, Simran falou sobre como criar empatia e engajamento com as pessoas em uma sociedade preconceituosa e segregacionista. Seus conselhos e ensinamentos vêm de sua experiência pessoal, ainda que muito do que compartilhou tenha sido respaldado por estudos científicos.

É o tipo de painel que funciona melhor ao vivo. A maneira como Simran encadeia os eventos do cotidiano (casos de discriminação, conflitos religiosos, preconceito) e as lições que tira dessas experiências que fizeram da conversa com a cientista Laurie Santos um conteúdo rico.

Nascido e criado em San Antonio, Texas, Simran agora mora na cidade de Nova York com sua esposa e duas filhas, onde gosta de correr, escrever e perseguir seus filhos.

Escalando a felicidade, com Josh D’Amaro, da Disney

Josh D’Amaro, presidente de Parques, Experiências e Produtos da Disney. Foto: Edward Pimenta.

Há exatos 100 anos, uma startup criada pelo jovem Walt Disney iniciava a história de uma empresa que hoje se orgulha de investir em tecnologia e inovação para criar momentos de felicidade.

Em sua apresentação no palco do SXSW, Josh D’Amaro, presidente de Parques, Experiências e Produtos da Disney, mostrou como funciona a fábrica de sonhos. A receita, segundo ele, está baseada em quatro elementos: comida, música, histórias e tecnologia. 

Josh apresentou o protótipo de um androide, conversou com uma projeção holográfica da personagem Sininho e empunhou o sabre de luz de Star Wars, para delírio da bancada geek na plateia do festival.

Priyanka Chopra: defesa pela igualdade na indústria do entretenimento

A atriz e modelo Priyanka Chopra. Foto: Edward Pimenta

O ponto alto do palco liderado pela atriz e modelo Priyanka Chopra foi quando ela expos sua questão salarial.

Durante uma conversa com a chefe da Amazon Studios, Jennifer Salke, a atriz de 40 anos revelou que recebeu pela primeira vez uma salário igual ao de seus pares homens, enquanto trabalhava nas filmagens de sua nova série Citadel (série de televisão dramática de ficção científica americana criada por Josh Appelbaum e Bryan Oh), que será lançada pela Amazon Prime.

“Trabalho na indústria do entretenimento há 22 anos e já fiz mais de 70 projetos e dois programas de TV”, ela disse.

“Quando fiz Citadel, foi a primeira vez na minha carreira que recebi em paridade com meu colega de trabalho (o ator Richard Madden). A primeira vez em 22 anos.”

No final do primeiro dia, foram aplaudidos de pé Josh D’Amaro e Priyanka Chopra. Mas quem capturou a atenção do público mesmo foi Brockman, pois a invenção da OpenAI aponta para um futuro de transformação na relação homem-máquina, nos mercados e na forma como vivemos.