Saiba o que pode dificultar o plano de Bolsonaro de comprar diesel da Rússia

Consultoria avalia que combustível teria que ter ‘desconto significativo’ para compensar pressão política

Um acordo para a compra de diesel da Rússia pelo Brasil teria que incluir um desconto nos preços significativo para compensar a pressão política ocidental contra a decisão, aponta um relatório da consultoria S&P Global Commodity Insights.

Em relatório, a consultoria afirma que esse movimento faz sentido para poucos países latino americanos, além dos tradicionais aliados da Rússia na região, como Cuba, Nicarágua e Venezuela.

Uma fonte ouvida pela S&P no setor de trading de combustíveis lembrou que pode haver problemas para que o Brasil pague pelas cargas. “Como pagar se os bancos não podem fazer transações com empresas russas?”, disse.

Entretanto, a fonte apontou que o barril de petróleo produzido na Rússia, de fato, é vendido com grandes descontos. O barril russo foi vendido recentemente com um desconto de US$ 36 por barril em relação ao Brent, principal cotação internacional para a commodity. A diferença entre a cotação russa e o Brent costumava ser menos do que US$ 5.

Esta semana, o presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou que há negociações para a compra do diesel produzido na Rússia, país que está sob sanções da Europa e Estados Unidos depois de invadir a Ucrânia.

A S&P Global aponta que a compra do diesel russo pode levar a uma redução nas importações brasileiras das cargas mais caras do combustível provenientes dos Estados Unidos.

O Brasil precisa importar cerca de 25% do volume de diesel consumido no país, pois as refinarias nacionais não conseguem atender toda a demanda. Tradicionalmente, a região do Golfo do México americano é a responsável por suprir a maior parte das importações brasileiras do combustível.

O Brasil é o segundo maior destino das exportações da região americana, atrás apenas do México.

De acordo com dados da S&P, os Estados Unidos entregam a maior parte das importações brasileiras de diesel, sendo responsáveis por entregar de 54% a 71% do total importado pelo país nos últimos três meses. Nesse mesmo período, o Brasil também importou diesel de países como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Índia.