Mercados devem reagir negativamente aos ataques em Brasília, mas pressão deve ser de curto prazo, diz J.P. Morgan

Banco de investimentos prevê aumento de volatilidade no mercado de ações após atos terroristas em Brasília

Os ataques realizados por bolsonaristas radicais em Brasília devem ter efeito negativo nos mercados, mas a pressão causada pelo evento tende a durar pouco, avalia o J.P. Morgan, em relatório assinado pelos estrategistas Emy Shayo Cherman, Cinthya M Mizuguchi e Pedro Martins Junior. “À medida que o trabalho de rotina do governo retornar, as atenções devem se voltar para as questões macro que têm ocupado o foco”, dizem os profissionais do banco, que destacam também as mudanças regulatórias que ganham mais espaço nas discussões governamentais e podem voltar a ser destaques no radar de agentes econômicos.

Já o impacto político pode ser mais prolongado, de acordo com o J.P. Morgan. Para o banco, os eventos deixam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mais forte. “Enquanto o presidente se fortalece e a oposição se enfraquece, pode haver radicalização da esquerda, talvez influenciando a agenda mais do que se imaginava, embora o Congresso continue dominado por partidos de centro que, ao menos na teoria, seriam uma força contra a radicalização.”

J.P Morgan: invasão de Brasília é diferente do ataque ao Capitólio

Para o mercado de ações brasileiro, a expectativa é que, assim que a situação se acalme, o panorama global, com fatores como a reabertura na China e um pico nos juros americanos, possa orientar os preços. No curto prazo, porém, a volatilidade tende a aumentar. Os setores avaliados positivamente pelos estrategistas são financeiro; consumo discricionário; alimentos e bebidas; e materiais básicos.

O J.P. Morgan destaca, ainda, que os eventos que aconteceram em Brasília são diferentes do ataque ao Capitólio nos Estados Unidos, em 2021. O fato de que não há demanda clara e de que o presidente brasileiro e seu ministério já tomaram posse são alguns dos contratastes entre as situações. A nota também destaca que ontem “os prédios estavam praticamente vazios no momento da invasão, limitando os danos em termos de números de feridos e perdas de vidas”.

É preciso também conferir se outros protestos do tipo vão acontecer e, em caso positivo, qual será a intensidade deles, afirmam os profissionais. Um fator importante é que não haja acontecimentos parecidos em outros Estados e que se evite novos eventos, como uma greve dos caminhoneiros.