Como o Itaú vê os rumos da economia diante do aumento de benefícios sociais

Banco revisou projeções para o PIB, inflação e dólar

A ampliação do pagamento de benefícios sociais, praticamente definida às vésperas das eleições, deve impactar positivamente a economia no segundo semestre, estima o Itaú Unibanco. “Com isso, revisamos nossa projeção de crescimento do PIB em 2022 para 2,0% (de 1,6%), mas mantivemos a projeção de 0,2% para 2023”, aponta o banco em relatório divulgado nesta sexta-feira (8).

Dados mais fortes do mercado de trabalho, juntamente com a melhor perspectiva para o PIB deste ano, levaram a instituição a ajustar a projeção de taxa de desemprego para 10,5% (de 11,0%) em 2022 e para 11,2% (de 12,3%) no próximo ano.

O Itaú também atualizou a perspectiva para o IPCA 2022, de 7,5% para 7,2%. Para 2023, o banco manteve a expectativa para a inflação oficial em 5,6%. “Além das diversas medidas de redução de impostos incidentes nos preços de combustíveis, energia elétrica e telecomunicações já consideradas na nossa última revisão, incorporamos também o efeito da fixação do PMPF (preço médio ponderado ao consumidor final, utilizado no cálculo do ICMS) de gasolina e GLP na média dos últimos 60 meses”, explica a instituição.

No relatório, o Itaú destaca que a depreciação cambial observada no último mês foi reflexo do aumento de incertezas externas e domésticas. “Mantivemos nossas projeções de taxa de câmbio em R$ 5,25 por dólar para o final de 2022 e R$ 5,50 por dólar para o final de 2023, mas a rapidez do movimento recente aumenta o risco da depreciação projetada para o próximo ano ocorrer antes”, pondera.

No cenário para a Selic, o banco avalia que a taxa básica de juros poderá sofrer cortes apenas a partir do ano que vem. “Seguimos esperando que o Copom eleve os juros para 13,75% ao ano em sua próxima reunião e sinalize manutenção da taxa Selic nesse patamar. Para 2023, nossa projeção é de cortes apenas na segunda metade do ano, para 9,75% ao ano”, diz a nota.

O fator de alerta para o Itaú, conforme o relatório, está relacionada à trajetória fiscal do país, com a manutenção ou não dos benefícios sociais que estão sendo implementados atualmente.

“A sustentabilidade fiscal está voltando a ser um desafio relevante. Não se trata de uma preocupação com números fiscais de curto prazo, e sim com a trajetória que parece estar contratada para o futuro”, observa o banco.

“O próximo governo terá que definir sobre a continuidade dos auxílios que serão implementados no segundo semestre deste ano, além do arcabouço fiscal que será válido à frente, em uma economia emergente com dívida pública alta e juros elevados. Estimamos déficit primário de 0,4% do PIB em 2022 (de resultado zerado, anteriormente), déficit de 1,5% em 2023 (-0,1%, anteriormente), e dívida bruta em 79% e 84% do PIB neste ano e no próximo, respectivamente”, completa.