Ações de Tecnologia: o que fez Warren Buffett começar a investir na Apple?

Conheça os motivos que convenceram o megainvestidor a aplicar grande parte da sua fortuna na gigante de tech

A Apple foi fundada há 46 anos, em 1976, pelo lendário Steve Jobs e seus outros fundadores, Steve Wozniak e Ronald Wayne. Mal eles sabiam que, dessa empreitada, nasceria a empresa mais valiosa do planeta.

Anos depois, o megainvestidor Warren Buffett, que antes não tinha olhos para empresas de tecnologia, deixou o ceticismo de lado para começar a investir na Apple. Hoje, ela é a principal empresa dentro do cobiçado portfólio do norte-americano.

Mas por que será que houve essa mudança de mentalidade e quais os motivos de a Apple ter sido a responsável por abrir esse caminho para Buffett?

O ceticismo de um Buffett tradicional

Warren Buffett é um dos maiores investidores da Bolsa de Valores de todos os tempos, sendo praticante e um dos pioneiros da estratégia de investimentos Buy and Hold (comprar e manter, na tradução literal).

Essa abordagem consiste em fazer investimentos com viés fundamentalista, analisando, com foco no longo prazo, os números, as projeções e os balanços das empresas.

Buffett sempre se afastou do setor de tecnologia devido à sua filosofia primária de avaliar negócios com base no fluxo de caixa e na rentabilidade, entre outros fatores como vantagem competitiva e modelo de negócio sustentável.

Muitas empresas de tecnologia de rápido crescimento carecem de geração de fluxo de caixa no curto prazo, fazendo com que Warren Buffett concentrasse sua estratégia de investimento em setores mais tradicionais, como aéreas, bancos, alimentação e bebidas.

Empresas como Coca-Cola, Kraft Heinz, Bank of America, Mastercard e Visa fazem parte do portfólio de investimentos do megainvestidor. Na visão dele, essas companhias sempre demonstraram mais estabilidade em momentos ruins de mercado com alta volatilidade.

Mas…os tempos mudam

Nos últimos anos, Warren Buffett começou a investir em empresas de tecnologia. Isso faz parte da estratégia da Berkshire Hathaway, veículo de investimentos de Buffett, de se adaptar ao presente e se concentrar em empresas com potencial de gerar valor pelo menos para os próximos 25 anos.

Atualmente, a gestora de Buffett tem participação em várias empresas de tecnologia, incluindo a Amazon, de Jeff Bezos, e tem marcado presença em IPOs recentes no setor, como o da Snowflake (banco digital de dados online).

E a Apple?

Buffet se rendeu também à Apple e, hoje, detém participação de 5% na empresa, quantia hoje superior ao valor de mercado de empresas como Petrobras, uma das empresas mais valiosas no Brasil.

Só como referência, hoje a Apple é avaliada em 2,8 trilhões de dólares, mais do que o dobro do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

Se a Apple fosse um país e essa avaliação de mercado fosse seu PIB, a “marca da maça” seria a quinta maior potência do mundo em 2020, atrás apenas de Estados Unidos, China, Japão e Alemanha.

O investimento de Warren Buffett na Apple vai em linha com sua estratégia de investir em empresas que têm rentabilidade e que são dominantes em seus mercados.

Além disso, a Apple continua tendo potencial de alto crescimento no longo prazo com um modelo de negócios que se mostra sustentável.

No caso, a Apple teve expansão em quase todas as linhas de produto em 2021, exceto pelo seu modelo de tablet, o iPad.

O que aprender com Buffett?

Empresas de tecnologia, as grandes “queridinhas” das Bolsa de Valores nos últimos anos, têm sofrido no Brasil e nos Estados Unidos, ultimamente, considerando o cenário inflacionário e de aumento de juros em ambos os países.

A estratégia de Warren Buffett pode ser útil para o cenário atual de volatilidade, em que o importante é mirar empresas de tecnologia com modelos de negócios sustentáveis, rentabilidade, potencial de crescimento e diferencial competitivo no segmento em que se encontram.

A Apple, investimento da Berkshire Hathaway desde 2016, deve continuar representando um dos grandes aportes e apostas de Buffett dentro do setor de tecnologia para os próximos anos, apesar da volatilidade recente de mercado.

Como diz o próprio Buffett sobre a importância de escolher boas empresas a longo prazo: “Por maior que seja o talento e o esforço, algumas coisas exigem tempo”.

*Texto escrito por Enrico Trotta, CNPI, Analista do setor de Tecnologia no Itaú BBA. Artigo originalmente publicado no Feed de Notícias do íon Itaú. Para ler este e outros conteúdos, acesse ou baixe o app agora mesmo.