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Em momentos opostos, mercado de ações brilha na Argentina e tropeça no Brasil; entenda
Vizinhos geograficamente, Brasil e Argentina não poderiam estar mais distantes quando o assunto envolve as perspectivas para 2025 em seus ambientes de negócios, com destaque para o mercado de ações.
De um lado da fronteira, a maior economia da América Latina vai encerrar o ano com o pior desempenho dentre as bolsas emergentes. Em dólar, o Ibovespa experimenta queda de 26,4%, levando em conta o fechamento de mercado da última quinta-feira (12). É portanto o último colocado em um ranking com 16 mercados: de China e Coréia até Arábia Saudita e México. A lista foi compilada pelo Itaú BBA com exclusividade para a Inteligência Financeira.
Ano difícil para as ações do Brasil
Para 2025, nada sugere melhora para os ativos brasileiros. O pais vai encerrar 2024 com taxa de juros de 12,25%, com expectativa de subir a 15% ao longo do ano que vem.
Assim, o aperto monetário, com certeza, impactará nas empresas. Primeiro, as pequenas e médias. Mas depois deve chegar às grandes companhias, sobretudo as do setor de consumo, que têm suas dívidas atreladas ao CDI.
Argentina: ações com Milei
Mas, ao sul da fronteira, a Argentina encerra o ano na ponta oposta do mesmo ranking, como o mercado que mais cresceu em 2024.
O índice Merval subiu 112,6% no ano, em parte puxado pela valorização do peso em 2024. Mas também houve busca por ações de empresas locais, com o investidor atrás de setores tradicionais como petróleo, bancos e energia elétrica.
Para 2025, a expectativa dos argentinos é de que a política de ajustes do presidente Javier Milei continue trazendo resultados. Como, por exemplo, o controle de inflação, saneamento de gastos e, quem sabe, crescimento econômico. Neste ano, o PIB da Argentina deve encolher 3%.
Estrangeiros estão de olho
No hoje diminuto mercado financeira de Buenos Aires, os traders e especialistas acendem velas na Basílica de Luján para que o Merval volte a integrar o MSCI, índice de países emergentes da gestora BlackRock.
O sistema local está fora desse que é o principal ETF de mercados emergentes do mundo. Ninguém conta com essa notícia para 2025. Mas com sinalizações positivas para 2026. O grosso das apostas é de que isso possa acontecer em até 18 meses.
Segundo estimativa do J.P. Morgan, o retorno da Argentina ao MSCI pode trazer US$ 2 bilhões para o mercado local. Segundo um investidor argentino, hoje o pais não teria papéis para todo esse dinheiro. A Argentina tem seis empresas grandes e elas não negociam nesse patamar.
Ações e política caminham juntas
Daniel Gewehr, estrategista-chefe de ações do Itaú BBA, chama a atenção para o fato de que a presença da Argentina na liderança e do Brasil na lanterna do ranking está relacionado ao cenários políticos e fiscais dos dois países. Hoje, segundo ele, antagônicos.
“Principalmente na ponta de baixo, os piores mercados emergentes foram Brasil, México e Coréia. Se reparar, são todos países que tiveram algum nível de incerteza política”, afirma.
A Argentina, pelo contrário, vive expectativa positiva. “O risco para Milei pode ser as eleições de meio de mandato. Mas isso não está ainda no preço”, ele diz.
Outro ponto importante é que além da liderança no ranking em 2024, a Argentina já havia terminado em primeiro em 2023 e em 2022. No ano passado, foi muito em função de um rali que começou com a renegociação do pais com o FMI. E, depois, com a eleição de Javier Milei.
Em 2022 também foi um rali de fim de ano, com o mercado já precificando um possível novo governo. “Os mercados começam a precificar isso entre um ano e seis meses antes”, diz Daniel Gewehr.
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