Comprar ações no exterior vale a pena?

Investir em ativos de fora do Brasil é opção para quem busca diversificar portfólio

Você já pensou em comprar ações no exterior? A depender do seu perfil de investidor e dos seus objetivos, pode ser uma opção interessante, pensando na diversificação de seu portfólio.

Primeiramente é preciso conhecer os riscos. Você também precisa estar sempre atento à variação do câmbio e estudar bastante o tema, entre outros fatores.

A seguir, confira se comprar ações no exterior é uma boa para você.

Como comprar ações no exterior?

Se você deseja investir diretamente em ações internacionais, é necessário abrir uma conta no exterior.

Você pode fazer isso por meio de uma corretora que faça movimentações em território estrangeiro.
Após o seu cadastro, é necessário enviar o dinheiro para a conta. Sendo assim, você deve ter em mente que essa transação é feita com base na variação cambial.

“O investidor deve estar atento a ter uma conta coberta pelo mecanismo de garantia do SIPC, que funciona como o FGC no Brasil. Outro ponto importante é pesquisar as tarifas cobradas pelas empresas que oferecem contas de investimento nos Estados Unidos”, destaca Celso Pereira, diretor de Investimentos da Nomad, que oferece o serviço a seus clientes.

O SIPC (Securities Investor Protection Corporation) é uma entidade que garante aos investidores americanos a posse dos seus ativos no caso de as corretoras ligadas a estes fecharem. Sua atuação se dá no sentido de permitir que o investidor tenha acesso ao título, à ação ou à quantia em dinheiro que possuía na corretora.

Outro ponto importante para se atentar é que, ao fazer a transferência de valores, há a cobrança do Imposto sobre Operações de Crédito (IOF). Nesse sentido, você deve estar atento às operações realizadas, porque essas cobranças adicionais podem impactar na rentabilidade de seus investimentos.

Por que comprar ações no exterior? 

Quando o tema é investimento, diversificação é a palavra-chave para ter bons resultados, de acordo com os analistas financeiros.

Nesse sentido, os investimentos em ações no exterior podem ser uma boa alternativa, dependendo do seu perfil.

A seguir, confira quais as vantagens e desvantagens de investir em ações lá fora. 

Vantagens

Diversificação

O investidor conta com mais proteção em momentos de volatilidade ao diversificar suas aplicações. Em períodos de queda forte do mercado brasileiro, o dólar costuma se apreciar em relação ao real, por exemplo. Sendo assim, a exposição a uma moeda mais forte acaba suavizando as perdas domésticas.

Além disso, caso aconteça alguma coisa muito grave no país de origem, essa parte do patrimônio que está fora no exterior fica segura com relação ao risco doméstico.

Exposição a moedas mais fortes

Investir em ações no exterior dá acesso a moedas mais fortes. Caso você more em um país em que a economia é emergente, como o Brasil, mas você gostaria de investir em uma economia desenvolvida, há a possibilidade de mudar a divisa que denomina o seu patrimônio.

Nesse sentido, a exposição em moedas fortes contribui para que o poder de compra do investidor não se perca.

Acesso a grandes mercados

Outra vantagem é ter acesso a mercados e economias maiores e maduros, que geralmente contam com mais opções de investimentos que o país de origem.

Desvantagens

Um ponto negativo que pode impactar diretamente os investimentos é o câmbio e as taxas cobradas na hora de converter o dinheiro. Além disso, há algumas classes de ativos disponíveis para apenas alguns investidores ou fundos.

Outra desvantagem é o impacto da volatilidade do mundo. Por exemplo, se o investidor se expor à Bolsa chinesa, ele vai estar exposto à volatilidade da China, que talvez você não tenha tantas informações a respeito.

Por conseguinte, caso você decida investir em ações no exterior, é importante ter um especialista atento e munido de muita informação para realizar esse tipo de gestão.

Quais são as melhores ações para comprar no exterior?

A melhor forma de investir em ações no exterior é diversificar, tanto os setores quanto as empresas investidas, defende Celso Pereira, diretor de Investimentos da Nomad, porque “a economia está em constante adaptação e mudança”.

“Por exemplo, quando olhamos para as empresas do índices S&P500 (500 maiores empresas dos EUA negociadas na bolsa de valores), o setor de consumo discricionário amarga uma perda em 12 meses de (-) 19,7%. Todavia, nesse mês de janeiro de 2023, houve uma melhoria no otimismo dos mercados, e esse mesmo setor de consumo discricionário foi o campeão de ganhos no mês, com alta de 15,1%”, exemplifica Pereira.

Nesse sentido, defende ele, o ideal é apostar em diversificação setorial e de empresas, evitando exposição demasiada em um único setor ou empresa.

Guilherme Zanin, analista da corretora Avenue, destaca que, alguns setores que ficaram às margens em 2022 e que sofreram um pouco mais, como o setor de tecnologia, mostram agora uma certa recuperação. 

“Temos ouvido falar um pouco mais nos setores de tecnologia da informação e de inteligência artificial. Nessa área, temos exposição a ativos que trabalham exclusivamente com isso, não só a Microsoft, mas também empresas que são praticamente small caps e start ups buscando trabalhar com esse tipo de empresa, que caiu nas graças dos investidores”, pontua o analista.

Diferença de ações no exterior e BDRs

Desde o final de outubro de 2020, todos os investidores brasileiros podem negociar recibos de ações de empresas estrangeiras, conhecidos como BDRs (Brazilian Depositary Receipts). Anteriormente, isso só era possível para pessoas com mais de R$ 1 milhão em aplicações financeiras.

BDR é uma forma de acessar do Brasil as melhores empresas do mundo, como Apple, Google e Coca-Cola, sem que seja preciso comprar ações nas bolsas nas quais são listadas no exterior. 

É importante salientar que comprar um BDR e adquirir diretamente a ação são coisas diferentes.

Um BDR é um ativo no Brasil que possui como lastro ações negociadas na bolsa americana.

Sendo assim, podemos entender o BDR como sendo um fundo que possui as ações de uma única empresa em seu portfólio de investimento.

Todavia, para o pequeno investidor, nem sempre é fácil investir diretamente em ações como Apple, Disney, Google e Facebook. Desta forma, o investimento simplificado via BDR se torna uma ótima alternativa.

Quais são os direitos de quem investe em BDR?

O investidor que compra um BDR não possui os mesmos direitos de quem possui a ação propriamente dita. Se o acionista busca os direitos que a ação possui, a opção deve ser a compra direta da ação, que deve ser feita mediante abertura de conta em uma corretora que permite negociação de ativos na NYSE ou Nasdaq, por exemplo.

A opção por BDRs é recomendada a investidores que buscam aumentar seu portfólio por meio de empresas com qualidade mundial, sem aumentar a exposição nas empresas que já estão em sua carteira no Brasil.

A ideia, nesse caso, é aumentar a diversificação em ativos e moeda (dólar) sem precisar passar por toda a burocracia e custos do investimento direto nos EUA.

Vale lembrar que, ao comprar um BDR, não se escapa das tributações pertinentes a este tipo de ativo. Sendo assim, você estará adquirindo um ativo cotado em dólar e exposto às variações de câmbio.

Declaração de ações no exterior no Imposto de Renda

É necessário declarar no Imposto de Renda os ganhos provenientes de investimentos no exterior para a Receita Federal, como as ações compradas fora do Brasil, além de pagar imposto.

Eles podem ser obtidos em duas situações: ganho de capital e rendimentos ou dividendos.

Quem não possui mais residência no Brasil e já comunicou e preencheu a declaração de saída do país não precisa se preocupar com o Leão.

Quem vive no Brasil e possui investimentos no exterior, entretanto, é obrigado a declarar seus ganhos e pagar o IR.