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‘Eterno dia da marmota’: a visão do JPMorgan para as ações brasileiras
Mesmo em um cenário em que os valuations de ações brasileiras e mexicanas estejam atrativos, a visão do JPMorgan é que o momento parece mais propício para dar o “benefício da dúvida” ao México.
O banco avalia que há um eterno “dia da marmota” no Brasil – expressão utilizada para descrever a sensação de se viver a mesma situação várias vezes.
Não à toa, a casa preferiu elevar a recomendação no mercado acionário mexicano para overweight (acima da média de mercado). Bem como rebaixar a alocação em Brasil de overweight para neutra.
“Demos ao México o benefício da dúvida, mas acompanharemos de perto os desenvolvimentos. Especialmente no lado da reforma institucional, que continua a ser o principal risco, na nossa opinião”, afirmou a equipe liderada por Emy Cherman, em relatório.
Ações brasileiras: JPMorgan corta recomendação
Já do lado brasileiro, a equipe de analistas do JPMorgan reforçou as preocupações com a política fiscal. E disse que é bastante “ambicioso esperar mudanças estruturais que permitam a estabilização da dívida pública no Brasil em um futuro previsível”.
Os especialistas lembram que as mudanças anunciadas pelo governo no pacote de corte de gastos precisarão de aprovação do Congresso. O que a casa vê como difícil para esta época do ano. Isso sem contar que há chance de desidratação das medidas.
“No momento em que algo for aprovado, o esforço provavelmente será diluído. A história do Brasil ao olhar ‘de cima para baixo’ carece de gatilhos de curto prazo, em nossa opinião”, resumiram os especialistas.
México x Brasil
Segundo a equipe, a alteração feita nas recomendações para ações brasileiras e mexicanas se baseia em três pontos: o cenário global que tende a favorecer o México; o descompasso nos ciclos monetários, com o Brasil elevando as taxas de juros e o México afrouxando; e a avaliação de que o novo governo mexicano ainda não mostrou a que veio.
No caso mexicano, os especialistas do banco explicam que há uma correlação entre a produção industrial mexicana e a americana. E que o bom crescimento da economia dos Estados Unidos ajuda a apoiar os consumidores mexicanos por meio das remessas feitas ao país.
Os profissionais da casa também dizem ver um baixo risco de que haja uma ampliação das tarifas de importação contra o México para além do que já foi ventilado.
Na última segunda-feira (25), o presidente americano eleito Donald Trump disse que pretende impor uma tarifa de 25% contra produtos do Canadá e México. Isso até deter o que chamou de “invasão” de drogas e de “imigrantes ilegais”.
Já no caso brasileiro, os especialistas do JPMorgan dizem que um crescimento mais lento da China tende a ter impactos no Brasil por meio da redução nos preços de commodities. “O que poderia prejudicar os fluxos globais para mercados emergentes, especialmente aqueles considerados ‘China proxies’.”
O lado bom, porém, é que o impacto potencial da imposição de tarifas à China ao Brasil poderia ser mais suave, na visão da casa.
“Nossos economistas mostraram que, desde que os EUA começaram a impor tarifas à China, esta última desviou suas compras de commodities para o Brasil, considerando que o Brasil e os EUA são grandes produtores de soja, milho, carne bovina etc.”
Juros aqui e lá
Os analistas também olharam com preocupação o descompasso entre os ciclos monetários no Brasil e no México. Segundo eles, a expectativa é que o Comitê de Política Monetária (Copom) eleve as taxas de juros no Brasil para o nível de 13% até maio de 2025.
Ao mesmo tempo, a casa prevê que o banco central mexicano irá continuar o ciclo de afrouxamento monetário até trazer as taxas para 9% em maio de 2025.
“Ainda assim, as taxas mexicanas têm um impacto muito menor nos mercados de lá, considerando que o nível de crédito é pequeno, especialmente quando comparado ao Brasil, tanto do ponto de vista corporativo quanto do varejo”, observaram.
Apesar de estar com uma visão neutra para as ações brasileiras, os analistas do banco afirmaram que possuem uma perspectiva acima da média de mercado para alguns papéis, como Eletrobras, Sabesp, Itaú, Porto Seguro, Stone, Nu, Raia Drogasil e JBS.
Por outro lado, a casa está com uma recomendação “underweight” (abaixo da média de mercado) para papéis de commodities, ainda que goste de Suzano.
Com informações do Valor Econômico
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