Rendimento da poupança ultrapassa inflação; vale investir para daqui 1 ano?

Com o recente arrefecimento da inflação no país, o dinheiro deixado na caderneta não está mais perdendo valor dia a dia. No ano, até agora, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial do país, está em 4,09%, enquanto o rendimento da poupança foi de 5,76%. Ou seja, quem colocou R$ 1 mil na caderneta no início do ano tem R$ 1.057,60, enquanto o valor corrigido pela inflação é de R$ 1.040,09. Portanto, o rendimento da poupança, em valores atualizados, foi de R$ 17,51.

Mas o que dá para esperar para daqui a um ano? É hora de investir na poupança?

Como a poupança é calculada

O rendimento da poupança é calculado a partir de uma fórmula que depende da taxa básica de juros do país, a Selic. Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, a caderneta rende 0,5% ao mês mais TR (taxa refefrencial, que é calculada diariamente pelo Banco Central). Por outro lado, quando a Selic está abaixo de 8,5% ao ano, rende 70% da Selic.

O que esperar do rendimento da poupança

Neste momento, com a Selic em 13,75% ao ano, está valendo a primeira forma de calcular. O mercado financeiro não prevê nenhuma mudança da taxa na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) destas terça (25) e quarta-feira (26), espera que a Selic se mantenha nesse nível até o final de 2022 e logo depois comece a ser reduzida, terminando 2023 em 11,25% ao ano, segundo a pesquisa semanal Focus, do BC. Assim, a fórmula de cálculo provavelmente continuará a mesma até outubro do ano que vem.

Além disso, a mesma pesquisa Focus projeta um aumento da inflação até o final de dezembro. O IPCA, segundo essas previsões, deve terminar 2022 em 5,6% ao ano. Para 2023, volta a cair, chegando a 4,94% em dezembro. Portanto, considerando as projeções atuais, a poupança tende a encerrar este ano perdendo da inflação e volta a ganhar um pouco em 2023, conforme os preços forem desacelerando.

Entretanto, essa não é a melhor resposta para a pergunta sobre quão interessante, como investimento, a poupança vai ser daqui para a frente. Porque a poupança não é um investimento.

Poupança versus CDI e Bolsa

A caderneta de poupança está mais para uma conta corrente remunerada. De acordo com uma pesquisa interna do banco Santander Brasil citada em reportagem do Valor Investe, quase metade dos clientes da poupança faz mais de quatro movimentações por mês. Isso indica que está sendo usada para gerenciar o fluxo de caixa normal dos recursos das famílias e reservar um pouco do seu orçamento.

“Existe uma diferença entre poupar, que é guardar dinheiro, e investir”, diz Carlos Castro, especialista da Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro), responsável pelos cálculos apresentados nesta matéria. “A poupança é uma forma de o brasileiro que não está acostumado a investir comece a guardar dinheiro. Para essa finalidade, funciona muito bem”.

Conforme avança no hábito de economizar, o cliente da poupança deve procurar outras aplicações para de fato passar a investir.

A alternativa mais simples, também bastante segura, é o CDI, que está ao alcance de todo cliente com conta no banco. Afinal, seu rendimento é o da taxa de juros cobrada pelos bancos nos empréstimos entre si, e acompanha a variação da Selic. Para quem avança algumas casas na jornada de investimentos, há opções mais sofisticadas (e arriscadas) como a Bolsa de Valores.

Neste ano, até o momento, o CDI teve melhor desempenho em relação ao rendimento da poupança, de 8,91%, enquanto o Ibovespa, índice de referência do mercado acionário brasileiro, subiu menos, 5%.

No médio e no longo prazo é que se vê a vantagem dessas aplicações sobre a caderneta. Nos últimos 12 meses, a poupança rendeu 7,14%, enquanto o CDI teve retorno de 10,95% e o Ibovespa perdeu 0,93%. Em 24 meses, o rendimento da poupança foi de 9,27%, contra 14,27% do CDI e 17,65% da Bolsa.

Compare os rendimentos de CDI, Bolsa e poupança

A perspectiva de manutenção da Selic em 13,75% ao ano permite prever que o CDI vai continuar batendo a poupança nos próximos meses. O comportamento da Bolsa como um todo é difícil de projetar, mas análises de empresas e ações específicas permitem encontrar as com maior potencial de ganho no médio prazo.