Por que investir em renda fixa no exterior se aqui no Brasil a taxa é maior?

Conversamos com especialistas que responderam essa questão, além das vantagens e desvantagens de investir no exterior nesse tipo de produto

Existem vantagens e desvantagens na hora de investir em renda fixa no exterior, e a gente te mostra cada um deles - (Foto: Unsplash)

Na hora de investir em renda fixa no exterior, é importante, claro, entender quais são as taxas de juros utilizadas pelo país no momento da contratação. E é na hora de fazer essa análise que fica perceptível que os índices usados por aqui são maiores do que os praticados em outros lugares.

Aí, vem a seguinte dúvida: por que investir em renda fixa no exterior se aqui no Brasil a taxa é maior? Pois saiba que você não está sozinho nessa dúvida. Afinal de contas, aqui na redação, a gente também se questionou a respeito, e claro, fomos atrás da resposta.

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E como nós buscamos trazer o conteúdo sempre o mais completo possível, fomos além. Também perguntamos para os especialistas quais são as vantagens e desvantagens de investir em renda fixa no exterior. Vem que eu te conto tudo!

Por que investir em renda fixa no exterior se aqui a taxa é maior?

Para Lucas Muraguchi, diretor de administração fiduciária na Ouro Preto Investimentos, investir em renda fixa no exterior é bom por conta da proteção cambial. Afinal de contas, o investidor recebe menos juros, mas garante o montante em uma moeda global que está entre as mais seguras do mundo.

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“Sem esquecer, claro, que o credor é o governo norte-americano, que é considerado um pagador mais seguro que o do Brasil, que é um país emergente economicamente e politicamente instável. Tanto que as notas do governo americano são consideradas os investimentos mais seguros do mundo”, afirma.

Já para Fernanda Guardian, sócia-fundadora da Guardian Trust Capital, investir em renda fixa no exterior sendo que aqui a taxa é maior tem como justificativa o fato da rentabilidade nominal ser diferente da rentabilidade real.

Mas, afinal, o que significa isso tudo? “Nominal é o número de quanto que a renda fixa está pagando e a rentabilidade real é o mesmo valor, porém descontada a inflação”, explica Fernanda. Portanto, vale saber que a rentabilidade real vai depender de qual moeda esse investimento está denominado.

“Isso porque, existem moedas mais fracas e moedas mais fortes. O real, por exemplo, pelo fato do Brasil ser uma economia subdesenvolvida, é uma moeda fraca em relação ao dólar americano. Então, a inflação do real é historicamente maior do que a inflação do dólar americano. Desse modo, só olhar a rentabilidade nominal não faz sentido, porque tem que descontar a inflação”, esclarece a especialista.

Vantagens de investir em renda fixa no exterior

E existem vários motivos para investir no exterior. O primeiro deles, claro, é a diversificação. Afinal de contas, dessa forma é possível diminuir o risco do seu portfólio, já que você terá menos ativos atrelados ao Brasil.

“Há, ainda, a vantagem da exposição do capital à moeda forte. Afinal de contas, agora é possível ganhar rendimentos em dólar, por exemplo, e ganhar também com a valorização da moeda”, pontua Charlles Franklin Duarte, professor de matemática financeira, estatística e finanças do Centro universitário Uniateneu, em Fortaleza.

Para Felipe Spritzer, fundador e CEO da Portfel, empresa de consultoria de investimentos do Grupo Primo, outro ponto interessante da renda fixa no exterior é o acesso a diversos instrumentos financeiros. “Em mercados internacionais, o investidor pode encontrar uma variedade maior de produtos de renda fixa, com diferentes prazos, riscos e rentabilidades, permitindo adaptar a estratégia de acordo com suas necessidades e objetivos, afirma.

Mercado de bonds

Além desses benefícios apontados pelo professor, Fernanda Guardian também apresenta outras vantagens de investir em renda fixa no exterior. São elas:

  • Juros altos nos Estados Unidos, garantindo maior retorno;
  • Possibilidade de ganhar em um cenário de recessão. Afinal, os títulos do governo norte-americano são considerados os mais seguros do mundo, e por isso, as pessoas procuram por esses investimentos em momentos de recessão;
  • O mercado de bonds corporativos (debêntures) no exterior é muito mais maduro e sólido.

“Sobre bonds, o que que acontece é que o mercado de debêntures aqui no Brasil não tem muita liquidez. Por outro lado, lá fora, o mercado é mais maduro e tem maior liquidez e opções de investimento”, comenta.

A especialista ainda dá um exemplo. “O investidor conservador pode comprar títulos de dívidas de empresas consolidadas estrangeiras e que são consideradas praticamente livres de risco, como Citibank, J.P. Morgan e bancos americanos que estão aí há muitos anos no mercado.”

Além disso, ainda segundo Fernanda, o investidor consegue acessar bonds de empresas brasileiras, que é uma renda fixa nos Estados Unidos, só que emitidos em dólar. “Então, algumas companhias, como por exemplo Vale (VALE3), Suzano (SUZB3) e Petrobras (PETR4), que são empresas muito grandes aqui no Brasil e que tem uma classificação de risco muito boa, acabam se tornando muito úteis para o investidor conservador”, acredita.

Desvantagens de investir em renda fixa fora do Brasil

Mas como nem tudo são flores nesse mundão, a aplicação financeira em ativos no exterior também possui seu lado não tão positivo. “O investidor pode acabar realizando o câmbio, tanto na compra quando na venda, em momentos desfavoráveis”, afirma Lucas Muraguchi.

Sem esquecer que outra desvantagem de investir em renda fixa no exterior está na complexidade tributária. “Isso porque, o investidor precisa ter muito cuidado na hora de declarar esses investimentos. Então, é preciso aferir e apurar o imposto corretamente para não correr o risco de ter bitributação, já que a renda fixa está lá fora. O investimento é tributado de um jeito no exterior e aqui de outra maneira”, analisa Fernanda.

Nessa mesma frente de custos e taxas, Felipe Spritzer lembra que investir no exterior pode envolver custos adicionais, impostos e despesas de transação. “Esses custos podem reduzir a rentabilidade líquida do investimento”, conta.

Além disso, o especialista fala sobre as possíveis barreiras culturais e de idioma. “O que pode dificultar o acesso a determinadas oportunidades de investimento e a compreensão dos detalhes dos produtos financeiros disponíveis”, acrescenta.

Como investir em renda fixa no exterior?

Pedimos para que Muraguchi fizesse um pequeno passo a passo para você entender como aplicar seu dinheiro em renda fixa fora do Brasil. Veja só.

  1. Abra uma conta em uma corretora de investimentos confiável que ofereça ativos de renda fixa no exterior.
  2. Transfira o dinheiro para sua corretora.
  3. Faça a operação de câmbio (que pode ser realizada dentro ou fora da corretora).
  4. Estude e escolha quais ativos quer comprar.
  5. Por fim, compre e acompanhe, periodicamente, o avanço dos produtos escolhidos.

Principais ativos da renda fixa fora do Brasil

Ficou interessado em investir no exterior? Então, confira algumas opções de produtos da renda fixa.

Bonds: títulos de dívida emitidos por empresas na moeda estrangeira. No Brasil, o título é equivalente às debêntures.

Time Deposit: neste caso, o valor serve de empréstimo para instituições financeiras.

Treasuries: o dinheiro investido é emprestado ao governo norte-americano, que o devolve com juros. O US Treasury é considerado um dos ativos mais seguros do mundo e dentro desse grupo existem três perfis, que são:

  • Treasury Bills: títulos de renda fixa da dívida pública norte-americana de curto prazo com alta liquidez, com vencimentos de 4 a 52 semanas;
  • Treasury Notes: títulos de renda fixa da dívida pública norte-americana de médio prazo com alta liquidez, com vencimentos de 2 a 10 anos;
  • Treasury Bonds: títulos de renda fixa da dívida pública norte-americana com de longo prazo com alta liquidez, com vencimento de 30 anos.

Partiu, renda fixa no exterior

E aí, viu só os motivos pelos quais você pode investir em renda fixa no exterior se aqui no Brasil a taxa é maior? Agora, é com você, querida leitora e querido leitor. Analise, com cautela, cada produto que quer aplicar o seu dinheiro. E claro, verifique se o investimento está de acordo com o seu perfil e objetivos futuros.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.

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