Queda dos juros em várias partes do mundo: é hora de investir no exterior?

Analistas explicam se vale a pena tirar parte do dinheiro do Brasil neste momento

Como você deve ter lido aqui na Inteligência Financeira, a nossa taxa de juros, a Selic, vem tendo cortes constantes nas últimas reuniões do Copom. E esse caminho não ocorre somente por aqui. Outros países já começaram o movimento de corte de juros. Nos Estados Unidos, por exemplo, a perspectiva é que o Fed comece a reduzir a taxa em maio. E aí, para quem pensa em investimento no exterior, a dúvida é: será que é o momento para alocar parte do dinheiro em ativos internacionais?

Para responder essa questão, conversamos com Marcos Saravalle, analista CNPI-P e sócio-fundador da Sara Invest e William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue e colunista da Inteligência Financeira. Os dois especialistas trouxeram seus pontos de vista sobre investir no exterior. Este assunto, aliás, é tema constante por aqui. E mais: os especialistas pontuaram quais podem ser bons investimentos fora do país nessa situação.

Queda de juros: é hora de fazer investimento no exterior?

Para responder essa questão, Marcos Saravalle inicia o raciocínio dando um passo para trás. “Vamos, então, olhar o desempenho de S&P 500 e do Ibovespa no ano passado. Ambos tiveram resultados muito bons. Mas a bolsa americana teve um desempenho espetacular. Então, essa diversificação com investimentos no exterior é muito saudável para a gente correr riscos diferentes”, argumenta o analista.

William Castro Alves concorda. De acordo com o estrategista-chefe, ao diversificar o risco geográfico, você não fica preso ao que acontece somente em um único país. “Ainda mais no caso do Brasil, que possui uma economia, de certa forma, instável”, comenta.

Mais opções para investir no exterior

Sem esquecer que ao alocar parte do patrimônio em ativos estrangeiros, você tem mais oportunidades. Afinal de contas, o Brasil representa apenas 1% do mercado global. “Então, eu acho que, independentemente do cenário de juros para cima ou para baixo, o investidor deveria ter sim uma parcela alocada fora do país”, acredita o estrategista-chefe da Avenue.

Bons investimentos no exterior

Portanto, mesmo com as taxas de juros caindo, o momento continua sendo propício para investir fora do Brasil. O difícil, a gente sabe, é definir qual produto é o melhor. Para isso, claro, vai sempre valer a premissa de analisar com cautela e escolher aquele ativo financeiro que mais tenha relação com seu perfil de investidor e com seus objetivos.

Mas, ainda assim, os nossos especialistas pontuaram alguns investimentos no exterior que são bem interessantes para os investidores brasileiros. E sabe qual produto segue em alta, mesmo com os juros em tendência de queda? Os títulos de renda fixa.

Isso porque, ainda é possível conseguir boas taxas. Afinal, grande parte dos investimentos nos Estados Unidos são prefixados.

“Desse modo, você consegue contratualizar essa taxa por um período que pode variar de 1 ano até 30 anos. Então, vamos supor que o investidor contratualizou hoje um produto da renda fixa norte-americana a uma taxa de 4,5% ao ano. Se os juros eventualmente cederem e a taxa básica americana voltar para os patamares que esteve até no passado recente, esse título contratado se valorizará”, explica William Castro Alves.

O estrategista-chefe continua sua linha de raciocínio. “O que acontece é que o produto pagará uma remuneração bem maior do que a média do mercado. É o que a gente chama de marcação a mercado. E você poder sair com um ganho. Por isso, pode ser uma forma de investir e aproveitar desse cenário de juros baixos. Ou seja, contratualizando taxa de renda fixa por meio dos bonds”, ensina.

Mais opções

Alves aponta ainda mais dois investimentos no exterior que podem ser interessantes mesmo com os juros caindo. “A segunda opção seriam os fundos de investimento. Mas claro que um fundo em que você tem um gestor profissional fazendo a gestão”, pontua.

Além disso, uma terceira opção de investimento no exterior são os ETFs. “Considero uma das maneiras mais baratas de aplicar dinheiro fora do país. Isso no sentido de preço. Afinal de contas, você consegue com US$ 50, por exemplo, comprar cotas de um ETF ou ações de ETFs”, comenta o estrategista-chefe.

Então investir fora com juros baixos é recomendado?

Como você percebeu, aplicar parte do patrimônio em ativos fora do país é bastante recomendado pelos especialistas. E mesmo com a taxa de juros caindo.

“Eu como estrategista sugiro que todos nós devemos ter uma parcela mesmo que pequena de investimentos dolarizados. Seja aqui no Brasil ou principalmente lá fora. Não precisa correr risco, não precisa ir necessariamente investindo em ações. Existem muitas opções com baixo risco”, finaliza Marcos Saravalle.

Para saber com ainda mais detalhes onde e como investir no exterior, leia nossa reportagem Como investir no exterior? Te mostramos o que fazer, vantagens e riscos.