Tesouro Direto americano: qual é o retorno? Vale a pena investir em títulos públicos dos EUA agora?
- O Tesouro Direto americano ainda é vantajoso mesmo com a queda dos juros nos EUA.
- Com títulos rendendo em torno de 5%, especialistas recomendam diversificação de prazos e perfil de investidor experiente.
Muitos brasileiros entraram em contato com o Tesouro Direto americano no ano passado, por conta da possibilidade de ganhos devido aos juros altos nos Estados Unidos. O cenário mudou em 2025, mas, de acordo com os especialistas, o momento ainda é oportuno para entrar na renda fixa dos EUA.
A seguir, entenda o cenário para investir, saiba qual o retorno do Tesouro Direto americano e se vale a pena alocar recursos nesse no ativo agora.
Mercado de renda fixa americana
De acordo com a planejadora financeira do C6 Bank Larissa Frias, observou-se, no ano passado, uma alta dos prêmios dos Treasuries no primeiro semestre, com dados nos EUA de uma inflação ainda muito pressionada, principalmente no setor de serviços.
Além disso, o período foi marcado por muita incerteza com relação à possibilidade de cortes de juros. Assim, afirma a especialista, os preços alcançaram um patamar em torno de 5% de prêmio para os títulos de 10 anos e consequentemente para outros prazos, que tiveram uma alta expressiva. Aliás, saiba como investir no Tesouro Direto americano e quanto você pode ganhar com ele.
“Nesse período, muitos investidores tiveram o primeiro contato com esses produtos. No segundo semestre de 2024, a gente observou uma queda expressiva no rendimento, chegando na casa de 3% para o ativo. Foi quando a gente conseguiu vislumbrar os primeiros movimentos de queda de taxa de juros nos Estados Unidos”, lembra a planejadora financeira.
Porém, a partir da mudança do cenário eleitoral no final do ano passado, com o “Trump Trade” -precificação pelo mercado da vitória do republicano -, a curva se inverteu, voltando a subir de novo.
“Então, os prêmios voltaram a subir. O Treasury de 10 anos, por exemplo, voltou a alcançar o patamar de 5%”, pontua Larissa.
Vale a pena investir no Tesouro Americano? Qual é o retorno?
Engana-se, entretanto, quem pensa que o Tesouro Americano deixou de ser interessante no ano passado, com a queda dos juros nos EUA. A especialista do C6 destaca que esses ativos nunca saíram do radar, “até porque os Estados Unidos ainda têm um longo caminho a percorrer no sentido de juros”.
“Mas, naturalmente, hoje a gente vislumbra uma taxa de juros maior do que a de uns três ou quatro meses atrás. O mercado até então via os Estados Unidos terminando o ano com os juros em 3%, agora mira na faixa de 3,75%”, afirma Larissa.
Assim, diz a planejadora financeira, há uma mudança grande no patamar geral. “Isso faz com que exista uma nova janela de oportunidades para os investidores aproveitarem o momento de renda fixa americana. Sim, ainda é vantajoso entrar no mercado do Tesouro Direto americano neste ano”, crava Larissa. Segundo ela, o título de 10 anos, por exemplo, está rendendo hoje na casa de 5%. De novembro para cá, o Treasury com vencimento em dez anos, o mais líquido título de renda fixa dos Estados Unidos, subiu 0,6 ponto percentual.
Como alocar recursos no Tesouro americano?
Ao investir no Tesouro Direto americano, o ideal é que o investidor sempre tenha uma distribuição de prazos, segundo os especialistas.
“Como a gente está falando especificamente do Tesouro Direto americano, o ideal é que haja uma diluição com relação aos prazos. Isso porque a gente ainda tem muita incerteza quando olhamos para frente. A política do novo governo de Trump traz ainda algumas incertezas, principalmente sobre quais políticas vão ser aprovadas ou não”, afirma Larissa.
Ela salienta que há expectativa de que algumas das medidas adotadas gerem mais inflação. “Isso faz com que a taxa de juros fique num patamar mais alto. Alguns analistas especulam que possa não haver corte de juros neste ano, apesar de o mercado ainda falar em dois cortes. Mas o fato é que ainda existem muitas incertezas”, contextualiza a planejadora financeira do C6.
“Dentro de casa, concentramos no médio prazo, de três a cinco anos: isso é o que a gente recomenda para esse produto. É onde a gente vê um risco-retorno mais interessante”, destaca a especialista.
Perfil de investidor
Sobre o perfil de investidor, os títulos de renda fixa do Tesouro Direto americano acabam sendo adequados para todos os perfis, desde o conservador até o mais agressivo, conforme Larissa Frias.
“Porém, faço aqui uma boa ressalva. Olhando para o investidor brasileiro, o título americano representa investimento fora do país. Então, naturalmente esse investidor brasileiro vai ter que considerar a variação cambial e um prazo mais longo do que ele consideraria normalmente para os investimentos locais”, diz ela.
Então, costuma-se indicar investimentos fora do país para perfis mais experientes e arrojados, mesmo olhando puramente para a renda fixa.
“Isso por conta do risco cambial e da própria expectativa de prazo que tende a ser um pouco mais longa quando a gente aloca o recurso fora do país. Assim faz sentido a gente buscar uma expertise maior, um arrojo maior para esse perfil de investidor”, reforça Larissa,
Objetivos
Os objetivos para os investimentos no Tesouro Direto americano podem ser os mais variados possíveis. “Pode ser uma alavancagem de rendimento no portfólio ou um objetivo específico. Os objetivos podem ser super variados, desde que contemplem um prazo mais longo, para que o investidor possa ter essa oscilação, que, mesmo na renda fixa, pode acontecer”, diz a planejadora financeira.
De acordo com ela, o comportamento vai ser um pouco diferente do da renda fixa tradicional brasileira. “O investidor vai ter oscilações nesse ativo muito maiores do que as dos investimentos locais. Então, aqui, pede-se um prazo maior e também um pouco mais de perfil de risco, para que o investidor não tenha nenhum tipo de desconforto”, pondera Larissa.
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