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Wegovy, o novo Ozempic, já está sendo vendido: é possível ganhar dinheiro com a fabricante Novo Nordisk?
O Wegovy, medicamento para combater a obesidade, já começou a ser vendido nas farmácias brasileiras. O preço do remédio pode chegar a R$ 2.596,67, valor máximo cobrado e determinado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). Promessa de alto faturamento para as farmácias e mais ainda para a fabricante, o laboratório dinamarquês Novo Nordisk também é detentor da patente do Ozempic. O sucesso de vendas deste último fez a Novo Nordisk se tornar a empresa com maior valor de mercado na Europa. E mais ainda: o faturamento da companhia é maior do que o próprio PIB (Produto Interno Bruto) da Dinamarca.
Mas será que é possível para o investidor pegar carona e faturar com o sucesso da Novo Nordisk? A resposta é sim. Veja como a seguir.
Wegovy e Ozempic, as minas de ouro da Novo Nordisk
O Wegovy é o primeiro remédio voltado ao combate à obesidade comercializado no país, já que o “irmão” Ozempic, que tem sido utilizado para este fim, não é propriamente um medicamento para perda de peso, mas sim para tratamento da diabetes.
Este uso “off label” (fora da recomendação da bula) do Ozempic no mundo, no entanto, fez com que o laboratório Novo Nordisk se tornasse a empresa mais valiosa da Europa, ultrapassando a francesa LVMH, dona de várias marcas de luxo, como Louis Vuitton e Dior.
De acordo com o ranking atualizado pelo site Companies Market Cap na terça-feira (30), a Novo Nordisk ocupa a primeira posição entre as companhias europeias e o 14º lugar no ranking mundial, com valor valor de mercado de US$ 577,8 bilhões.
Enquanto isso, a LVMH, do bilionário Bernard Arnault, ocupa a segunda posição na Europa e o 27º lugar no ranking mundial, com US$ 352,5 bilhões. A empresa mais valiosa do mundo é a norte-americana Apple, com valor de mercado de US$ 3,355 trilhões.
Mercado de US$ 150 bilhões
Em um estudo denominado “Alquimia do Peso”, a Kinea, gestora de investimentos ligada ao banco Itaú, avalia o quão dramático é o problema da obesidade no mundo e como é promissor o mercado de remédios para combater este mal, como o que atua a Novo Nordisk.
Os números não deixam dúvidas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente existem cerca de 760 milhões de adultos obesos no mundo. Na trajetória de crescimento atual, a Federação Mundial de Obesidade estima que, em 2030, teremos cerca de 1 bilhão de adultos obesos no mundo. Atualmente, países como os Estados Unidos têm mais de 40% da população nesta condição. No Brasil, 30% da população já é obesa.
De acordo com Mariana Campos, analista de equity research da Kinea, já faz tempo que a empresa investe neste segmento, justamente por acreditar no potencial de crescimento desse setor.
“O que dá valor para um mercado é a escassez: se um produto é escasso, ele ganha valor. E esse produto (Wegovy) é extremamente escasso. Hoje em dia, as pessoas nos Estados Unidos não encontram nas farmácias o Ozempic, o Wegovy ou o Monjauro (remédio similar ao Ozempic fabricado pela empresa Eli Lilly, ainda não comercializado no Brasil). A Novo Nordisk não sabia que a demanda ia ser tão grande e não se preparou para isso. E mesmo sendo muito caro, há uma demanda enorme pelo produto. Por isso, vemos que há um imenso potencial de crescimento, com expectativa de que este mercado atinja, em 2030 um mercado de US$ 150 bilhões”, explica.
O analista da Levante Inside Corp Gerson Brilhante concorda. “O mercado de medicamentos contra a obesidade está crescendo rapidamente devido ao aumento global da obesidade e ao desenvolvimento de novas terapias eficazes. Estima-se que, em 2030, com a crescente conscientização sobre os riscos da obesidade e a busca por tratamentos inovadores, esse setor apresente oportunidades atraentes para investidores, pois o mercado continua a expandir e a inovar”, diz.
Vale a pena investir na Novo Nordisk?
Os especialistas consultados acreditam que sim, mas que também é preciso considerar alguns riscos.
Yong Cho, sócio e analista da GeoCapital, gestora focada no mercado internacional, vê bastante potencial na Novo Nordisk, mas avalia que esta não deve ser considerada uma aposta de curto prazo para o investidor. “É um investimento de longo prazo, de no mínimo cinco anos”.
Cho explica que ainda existem gargalos que precisam ser superados, e que este não é um processo rápido, avalia. Dentre estes gargalos, ele cita o alto custo do medicamento, que acaba sendo proibitivo, além do fato de poucas seguradoras nos Estados Unidos cobrirem esse tratamento. Segundo Cho, a Novo Nordisk tem atuado para que as seguradoras passem a cobrir o custo do medicamento, procurando demonstrar que seu uso resulta em economia de longo prazo para as empresas, já que tende a diminuir os problemas de saúde ocasionados pela obesidade, tais como problemas cardiovasculares, diabetes ou hipertensão, por exemplo.
Incertezas sobre Novo Nordisk
Mariana Campos, da Kinea, acredita que as ações da empresa já se valorizaram bastante. Mas ainda há algumas incertezas. “A primeira delas é a dúvida se a empresa vai conseguir produzir mais e fazer mais vendas no curto prazo. Outro ponto é que a chegada de novos concorrentes diretos ao mercado. Um deles é a Roche, que já tem um medicamento bastante promissor sendo desenvolvido e que deve entrar no mercado em 2027. “Apesar de parecer distante, já oferece um risco para as projeções de longo prazo da Novo Nordisk”, complementa.
Gerson Brilhante, da Levante Inside Corp, porém, diz que, nos preços atuais, a Novo Nordisk está com um valuation convidativo dado o risco corrido.
Como investir na dona do Ozempic?
As ações da Novo Nordisk, dona do Ozempic e do Wegovy, são negociadas na bolsa dinamarquesa, mas a companhia também tem ações negociadas via ADRs (American Depositary Receipts), na Bolsa da Nova York. Portanto, é possível investir na empresa via ADR, pelo ticker NVO.
Também é possível investir via BDRs, pelo ticker N1VO34.
Ou via fundos de investimento que tenham em sua composição esse papel. A GeoCapital, por exemplo, dispõe de alguns fundos que a Novo Nordisk em sua composição.
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