Itaú: semestre que passou foi o mais difícil para o mercado de ações desde a pandemia, em 2020

No acumulado de 2024, o Ibovespa registrou queda de 7,7%. O que esperar para o segundo semestre?

Painel de resultados das bolsas de valores dos EUA e mercado europeu Foto: Bopav/Getty Images
Painel de resultados das bolsas de valores dos EUA e mercado europeu Foto: Bopav/Getty Images

A vida anda difícil para o investidor com apetite de risco. E, em relatório distribuído nesta segunda-feira (1), o Itaú aponta que o primeiro semestre de 2024 foi o mais difícil para o mercado de ações desde o início da pandemia de Covid-19, em 2020.

Apesar de um saldo positivo para o Ibovespa neste junho que passou, com alta de 1,5%, a verdade é que o principal índice da bolsa viveu nos últimos 30 dias do último semestre o seu melhor momento do ano.

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No acumulado de 2024, o Ibovespa registrou queda de 7,7%. Uma queda traduzida em dois pontos. O primeiro, a incerteza macroeconômica. E, o segundo, o desinteresse dos investidores estrangeiros.

Fuga do mercado de ações

Então, o investidor estrangeiro tirou dinheiro do mercado de ações brasileiro em todos os meses do primeiro semestre do ano. Totalizando, assim, a retirada de mais de R$ 39 bilhões em 2024.

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Em junho, foram R$ 4,7 bilhões de saída, com dados até 26 de junho. Ou seja, o buraco que já foi fundo, vai ser ainda maior. Isso, quando computados os últimos dois dias úteis do mês – 27 e 28, respectivamente quinta e sexta-feira da semana passada.

Selic e perspectiva desanimadora

Olhando para a frente o banco não parece muito animado com as perspectivas.

O relatório, assim, aponta que a decisão do Banco Central (BC) de manter a Selic em patamares restritivos, em 10,50% ao ano, corrobora para a projeção.

“Apesar de já esperada pelo mercado, a manutenção de juros em patamares bastante restritivos não ajuda as ações”, escrevem Victor Natal e Rebecca Nossig. Os analisas são os responsáveis pelo estudo do Itaú.

Dólar e o mercado de ações

O dólar também não passou batido pelos analistas. Assim, eles lembraram que a divisa norte-americana saiu do patamar de R$ 5,20 no final de maio, quando rodava com bastante estabilidade, para um salto para R$ 5,59 ao final de junho.

Claro que a saída dos investidores estrangeiros do mercado de ações ajuda a desvalorizar o real frente o dólar, já que o gringo precisa se livrar da moeda brasileira para retornar com o dinheiro para casa. Mas outros fatores contribuíram para esse cenário.

“Taxas de juros mais altas na terra do Tio Sam tornam cortes da nossa taxa de juros mais difíceis de serem feitos e também têm um peso negativo para a Bolsa brasileira”, escreveram os analistas.

Indústria de fundos de investimento

Tudo isso posto, a situação da indústria de fundos de ações é, segundo Victor Natal e Rebecca Nossig, pouco animadora.

“Tivemos apenas R$ 1 bilhão de entrada de dinheiro novo, o que fez a participação de fundos de ações ter atingido apenas 8,2% do total de investimentos em fundos no Brasil”, avaliam.

A representatividade dos fundos de ações vem caindo ano a ano desde 2020, quando ela era de 11,6%.

“Olhando para frente, em julho”, eles destacam, “teremos o início da temporada de balanços referentes ao segundo trimestre de 2024, que deve se intensificar em agosto”, apontam.

Segundo os analistas, resultados positivos das empresas podem ser um alento para o mercado. “Mas certamente o macro deve continuar sendo o ponto nevrálgico”, finalizam.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.

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