Descubra os investimentos para começar uma carteira para o futuro dos filhos

Guardar dinheiro é uma ideia importante e o planejamento deve começar dentro de casa

As primeiras estrofes do poema Enjoadinho, de Vinicius de Moraes, dizem muito sobre a beleza do sentimento e de certa forma os conflitos dos pais. Um debate muito importante é como investir para os filhos.

A obra é linda e reflete algo inevitável em nossas vidas, a preocupação constante com as crianças e … não importa a idade deles.

Filhos, filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-los?

Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!

A inquietação é em relação a todas as facetas da vida dos filhos. Afinal, queremos que sejam felizes.

Mas o que fazer?

Dar suporte e estar pronto para ajudar em tudo que for necessário.

Isto significa que devemos investir para os filhos.

De maneira ampla, estabelecendo uma estrutura que crie possibilidades e permita o seu crescimento pessoal e social.

Desde já, não significa paternalismo ou querer protegê-los de tudo – mesmo porque é algo impossível.

Nós podemos ajudá-los de muitas formas, e aqui vamos tratar das finanças.

Como as famílias podem agir para que seus filhos tenham uma melhor estrutura financeira e, assim, potencializar a obtenção de maior grau bem-estar?

Algumas ações e planos podem ser direcionados para a criação desse suporte.

Apresentar o dinheiro

Discuta as opções que eles têm em relação ao dinheiro. Gastar, poupar e doar são as alternativas.

Gastar

Principalmente as crianças devem entender a diferença entre “querer” e “precisar”. Embora essa questão sirva para qualquer idade.

“Você precisa ou quer isto?” Essa é a pergunta importante na hora que a criança pede para comprar algo, quando está frente ao consumo.

A criança precisa entender que é agradável gastar com brinquedos, jogos e passeios, mas que antes vêm pão, arroz e feijão – e isso também custa dinheiro.

Devemos passar o conceito de que é preciso saber escolher e que o dinheiro não dá para tudo.

Poupar

Guardar dinheiro para o futuro é uma ideia importante. Deve ser transmitido o conceito de segurança financeira.

O dinheiro não conservado adequadamente faltará quando precisarmos ou não será possível conquistar os nossos sonhos.

Devemos esclarecer o sentido de palavras como economia, disciplina e objetivos em longo prazo.

Doar

Algo muito importante de ser transmitido é sobre a realidade da nossa sociedade, onde muitas famílias passam necessidades e que faz parte da nossa responsabilidade social ajudá-las.

Seja por meio de doações em dinheiro ou de atividades comunitárias.

Finanças da família

Criar um ambiente de cumplicidade é essencial para cumprir o planejamento financeiro familiar e um momento muito oportuno de ensiná-los sobre finanças.

Somente dessa forma todos irão participar da elaboração dos objetivos e colaborar para atingi-los.

Uma boa conversa sobre os objetivos e dificuldades, assim seus filhos participarão das decisões sobre orçamento da família.

Isso permite que entendam como e porque as coisas acontecem na casa, assim podendo se tornar mais responsáveis.

Não há maneira certa de ter essa conversa com a família, mas seguem algumas dicas:

  • Explique sobre o que vai ser conversado;
  • Faça com que todos falem e exponham suas ideias. Todos podem apresentar suas propostas de gastos e fontes de economia.

Eduque para poupar

Crianças e jovens devem ter noção exata de que ganhar dinheiro não é fácil, que exige trabalho e muito esforço.

É importante ensiná-los sobre o sentido ético da relação com o dinheiro e com a sociedade.

Isso pode ser tratado com o seu filho nas questões do dia a dia. Como?

O que fazer quando o caixa da padaria devolver troco maior do que o devido ou se a conta do restaurante vier com valores menores do que deveria?

Brigar com o caixa que pagou a menos é fácil, mas nem sempre se pensa em devolver o que foi pago a mais.

Outro aspecto interessante é buscar criar o espírito de empreendedores em nossas crianças.

Fazendo-os pensar em oportunidades de pequenos ganhos com a execução de alguma atividade que eles ganhem algum dinheiro.

Nessa hora, a criatividade entra em jogo.

Os filhos devem ser estimulados a buscar suas próprias fontes de renda.

Nada que interfira nos estudos, mas podem ser feitos pequenos trabalhos para a vizinhança ou levar animais de estimação para passear.

Começar uma carteira

As instituições financeiras oferecem diversos serviços que podem ser utilizados pelos seus filhos. Uma opção é abrir uma poupança ou investir regularmente em nome da criança.

Você pode até fazer como fundos de pensão das empresas: a cada real depositado por ela, você investe outro.

É um grande incentivo à poupança e reduz o impulso por compras desnecessárias.

Vida financeira

Planejar significa definir objetivos, criar um orçamento, registrar as despesas.

Todos nós temos limitações financeiras definidas pelos nossos ganhos e isso sempre vai existir.

A pergunta natural: é por que não colocar nossos filhos diante dessa mesma realidade?

Mesada: vale a pena?

A mesada é uma forma adequada de educá-los para o futuro no sentido que ensina eles a viverem com seus próprios recursos.

Embora seja um instrumento muito útil, dar uma mesada não é essencial e depende de orçamento da família.

Mas tenha em mente que esse recurso evita os pedidos de dinheiro diários e, se fizermos a conta, vai ficar mais barato.

A definição do valor da mesada deve levar em conta diversos fatores.

O círculo de amizades de seus filhos é um deles. Ele não deve ser o “milionário” nem o “mendigo” da turma.

Procure se informar sobre os hábitos financeiros dos amigos dos seus filhos para que eles não se sintam deslocados no grupo.

Outro aspecto importante na definição da quantia são os gastos habituais do seu filho, passeios e hobbies que devem ser discutidos para que vocês cheguem a um acordo.

Deve ficar muito claro sobre o que é responsabilidade dos pais e aquilo que ficará por conta do filho.

Atenção: definida a mesada, os pais não devem dar dinheiro extra para os filhos, essa atitude pode criar maus hábitos.

Nada de premiação

Nós não devemos remunerar trabalhos domésticos dos filhos. Estes devem ser feitos como contribuição à vida familiar.

As crianças também não devem ser premiadas por bom desempenho na escola por exemplo, pois precisam entender que esta é uma obrigação delas e que, quando se destacam é um ganho pessoal.

E que estão se preparando para um futuro melhor.

Conhecimento financeiro

Use jornais, programas de televisão e outros materiais para educar seus filhos nas finanças da família.

Muitas vezes esses programas são a deixa para iniciar uma conversa sobre dinheiro.

A educação financeira, essencialmente, deve começar dentro de casa e as escolas precisam reforçar essa formação.

Um primeiro passo da educação financeira, particularmente da criança, é conhecer as moedas e cédulas.

Ajude os seus filhos a buscarem por programas de educação financeira, além daqueles que eles têm acesso na escola.

Há muito material de qualidade, como livros e na internet, mas você deve fazer uma triagem porque também há, também, muita coisa ruim.

Onde investir

Fazer uma poupança para os filhos não só pode ajudá-los, como pode trazer uma melhor solução para o nível de bem-estar familiar.

Nós podemos criar uma carteira de investimentos dedicada aos filhos.

Essa poupança pode ter como objetivo a sua educação, em todos os ciclos até a universidade, cursos complementares ou intercâmbios.

Mas, pode objetivar a compra de um carro, período de viagem internacional ou um pé de meia para o início de sua vida independente.

Bem, claro que essa poupança dedicada aos filhos deve estar no planejamento financeiro da família, não é separado.

Assim deve ser definido claramente o seu objetivo de maneira a permitir estabelecer o seu valor e o prazo pretendido para ser atingido.

Com essa base tem-se o grau de risco aceitável e, portanto, podem ser estudados os ativos a serem investidos.

Usualmente essa é uma poupança de longo prazo, mas de muita importância para a família.

Por isso, deve ser pensada com aplicações diversificadas, mas com peso maior na renda fixa.

Aplicações apropriadas

  • Títulos do Tesouro Direto voltados ao longo prazo e indexados a inflação;
  • Títulos de dívida como debêntures;
  • CBDs, LCI e LCA com prazos mais longos;
  • Fundos longos de renda fixa;
  • Fundos multimercados;
  • Ações mais conservadoras e de preferência boas pagadoras de dividendos.

Tesouro Direto para filhos

O melhor investimento para os filhos é dar uma boa educação. Mas, garantir uma instrução custa!

Muita gente acredita que o único item a ser considerado é a mensalidade escolar, mas não é só isso.

Temos de considerar vários outros gastos, como a lista de materiais, a alimentação, o transporte, o uniforme e gastos extraclasse.

Mesmo, no caso de alunos que tenham acesso ao ensino público há gastos importantes.

O ensino superior é que traz grandes desafios financeiros para a família e nos faz lembrar na canção “O Pequeno Burguês” de Martinho da Vila que diz: “Felicidade! Passei no vestibular, mas a faculdade é particular”.

O Tesouro Direto mantém um título dedicado ao planejamento da educação dos filhos, o Tesouro Educa+.

Esse título permite que sejam acumulados recursos durante certo tempo e quando chegar a época desejada serão recebidos mensalmente os frutos do investimento por cinco anos – o prazo médio dos cursos de graduação.

O investimento é o de menor risco do mercado, muito fácil e pode se iniciado com R$ 40 por mês.

No site do Tesouro Direto há um simulador com três perguntas:

a) a idade de seu filho;
b) a idade aproximada que ele iniciará a universidade;
c) e qual o valor da renda mensal que se deseja receber para poder pagar a mensalidade do curso universitário.

Não há pagamentos de juros ao longo do período de contribuição, mas somente recebimento mensal a partir da data indicada.

A simulação de uma criança recém-nascida, prevendo-se a entrada na faculdade aos 18 anos de idade, com previsão de mensalidade de R$ 5 mil, com investimento inicial de R$ 1 mil, o resultado é de que deve ser aplicado mensalmente perto de R$ 790,00.

Simulando os mesmos dados básicos, mas para um filho já com 10 anos de idade, assim a faculdade deveria começar daqui a 10 anos, resulta que a aplicação mensal suba para mais de R$ 2.200,00.

Fica bem claro que quanto antes você começar mais fácil será criar essa poupança.

Ao seu final o poema Enjoadinho termina assim:

Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!