Será que é possível investir com o salário do estágio?

Reunimos alguns exemplos e dicas que mostram como é possível investir com parte da renda do estágio

Confira a dica de alguns especialistas sobre como investir com o dinheiro do estágio - Ilustração: Inteligência Financeira

É bem provável que você já tenha ouvido alguém dizer que investimento é coisa de quem tem um bom salário.

Na verdade, não é bem assim. Hoje em dia, o conhecimento sobre como investir é difundido de forma muito mais democrática e acessível, como aqui, na Inteligência Financeira. Isso, aliado à noção de que, quanto mais cedo começar, melhor, tem feito jovens buscarem formas de, à sua maneira, investirem. 

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Apesar de já ter conhecimento prévio sobre finanças, Guilherme Brito aprendeu intensamente sobre o assunto no estágio.

Apesar da vontade, investir ainda parece uma meta distante para você? Pois saiba que não precisa ser assim. Afinal de contas, com o salário do estágio (isso mesmo!), por exemplo, já é possível começar a investir mais cedo. Para Guilherme Brito, estudante de economia na USP e estagiário numa gestora de fundos de investimento, a grande vantagem de começar a investir ainda jovem é aproveitar o poder dos juros compostos ao longo do tempo.

Então, por que você ainda não começou?

Mesmo jovem, é preciso organização

Entender sobre como, quando e onde investir pode ser a parte mais fácil do percurso para um jovem investidor. Isso porque será preciso muito controle financeiro para dedicar mensalmente uma parte do salário do estágio aos investimentos. Para a maioria dos jovens, o primeiro estágio representa o começo de uma independência financeira tão almejada, pois é a partir daqui que poderão gastar o salário da forma que quiserem, com itens pessoais e lazer. 

Justamente por isso, colocar um limite pode ser desafiador — mas não impossível. “Isso vai exigir um controle mais rigoroso das finanças, mas se a pessoa tiver disciplina, esse controle vai acabar virando hábito e, dali para frente, vai ser natural equilibrar o orçamento sempre reservando uma parte da receita (salário) para investimentos”, conta Lucas Almeida, educador financeiro e sócio da AVG Capital.

Melannie Silva aprende sobre finanças desde os 15 anos — começou acompanhando canais no YouTube.

Para os que não precisam auxiliar a família com as despesas de casa, como Melannie Silva, essa tarefa pode ser até mais fácil. A estudante de jornalismo da USP e professora de inglês consegue, atualmente, separar de 30% a 40% do salário para investir — uma quantia considerável ao levar em conta o que, para Almeida, já seria o suficiente para jovens estagiários.

Segundo o educador financeiro, o ideal é poupar de 5% a 10% do salário todo mês. Levando em consideração que a média salarial de um estagiário é R$ 1.200, segundo a Glassdoor, o ideal é que cerca R$ 60 e R$ 120 seja reservado para investimentos todo mês. 

Entretanto, atenção: essa quantia não é considerada a mínima necessária para se investir.

Então, quanto preciso para começar a investir?

Aqui, a lenda de que investir é coisa de quem ganha muito cai por terra. Sabe por quê? Com apenas R$ 1, segundo Almeida, já é possível investir em fundos e outros ativos, como contas remuneradas, ou ainda em títulos públicos, que estão entre os ativos mais seguros disponíveis no mercado. 

As possibilidades de investimento variam tanto quanto a renda que você tem disponível para investir. Mas uma regra é clara: o importante é começar. Guilherme Brito, o estudante de economia que mencionamos no começo desta matéria, por exemplo, investiu pela primeira vez, aos 16 anos, R$ 90. Hoje, com uma bolsa de estágio de R$ 2 mil, ele consegue separar entre R$ 500 e R$ 900 para ser investido. 

Daniel Miranda, efetivado na Henkel, adquiriu maturidade e conhecimento sobre a área ao longo dos 5 anos que investe e, hoje, consegue render uma quantia considerável anualmente.

Daniel Miranda, que investiu pela primeira vez em 2018 com o salário do estágio na área de controladoria na Henkel, também começou com uma quantia baixa, cerca de R$ 200. A parte investida cresceu ao longo do tempo, à medida que conseguia se organizar financeiramente, e com o aumento salarial ao ser efetivado na empresa. 

Ao dedicar cerca de 45% do salário para investir, a carteira de Daniel vem rendendo entre 8% e 10% ao ano desde 2018. E tem uma justificativa para o sucesso: ele acompanha o mercado de perto. “Quando comecei, em 2018, o mercado estava num período aquecido na Bolsa, então comecei a colocar investimentos na B3. Hoje, já alterei minha carteira mais para renda fixa pela mudança no panorama da economia do Brasil”. E não é só ele que indica a renda fixa para 2023. Especialistas sugerem que investimentos neste tipo de ativo financeiro serão a grande aposta para este ano; além de serem os queridinhos dos jovens.

Investimentos indicados para estagiários

Cada perfil de investidor possui suas particularidades e preferências, mas Lucas indica que o primeiro objetivo do estagiário precisa ser a reserva de emergência. Ou seja, juntar em uma aplicação de liquidez o valor equivalente a 6 até 12 meses do seu custo de vida (despesas fixas + variáveis). Por exemplo, se o estagiário tem um custo total mensal de R$ 900, seu primeiro objetivo ao começar a investir é poupar, no mínimo, R$ 5.400 a R$ 10.800.

Como estamos falando de reserva de emergência, Almeida pontua como esses recursos têm que estar em uma opção de investimento segura, líquida, em que o resgate possa ser imediato caso precisar, e com garantia de boa rentabilidade. As opções indicadas por Lucas são: 

A indicação do educador financeiro de pensar na segurança é seguida por Melannie, que investe em renda fixa, variando entre CDB pré e pós-fixado, LCA e Selic. Mas, esse não é o único caminho. Daniel, por exemplo, gosta de diversificar a carteira, o que é bastante indicado, deixando 60% dela composta por renda fixa e o resto em ações variadas.

Nunca investi, como começar?

Se esses nomes e siglas parecerem outra língua para você, então está no lugar certo. O mundo do mercado financeiro pode parecer um monstro de sete cabeças, mas é bem simples quando estudado com calma e com as melhores fontes. Ah, e não tem idade para começar a aprender, sabia? A Melannie, por exemplo, acompanha canais e conteúdos de finanças desde os 15 anos, o que explica seu conhecimento e sua segurança ao investir. 

O primeiro passo para quem quer começar a investir, independente da idade, é pesquisar e procurar informações sobre finanças. Entendendo melhor sobre gastos, economia e poupar, é hora de organizar suas finanças próprias e identificar quais são seus custos fixos e variáveis, e de que forma eles podem ser negociados. Para Almeida, ao começar a diminuir os gastos e guardar o excedente, o jovem já está conseguindo se planejar financeiramente — o que já é difícil para muitos adultos.

De olho nos gastos

Em casos de dificuldade, ele traz uma dica: é interessante fazer o cálculo inverso e pensar da seguinte forma: como economizo para sobrar 10% da minha renda? Muitas vezes, cortando pequenas coisas, como gastar menos com saídas aos finais de semana. Ao tomar esta atitude, já é possível dar uma aliviada no orçamento e abrir espaço para os investimentos”.

É possível, ainda, buscar o auxílio de uma corretora de investimento e falar com um assessor, pois ele poderá te auxiliar na escolha das melhores opções de investimento seguindo seus objetivos e necessidades.

Além disso, Melannie acredita que não só é importante cuidar do dinheiro, mas também criar uma meta para ela. Segundo a estudante, sem uma meta específica, a pessoa tende a gastar o dinheiro com a primeira coisa que aparecer. “Mas quando o investimento ganha um nome, ‘aposentadoria’, ‘viagem’, ‘intercâmbio’, você tem mais disciplina para não gastar ao pensar no objetivo”, conclui.

Colaborou: Daniel Navas

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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