Gestores apontam setores e ativos que devem bombar neste ano
Levantamento mapeou a perspectiva de 46 especialistas para 32 ativos
Em um ano marcado por eleição presidencial, desdobramentos ainda incertos da pandemia e trajetória de juros maiores, as projeções dos gestores para o cenário econômico se tornaram mais cautelosas. Pelo menos é o que mostra o estudo “Visão do Gestor”, realizado pelo banco Modalmais.
O levantamento mapeou a perspectiva de 46 gestoras para 32 ativos, separados pelas categorias: “Bolsa”, “juros e inflação”, “crédito privado” e “outros”. Além disso, os gestores também projetaram, em valores, as expectativas para a Selic, Ibovespa, IPCA e dólar e em três cenários distintos: pessimista, neutro e otimista.
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Por que isso é importante para você?
Você vai notar que a pesquisa tem mais relação com um sentimento dos analistas de mercado, do que com o que de fato deva acontecer ao longo do ano. Mas não é chute. É a perspectiva para setores e ativos, do ponto de vista de profissionais que estão há anos no mercado, já passaram por cenários macroeconômicos parecidos com o atual e que fazem comparações com outros países. A você, investidor e investidora, cabe ler a visão dos especialistas, analisar sua carteira e traçar um rumo para seus investimentos, que pode ou não ser baseado nessa ou em qualquer outra pesquisa.
Gestores menos otimistas com a Bolsa
No item que diz respeito à Bolsa brasileira, a pesquisa mostrou uma redução do otimismo ao comparar as respostas da pesquisa com o mesmo levantamento feito em julho de 2021. Na ocasião, 83% dos gestores se disseram otimistas ou muito otimistas. Agora, apenas 43% se disseram otimistas (uma queda de quarenta pontos percentuais) e 20% se disseram pessimistas. “Quando avaliamos os fatores que possivelmente corroboram para estes resultados, nos deparamos com inflação alta, tensões pré-eleitorais e retorno nos casos de internação com a nova variante da covid-19, a Ômicron”, diz o relatório.
O Modalmais ainda questionou a visão dos gestores para 11 setores da Bolsa: bens industriais; comunicações; consumo cíclico consumo não-cíclico; financeiro; materiais básicos; petróleo, gás e biocombustíveis; saúde; tecnologia da informação; utilidade pública e outros. Vamos às impressões:
Financeiro
O setor financeiro foi um dos destaques positivos, com 60% de respostas otimistas e 5% muito otimistas. Os neutros foram pouco mais de 20% e os pessimistas pouco mais de 10%. Segundo o Modalmais, no ano passado apenas 51% dos gestores se mostravam otimistas.
Materiais básicos
No setor de materiais básicos, a parcela de otimistas também foi a maior, com cerca de 55% dos respondentes. Os neutros foram pouco mais de 20%, os pessimistas pouco mais de 10% e os muito otimistas pouco menos de 10%.
Petróleo, gás e biocombustíveis
No segmento de petróleo, gás e biocombustíveis o otimismo também foi maioria, com pouco mais de 45% dos respondentes, contra 20% de muito otimistas, 15% de neutros e 15% de pessimistas.
Saúde
No setor de saúde, 50% se mostraram otimistas, pouco menos de 30%, neutros, 10% pessimistas e 10% muito otimistas.
Setores que tiveram resposta neutra
Comunicações
Em comunicações, quase 70% se disseram neutros, pouco mais de 20% apontaram pessimismo e pouco mais de 10%, otimismo.
Bens industriais
Para a categoria bens industriais, quase 50% se disseram neutros, enquanto quase 30% mostraram pessimismo e pouco mais de 20% mostraram otimismo.
Consumo não-cíclico
Em consumo não-cíclico, 35% se disseram neutros, 30% otimistas e 30% pessimistas. Pouco menos de 5% se mostraram muito pessimistas.
Tecnologia da informação
Em tecnologia da informação, mais de 40% se disseram neutros e os pessimistas eram pouco mais de 30%. Já os otimistas eram 20% e os muito otimistas, 10%.
Utilidade pública
Em utilidade pública, os otimistas eram 35%, assim como os neutros. Os pessimistas eram 25% e os muito otimistas, 5%.
Categorias variadas
Em relação a outras categorias, mais de 80% se mostraram neutros, enquanto 10% eram otimistas e pouco menos de 10% muito otimistas. Vamos às análises:
Consumo
Em consumo cíclico, cerca de 45% se disseram pessimistas, contra 30% otimistas, 20% neutros, enquanto os “muito pessimistas” ou “muito otimistas” somavam 5%. Segundo o Modalmais, houve uma “brusca redução do otimismo” na categoria, que era de quase 60% na pesquisa feita no meio do ano passado.
Perspectivas para juros e inflação
A pesquisa também mapeou as expectativas dos gestores para os títulos de renda fixa pós-fixados (de curto, médio e longo prazo) e aos títulos atrelados à inflação (também de curto, médio e longo prazo). Nestes casos, a maioria se mostrou neutra em relação a todos eles. Veja abaixo:
Pós-fixados (curto prazo)
A maioria dos gestores se mostrou neutra em relação aos títulos pós-fixados de curto prazo, com 50% dos respondentes. Já 40% se mostraram otimistas e 10% muito otimistas.
Pós-fixados (médio prazo)
No caso dos títulos pós-fixados de médio prazo, 60% se disseram neutros, contra pouco mais de 30% otimistas e cerca de 5% pessimistas e 5% muito otimistas.
Pós-fixados (longo prazo)
Nos títulos pós-fixados de longo prazo, 70% se disseram neutros, contra 20% otimistas e as categorias muito pessimista, pessimista e muito otimistas mostrando uma variação em torno de % dos respondentes.
Inflação (curto prazo)
Nos títulos atrelados à inflação no curto prazo, 40% foram neutros, e cerca de 25% pessimistas e 25% otimistas. Já pouco mais de 5% se mostraram muito otimistas.
Inflação (médio prazo)
Nos títulos de inflação no médio prazo, pouco mais de 40% se disseram neutros, enquanto pouco menos de 40% se posicionaram de forma otimista. Já pouco menos de 20% se disseram pessimistas.
Inflação (longo prazo)
Nos títulos de inflação a longo prazo, cerca de 55% são neutros, 30% otimistas e cerca de 15% pessimistas.
Crédito privado
Em relação aos títulos de crédito privado, o Modalmais afirmou ter percebido uma “boa melhora nas expectativas dos gestores” tanto para aqueles considerados high yield (também chamados de ‘títulos podres’, por apresentarem mais riscos) quanto para os high grade (que têm boa avaliação no mercado).
Crédito high yield
Nesse caso, quase 50% se mostraram otimistas, contra 30% neutros e 20% pessimistas.
Crédito high grade
Cerca de 50% dos gestores se mostraram otimistas, contra 20% pessimistas, pouco menos de 20% neutros, 5% muito pessimistas e 5% muito otimistas.
Debêntures incentivadas
Em relação às debêntures incentivadas (em que o investidor “empresta dinheiro” para a realização de uma obra de infraestrutura e ganha como incentivo a isenção fiscal), 60% se disseram otimistas, contra pouco menos de 30% neutros e pouco mais de 10% pessimistas.
Créditos bancários
Nesse caso, 45% dos gestores respondentes se disseram neutros, contra 40% otimistas e 15% pessimistas.
CRI
Em relação aos Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs, títulos emitidos por companhias securitizadoras para financiar atividades do setor imobiliário), 45% se mostraram neutros, contra 40% otimistas, 10% pessimistas e 5% muito pessimistas.
CRA
Já em relação aos Certificados de Recebíveis Agrícolas (CRAs, títulos emitidos por companhias securitizadoras para financiar atividades do agronegócio), 60% se disseram otimistas, pouco mais de 30% se mostraram neutros e 5%, muito pessimistas.
Expectativa para moedas e ouro
A pesquisa ainda mapeou as expectativas para o real, dólar e ouro, além do índice da bolsa americana S&P 500 e dos juros nos EUA. Confira:
Real
Em relação à moeda brasileira, 35% se disseram neutros e 35% se mostraram otimistas. Já pouco mais de 25% afirmaram estar pessimistas e pouco menos de 5% se disseram muito otimistas.
“Com relação às expectativas para a moeda real, se na pesquisa passada 54% dos gestores se mostravam otimistas e apenas 16% pessimistas, percebemos a grande mudança neste cenário, visto que a distância entre otimistas e pessimista reduziu, representando hoje 35% e 27%, respectivamente”, informou o Modalmais.
Ouro
No que diz respeito ao metal precioso, mais de 50% mostraram uma visão neutra. Já pouco mais de 20% se mostraram pessimistas e 20% otimistas. Cerca de 5% se disseram muito pessimistas.
S&P 500
Em relação ao índice norte-americano, 35% se mostraram otimistas, 35% neutros e 25% pessimistas. Os grupos que mostraram muito pessimismo ou muito otimismo eram pouco menos de 5% cada um.
Juros nos EUA
Em meio à discussão de aumento dos juros nos Estados Unidos, quase 60% se mostraram pessimistas em relação às taxas, ou seja, ao aumento dos juros. Já 20% mostraram otimismo, enquanto pouco menos de 10% se disseram muito pessimistas, muito otimistas ou neutros.
Com reportagem do Valor Investe