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Debêntures de longo prazo têm perdas de 14% no início da marcação a mercado
A nova regra da marcação a mercado mal começou e já mostra quedas de rendimentos para quem investe em debêntures.
Desde o dia 2 de janeiro, passou a ser visível para o investidor pessoa física o valor marcado a mercado de títulos da dívida privada como debêntures, Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) e (Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA).
Isso significa que os investimentos tiveram uma queda (momentânea) na rentabilidade, por conta de uma oscilação do mercado.
O que provocou essa mudança de preço nos títulos é a chamada “marcação a mercado”, modelo que mensura a aplicação pelo valor que o investidor teria se fosse resgatá-la naquele dia.
Quanto as debêntures perdem?
De acordo com dados da Anbima, compilados pelo consultor financeiro e colunista do Valor Investe, Marcelo d’Agosto, as debêntures de longo prazo indexadas à inflação foram as que mais sofreram no período, apresentando quedas de 14%, em média, para aquelas com vencimentos acima de 8 anos.
“Para alguém que tenha uma debênture de 2 anos, a chance é que ele tenha uma perda de 2%. Mas pode ser que a perda chegue a 4% ou até que não tenha perda. Isso tudo é uma estimativa, depende do caso a caso”, avalia D’Agosto.
Este é um exemplo concreto de quanto a “renda fixa varia“.
O valor do título oscila tanto para cima quanto para baixo, a depender do humor do mercado e da variação do cenário econômico.
Quando as taxas de juros de mercado sobem, como ocorreu recentemente, o preço dos títulos cai. O contrário também pode acontecer e os títulos subirem.
E quanto mais longo o prazo de vencimento do título, maior tende a ser a oscilação do preço, tanto para cima quanto para baixo.
Por que as debêntures perdem mais no longo prazo?
Em um período mais longo, as variáveis são maiores, há mais risco envolvido, por isso as variações de preço e retorno costumam ser mais bruscas quanto mais distante for a data de vencimento.
É algo que ocorre com frequência com os papéis do Tesouro Direto, em que aqueles com prazo para 2045 são muito mais voláteis que os de curto prazo.
Entretanto, na marcação a mercado, o prejuízo (ou lucro, quando a curva vira a favor do investidor) só se concretiza se o dinheiro for retirado da aplicação antes do fim do prazo acordado na compra do título.
Ou seja, quem não resgatou os papéis pode até ter visto o saldo encolher, mas não vai receber menos dinheiro do que o previsto se permanecer com o investimento na carteira até o vencimento.
A marcação a mercado se opõe a outro modo de avaliação de investimentos, que é a “marcação pela curva”, tipicamente usado em CDBs, em que a aplicação valoriza num ritmo paulatino (sempre para cima) conforme a taxa contratada no início.
Esse modelo foi usado em todos os títulos de dívida privada até o início deste ano.
Ele é previsível e mais fácil de entender, mas se distancia do valor a que o cliente conseguiria obter se tivesse que resgatar a aplicação antes do vencimento, além de não refletir um eventual risco de inadimplência, que pode mudar a partir do dia que o investidor faz a aplicação.
Boa parte das debêntures são atreladas à inflação, isso porque entre aquelas que são incentivadas (com benesses fiscais que permitem zerar o imposto de renda), o IPCA deve ser o indexador do título.
Queda prevista
As perdas já eram esperadas neste primeiro momento da nova regra de marcação a mercado. Um dos motivos para isso é que muitos títulos investidos foram emitidos quando a taxa básica de juros (Selic) ainda estava baixa.
Na medida que que houve aperto monetário, com aumento dos juros, o valor de face desses papéis caiu, apontando para uma perda de rentabilidade.
Outro motivo que pode explicar o movimento negativo é até mesmo uma onda de insatisfação dos investidores com as perdas dos títulos, o que pode levar à venda e, portanto, uma desvalorização ainda maior dos papéis. Ou seja, um movimento que se retroalimenta.
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