Das quadras de tênis para os investimentos: quando assumir riscos?

Assim como um tenista escolhe assumir mais riscos para ganhar vantagem, um investidor também enfrenta momentos onde a ousadia pode ser vantajosa

No universo das finanças, assim como no emocionante mundo do tênis, estratégia e habilidade são fundamentais para o sucesso. Como um professor de finanças, estudioso com mais de duas décadas de experiência no mercado e amante do tênis, vejo paralelos fascinantes entre esses dois campos aparentemente distintos. Nesta semana, estou no Miami Open, onde o brilho dos jogadores é equiparado apenas pela agitação do mercado financeiro.

Assim como um tenista habilidoso escolhe estrategicamente assumir mais riscos em momentos cruciais do jogo para ganhar vantagem, um investidor perspicaz também enfrenta momentos específicos onde a ousadia pode ser estrategicamente vantajosa.

O que o tênis tem a ver com os riscos dos investimentos?

Esta afirmação reflete uma verdade profunda sobre a natureza do investimento e do tênis. Nos momentos decisivos de uma partida, um tenista talentoso muitas vezes opta por assumir riscos calculados para virar o jogo a seu favor.

Da mesma forma, um investidor experiente reconhece oportunidades únicas no mercado, como durante cortes nas taxas de juros, e pode optar por assumir mais riscos para buscar retornos substanciais.

Analogamente ao tenista que busca ser mais temerário em break points ou pontos decisivos, um investidor pode considerar assumir mais riscos em períodos de oportunidade única no mercado, como durante cortes nas taxas de juros.

O momento atual no Brasil, dentro de um ciclo de corte de taxa de juros, ilustra perfeitamente essa ideia.

Como resultado desse movimento, os investimentos tradicionalmente seguros, atrelados à Selic e ao CDI, podem perder relevância.

Isso abre espaço para que investidores considerem a alocação de parte de seus ativos em opções de maior risco.

Risco dos investimentos

No entanto, surge a dúvida: o desempenho dos ativos de risco é compensatório em momentos como esse?

Essa é uma pergunta fundamental.

Para respondê-la, conduzi uma análise detalhada dos últimos seis ciclos de corte de juros, abrangendo o período de 2003 a 2020. Os resultados são encorajadores: os ativos de risco tendem a superar o desempenho do CDI, mesmo diante das variadas condições econômicas que caracterizaram cada ciclo.

Ao longo do estudo, foi evidenciado que os ativos, praticamente na sua totalidade, superam o desempenho do CDI no período analisado, mesmo com significativas diferenças nos motivos, durações e intensidades dos ciclos de corte de juros anteriores.

Da estratégia do tenista ao investidor

Essas descobertas destacam a importância de uma abordagem estratégica e equilibrada ao investir, especialmente em tempos de mudanças econômicas significativas.

Assim como um tenista ajusta sua estratégia de acordo com as condições da quadra e o desempenho do adversário, um investidor perspicaz adapta suas estratégias de investimento às circunstâncias e aos riscos do mercado.

Em resumo, tanto no tênis quanto nos investimentos, a coragem, a estratégia e a capacidade de se adaptar são cruciais para o sucesso.

À medida que continuamos navegando nos desafios do mercado financeiro, lembremo-nos das lições aprendidas nas quadras de tênis: assumir riscos dos investimentos podem ser a chave para alcançar nossos objetivos financeiros, desde que façamos isso de maneira ponderada, diversificada e disciplinada.

E lembre-se, assim como em uma partida de tênis, no mercado financeiro também há seus lances espetaculares e seus “match points” emocionantes. Mantenha o foco, mas não esqueça de se divertir ao longo do jogo!