ETF de bitcoin reforça ‘legitimidade’ da moeda, diz diretor da Coinbase no Brasil

À frente de uma das maiores exchanges de criptomoedas do mundo no Brasil, Fábio Plein vê fluxo bilionário de fundos em ETF de bitcoin

A aprovação dos ETFs (Fundos de Índices na sigla em inglês) de bitcoin (BTC) pela SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos) é descrita como “histórica” pelo diretor da Coinbase no Brasil, Fábio Plein. Em entrevista exclusiva à Inteligência Financeira, ele afirma que, agora, a principal criptomoeda do mundo ganhou um verniz adicional de legitimidade ao ser negociada por alguns dos maiores gestores de ativos do mundo – um mercado de fundos de US$ 58 trilhões.

“É um momento de fato em que a gente vislumbra aí uma entrada significativa de capitais”, diz Plein. Dos pedidos analisados pela SEC, 11 ETFs à vista foram aprovados. O diretor da Coinbase afirma que a autorização “é um reforço da legitimidade do bitcoin hoje como um todo”, à espera de um novo tipo de investidor que vai entrar mais em criptoativos.

Diretor da Coinbase: US$ 580 bi em exposição nos ETFs de bitcoin

Para Fábio Plein, a exposição do investidor institucional, dos grandes fundos de investimento americanos, pode chegar a 1% dos US$ 58 trilhões “nos próximos anos”. Ou seja, uma injeção de capital de US$ 580 bilhões, equivalente a R$ 2,8 trilhões.

Entre as gestoras que tiveram fundos aprovados ontem pela SEC está o maior fundo de investimento privado do mundo, a BlackRock. Além dela, nomes de peso no mercado de criptoativos, por exemplo Greyscale e Ark, obtiveram autorização do ETF de bitcoin. Criptomoedas registram alta no mercado nesta quinta-feira após a decisão da autarquia nos EUA.

“Podemos imaginar que, ao longo aí dos próximos anos, 1% disso pode estar alocado dentro de ETFs de bitcoin. Mais adiante quem sabe pode avançar para 3%. É algo que é factível de vislumbrar”, afirma Plein. A Coinbase será a exchange oficial para custodiar os bitcoins adquiridos por oito das 11 gestoras com ETFs da criptomoeda.

A Coinbase, por sua vez, se tornou a maior exchange de criptoativos dos Estados Unidos, somando 100 milhões de usuários. A meta, diz Plein à Inteligência Financeira, é chegar a 1 bilhão de usuários por todos os mercados onde a exchange atua. O Brasil é “prioritário” para bater esse objetivo, prosseguiu o executivo.

De acordo com Plein, a estrutura de um fundo de bitcoins ligado ao índice da moeda em Nova York vai “ampliar o acesso” do investidor ao bitcoin. Um perfil de cotista que, antes, estranhava a criptomoeda. Por ser à vista, os fundos precisam aumentar exposição à moeda.

Antes, o ETF de bitcoin negociava apenas contratos futuros da moeda. “É uma forma de ampliar o acesso, sem dúvida. Principalmente porque é um canal de chegada de usuários que, de outra maneira, muitas vezes não teriam entrado em primeiro lugar”, explica Plein.

ETF de bitcoin vai deixar a criptomoeda menos volátil?

O aumento da demanda de bitcoins via ETF pode trazer efeitos positivos para a volatilidade da criptomoeda no mercado, na avaliação do diretor da Coinbase no Brasil.

Agora, assessores de investimentos podem recomendar a entrada do investidor pessoa física nos fundos, uma nova maneira de “diversificação” e que “pode aumentar retorno e reduzir a volatilidade do bitcoin”, diz o executivo. Além disso, a liquidez da criptomoeda deve aumentar no pregão diário, algo mais atrativo para investidores institucionais.

Se, de um lado, os novos fundos podem dar fôlego à demanda pelo bitcoin, do outro, o fenômeno do halving pode estrangular a oferta. O processo, que deve acontecer entre maio e abril deste ano, envolve o aumento da compensação a mineradores do bitcoin, e deve cortar pela metade a emissão de novas moedas.

“Hoje temos a emissão de 900 bitcoins por dia. É esperado que este número caia para 450 emissões diárias”, afirma o diretor da Coinbase.

Ele vê um mercado mais bullish, ou com tendência de compra e, portanto, alta, para as criptomoedas em 2024. “Existe uma expectativa conforme o mercado de que possamos ter mais eventos favoráveis para a indústria ao longo desse ano”.

O próximo passo dos fundos de criptomoedas em 2024

Além do ETF de bitcoin, o diretor da Coinbase no Brasil reconhece que, ainda neste ano, a expectativa é da aprovação de mais um ETF de criptomoedas: um fundo de índice da rede Ethereum.

“Existe uma expectativa de que possa acontecer nos próximos meses também a regulamentação de um ETF de Ethereum”, afirma Plein, relembrando que a criptomoeda é a segunda mais popular do mundo. “É talvez o segundo passo mais importante para o mercado. Será mais um marco para o acesso aos investimentos em criptomoedas”, completa.

“É tudo parte de uma jornada de amadurecimento do setor”

Fábio Plein, diretor da Coinbase no Brasil

A aprovação do ETF de bitcoin pela SEC estabeleceu, na visão do diretor da Coinbase, “um círculo virtuoso”, no maior mercado de capitais no mundo. “Quem sabe, no futuro, o investidor possa começar sua jornada por um fundo de Ethereum. O passo seguinte é vislumbrar que possam surgir mais ETFs para mais ativos digitais, que vão estar presentes nas exchanges”, conclui.

Em breve, a Inteligência Financeira divulgará a entrevista completa com Fábio Plein no site e no YouTube.