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O que você precisa saber ao escolher onde custodiar seus ativos digitais
Antes de mais nada, é preciso explicar alguns detalhes específicos do mercado cripto. Sempre que nos referirmos à custódia, estamos falando da guarda da chave que te dá acesso a sua carteira de ativos digitais. Essa chave se trata de um código único e privado, assumindo um papel parecido ao que entendemos como ‘senha’ da conta de um banco.
Geralmente essa ‘senha’ no mercado cripto é constituída por 12 a 16 palavras em inglês, que juntas comprovam o acesso a sua carteira. A simples memorização dessas palavras é uma escolha de altíssimo risco, por isso existem diferentes tipos de soluções para a guarda desse código. As três principais são: auto custódia, custódia em exchanges/fintechs e custódia em bancos. Abaixo estão algumas das vantagens e desvantagens de cada uma dessas opções.
Auto custódia
Em primeiro lugar, vale lembrar que a criptoecononomia foi constituída a partir do conceito de finanças descentralizadas. Com isso, é comum que aqueles mais conectados às origens dessa tecnologia escolham a auto custódia, ou seja, ter posse direta de sua senha.
Vantagem
Frequentemente essa é a opção escolhida por aqueles que optam por não ter nenhuma empresa que intermedia seu acesso à blockchain. A vantagem para esse tipo de custódia é clara, você é o único detentor de sua carteira, qualquer movimentação depende única e exclusivamente de você. Como dito anteriormente, esse tipo de custódia aplica diretamente o conceito de ‘finanças descentralizadas’, que deu origem a quase tudo que conhecemos no mercado cripto.
Desvantagem
Do outro lado, a desvantagem foi ficando evidente ao decorrer do tempo. Em apenas alguns minutos de pesquisa no google é possível encontrar histórias de pessoas que perderam todas suas reservas em criptoativos por simplesmente perder o papel/pen drive em que elas foram anotadas.
Vale destacar que esse risco se materializa com uma frequência muito alta. De acordo com a Chainalysis, empresa de análise de dados de criptomoedas, cerca de 20% do total das bitcoins existentes estaria em carteiras virtuais perdidas/inacessíveis. Isso totaliza impressionantes US$ 140 bilhões (cerca de 700 bilhões de reais).
Portanto, caso você opte por fazer a auto custódia de suas chaves, cuidado redobrado! Caso você guarde a senha em sua própria casa, os riscos são comparáveis a guardar dinheiro embaixo do colchão, um incêndio/assalto poderia levar tudo embora. Estude muito bem a melhor estratégia para a guarda de suas chaves. Esse plano deve incluir soluções para diversos cenários, inclusive instruções de como sua família poderia acessar suas reservas em casa de morte/acidente.
Custódia em exchanges/fintechs
Continuando, existe também a opção de guarda da chave em exchanges que atuam na compra e venda de criptomoedas. Nesse caso, a exchange poderá guardar a chave em sua própria estrutura tecnológica, ou se conectar a uma fintech parceira que tenha a expertise para o fazer.
Vantagem
Dessa forma, uma das grandes vantagens dessa opção é reduzir o risco de perda da chave. A Exchange escolhida por você será responsável por guardar e acessar essa chave em seu nome. Tal opção se expandiu bastante nos últimos anos, justamente porque muitas pessoas não querem assumir o risco de não ter como recuperar sua senha.
Desvantagem
Em contraponto, o risco dessa opção está relacionado ao nível de governança e segurança que essa empresa terá com sua reserva cripto. Para exemplificar tal risco, tivemos o emblemático caso da FTX em novembro de 2022. Este momento entrou para a história como um dos períodos de maior crise no mercado de criptomoedas. A empresa FTX, considerada por muitos a segunda maior corretora mundial, entrou em crise de liquidez, e consequente falência, devido a diversas falhas de governança.
Com isso, caso a custódia em exchanges ou fintechs seja a opção escolhida por você, fique muito atento ao nível de governança realizado pela empresa. E lembre-se, não considere apenas o tamanho da empresa no seu processo de decisão. A FTX era uma das maiores do mundo e isso não a impediu de levar seus clientes à perda parcial ou total de seus criptoativos.
Custódia em bancos
Desde a criação do bitcoin em 2008, o sistema financeiro evoluiu muito. Parte dessa evolução levou o mercado a aprofundar na tese das criptomoedas, identificando e absorvendo os benefícios que essa nova tecnologia traz. Assim como a custódia em exchanges, ao escolher custodiar em bancos você só precisa saber da sua senha de acesso ao aplicativo da empresa. Sendo que em caso de perda dessa senha, uma ligação para alguns de seus 0800 restabeleceria seu acesso em minutos.
Vantagem
A vantagem adicional da guarda em bancos é que são empresas que já possuem altos padrões de governança. Tal governança já são auditadas e regulamentadas há muitas décadas, trazendo uma segurança adicional na proteção de seus ativos. Ao escolher essa opção, seus investimentos em criptomoedas estarão tão seguros quanto seus investimentos em real/dólar, que já são usualmente custodiados pelos bancos.
Desvantagem
Assim como para custódia em exchanges, o conceito ‘finanças decentralizadas’ deixa de ser totalmente aplicável, dado que uma instituição financeira centralizaria seu acesso a blockchain. Novas literaturas estão nomeando este movimento de hybrid finance, ou finanças híbridas. Tal tendência consolida características das finanças centralizadas (como governança e capital regulatório) com finanças descentralizadas (como a negociação de ativos em blockchain).
Em resumo
Em resumo, existem vantagens e desvantagens para cada um desses tipos de custódia.
Com isso, não existe uma resposta absoluta de qual é o melhor tipo de custódia para todas as pessoas. Conhecendo as vantagens e desvantagens descritas acima, é possível identificar qual solução se aplica melhor ao seu perfil de risco.
Como já repetido por aqui muitas vezes, aprofundar seu conhecimento sobre o mercado cripto é peça chave para qualquer um que escolha entrar para a criptoeconomia.
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