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Selic: Mesmo com corte nos juros, renda fixa vai pagar mais neste ano do que em 2022
O Copom do Banco Central deu início ao ciclo de cortes da Selic e reduziu na quarta-feira (2) a taxa em 0,50 ponto porcentual (p.p.), de 13,75% para 13,25% ao ano. A magnitude do corte pegou de surpresa alguns investidores, principalmente os de renda fixa, que temem uma possível redução no retorno de seu portfólio com a nova Selic.
No entanto, mesmo que os técnicos do Banco Central (BC) reduzam os juros básicos da economia entre 1,75 e 2,0 pontos percentuais até o final do ano, o impacto não será sentido pelo investidor.
Ao contrário, após todos os cortes, a expectativa para a renda fixa em 2023 é superior ao resultado do ano passado.
Considerado que a Selic chegará ao dia 31 de dezembro em 12% ao ano, o investidor que aportou R$ 10.000 no começo do ano em um título prefixado do Tesouro Direto, chegará ao fim de 2023 com R$ 10.415,15. Isso já descontados o Imposto de Renda e o efeito da inflação sobre o capital.
Como comparação, no ano passado, os mesmos R$ 10.000 investidos no mesmo título de Tesouro Selic, em igual período de aplicação, alcançou um montante líquido de R$ 10.329,12 – ou R$ 86,03 a menos.
A explicação para isso é a inflação. Ela corroí uma parte do retorno dos investimentos e, agora, está em queda. Enquanto o IPCA (inflação oficial) fechou o ano de 2022 em 5,79%, neste ano a projeção para o indicador é de 4,84%, segundo o Boletim Focus.
Para fazer a conta também foi levado em consideração quatro cortes na Selic nas próximas quatro reuniões do comitê monetário do BC. Primeiramente, uma queda de 0,25 ponto em agosto e três de 0,50 ponto em setembro, novembro e dezembro. Essa ainda é a aposta dominante dos agentes do mercado financeiro.
Impacto da Selic nos CDBs
Na mesma comparação, veja o impacto dessa janela de oportunidades. Quem usou R$ 10.000 para comprar um CDB de banco médio com rendimento de 110% do CDI (taxa que anda de mãos dadas com a Selic), colocou no bolso após um ano, já descontados IR e inflação do período, R$ 10.443,22. Neste ano, a mesma aplicação pode render, líquidos, R$ 10.529,64.
Para o professor de finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Fábio Gallo, essa diferenciação acontece porque a inflação pode pesar tanto ou até mais que a Selic sobre o retorno real do que o investidor coloca no Bolso.
“Mesmo que os juros caiam, e acho que vão cair mesmo, a Selic vai se manter em um patamar muito alto e o investidor não vai ter nenhum prejuízo com a renda fixa”, diz o especialista, que também é colunista da Inteligência Financeira. “Aliás, ao contrário de prejuízo, o aplicador vai provavelmente ganhar com a queda da inflação até a metade do ano que vem”, diz.
Renda fixa: Expectativas de inflação em queda
O mais recente Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, mostrou uma queda na previsão para o IPCA em 2023. A expectativa para a inflação no fim do ano baixou de 4,90% para 4,84%.
Agora, a estimativa fica mais perto da convergência à meta já em 2023. O alvo estabelecido para o ano é de 3,25% – com tolerância de 1,50 ponto percentual, o que deixa o teto em 4,75%.
Para 2024, houve uma redução na projeção, de 3,90% para 3,89%. Os prognósticos para 2025 e 2026 foram mantidos em 3,50%. A meta para os próximos três anos foi definida em 3%.
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