Sem tempo? Nossa ferramenta de IA resume para você! Clique abaixo para ler
O Copom deve anunciar um aumento na Selic, com expectativas de alta entre 0,75 e 1 ponto percentual. A decisão visa controlar a inflação desancorada e a deterioração fiscal. Analistas destacam a importância de um comunicado firme para manter a credibilidade do Banco Central e evitar desancoragens nas expectativas de inflação.
O Comitê de Política Monetária do Banco Central anuncia no começo da noite desta quarta-feira (11) a taxa Selic que irá vigorar nos próximos 45 dias. Tudo indica que o Copom vai acelerar o ritmo de alta dos juros. Então, a dúvida está na intensidade do aumento: se de 0,75 ou de 1 ponto percentual.
Atualmente em 11,25%, a Selic pode fechar 2024 em 12,25%. Isso se a opção for pelo aperto maior. Assim, a taxa voltará ao mesmo nível de dezembro do ano passado.
Por que a Selic vai subir?
Principalmente pelas expectativas de inflação desancoradas. A equipe econômica do C6 Bank, liderada por Felipe Salles, destaca que houve deterioração adicional relevante no cenário desde o último Copom.
Dessa forma, com base nos dados do Boletim Focus, a projeção do IPCA subiu de 4,62% para 4,84% em 2024. Passou de 4,10% para 4,59% em 2025. E avançou de 3,65% para 4% em 2026.
“Diante disso, o comitê deve optar por um ajuste mais intenso nos juros, de 75 pontos-base. Essa estratégia manteria, na visão do BC, a política monetária compatível com a convergência das projeções de inflação para a meta no horizonte relevante”, afirma o time do C6.
Tom mais duro do Copom
Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, cita também a frustração com o pacote fiscal do governo Lula. O plano de corte de gastos aguardado pelo mercado foi apresentado junto com a proposta de ampliar a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.
“A decepção com as medidas do executivo transferiram boa parte do calor para o Congresso e para o Banco Central. Os agentes esperam não apenas um aumento de no mínimo 0,75 ponto percentual na Selic. Mas também um comunicado que renove de forma incisiva o compromisso de trazer a inflação para meta, além de decisão unânime”, avalia Igliori.
Para o economista, até mesmo a transição no comando do BC mexe com o rumo dos juros. Ou seja, conforme ele, qualquer sinal de que a inflação acima da meta será tolerada pode abrir caminho para novas revisões e mais desancoragem nas expectativas.
“Estamos chegando ao final de 2024 com analistas questionando o poder da política monetária em derrubar a inflação e se perguntando se corremos os risco de entrar em dominância fiscal. Não acredito que já estejamos perto disso, mas todo cuidado é pouco”, alerta.
Credibilidade em jogo
Dentro da combinação inflação desancorada e deterioração fiscal, Álvaro Frasson, economista do BTG Pactual, acrescenta a disparada do dólar. O banco está entre as instituições financeiras que apostam na alta de 1 ponto percentual.
“O Copom se tornou uma espécie de âncora de curto prazo para evitar novas depreciações na taxa de câmbio, a fim de controlar mais uma rodada de fortes desancoragens nas expectativas de inflação”, aponta Frasson.
Na avaliação do economista, com o enfraquecimento da credibilidade fiscal, em razão da baixa capacidade de geração de superávit primário nos próximos anos, o custo do refinanciamento da dívida pública se elevou. Logo, tornando ainda mais desafiador o trabalho de estabilização da relação dívida/PIB.
Dessa maneira, considera ele, sem novas narrativas que permitam o investidor acreditar em responsabilidade nas contas públicas, a política monetária se tornou o mecanismo de ajuste para evitar novas saídas de capital.
“Sem alternativas de gradualismo, o comitê precisará chegar em um nível de taxa de juros significativamente contracionista para manter a sua credibilidade de buscar a meta de inflação no horizonte relevante de forma bastante acelerada. Por este motivo, acreditamos que o Copom optará por uma elevação de 100 bps. Levando a Selic para 12,25%”, projeta o economista do BTG.