O Pix completou seu primeiro ano nesta terça-feira e se consolida como o item de maior sucesso da agenda de modernizações em meios de pagamentos do Banco Central. De fácil compreensão, o meio de pagamentos instantâneos caiu rapidamente no gosto dos brasileiros e tinha, até o fim de outubro 112,6 milhões de usuários, dos quais 105,2 milhões são pessoas físicas e os demais, empresas. Esse contingente somava 348,1 milhões de chaves cadastradas.
Sucesso nas transferências entre pessoas, o Pix tem pela frente dois grandes desafios. Um deles está relacionado à segurança — nos últimos meses, multiplicaram-se relatos de golpes envolvendo o serviço. A outra grande questão é a adesão ainda baixa do varejo à tecnologia.
De acordo com dados do Banco Central (BC), 75% das transações realizadas em outubro foram transferências feitas entre pessoas. físicas. Os pagamentos de pessoas para empresas representaram 16% da quantidade total de operações. Sob a ótica do copo meio cheio, o percentual mais que dobrou em relação a dezembro do ano passado, mas pouco variou nos últimos meses.
Em termos de volumes, os pagamentos com Pix de pessoas para empresas movimentaram R$ 51,8 bilhões no mês passado, ou 10% do total girado pelo meio de pagamentos instantâneos.
O gargalo está na aceitação da tecnologia no comércio, e isso requer vários passos. O primeiro deles é o credenciamento dos lojistas. Assim como acontece com as maquininhas de cartões, é preciso que os estabelecimentos estejam preparados para receber dessa forma. Há também a necessidade de integração do Pix com os sistemas usados pela empresa. Por fim, existe ainda uma questão de hábito — ainda que os boletos tenham uma série de ineficiências, os comerciantes estão habituados a eles e uma eventual substituição de um pelo outro não será imediata.
O próprio BC já sinalizou esperar que a adesão do varejo seja gradual e aumente com a integração de novas funcionalidades ao sistema, como saque, troco e linhas de crédito. No fim de outubro, o serviço passou a ser integrado ao open banking, o que significa que será possível iniciar um pagamento com Pix, ou seja, será possível pagar uma conta em um site ou app sem a necessidade de trocar de tela.
Bancos e fintechs também começam a oferecer funcionalidades para encurtar esse caminho, caso dos boletos que trazem tanto o tradicional código de barras quanto o QR Code para pagamento instantâneo.
Outro dos desafios que o Pix enfrenta não está propriamente no meio de pagamento. É uma questão de segurança pública. São crescentes os relatos de golpes e sequestros-relâmpago em que criminosos forçam as vítimas a transferir dinheiro usando a tecnologia. O BC e os bancos acabaram adotando uma série de medidas para tentar controlar o problema, como restrições para transações em determinados dias e horários. Ainda assim, há quem venha optando por deixar o aplicativo do banco em um segundo celular ou por deixar uma conta com Pix “para o bandido”.