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Europa estuda como compensar corte de ajuda de Trump à Ucrânia
Líderes europeus começaram negociações discretas sobre como ajudar a Ucrânia a se defender da invasão da Rússia sem o apoio de Washington.
Ao mesmo tempo, eles tentam convencer o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, a não cortar a ajuda a Kiev.
Em reunião na capital da Hungria, Budapeste, dirigentes da União Europeia discutiram as consequências da vitória de Trump.
E, pela primeira vez, avaliaram se os governos europeus teriam condições de compensar a perda de recursos, caso Trump corte ajuda americana à Ucrânia.
Sem EUA, Ucrânia pode mergulhar num futuro incerto
Essa discussão se dá em um momento de extraordinária insegurança, fragilidade econômica e crise política na Europa.
Enquanto as forças russas garantem ganhos no campo de batalha na Ucrânia, Trump prometeu uma redução drástica na proteção militar dos Estados Unidos.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse a seus colegas europeus em Budapeste que, embora ainda não saiba o que Trump pretende fazer, é Kiev que precisa “decidir o que deve e o que não deve estar na agenda para acabar com esta guerra”.
Mais tarde, ele disse que, se Washington cortar os recursos, os líderes europeus poderiam dar à Ucrânia os US$ 300 bilhões em ativos do banco central russo que estão congelados, a maioria em instituições financeiras europeias.
Muitos governos europeus, como os da Alemanha e da França, relutam em confiscar os ativos por temer que isso enfraqueça a confiança no euro.
“Nosso interesse é que a Rússia não ganhe esta guerra. Porque se vencer, significa que haverá um poder imperialista enfileirado em nossas fronteiras”, disse o disse o presidente francês, Emmanuel Macron.
Trump já afirmou que quer acabar rapidamente com o conflito na Ucrânia, embora não tenha explicado como pretende fazer isso.
Ele se opôs aos pacotes de ajuda militar americana para Kiev e tem falado de maneira positiva sobre seu relacionamento com o presidente russo, Vladimir Putin.
E se Trump cumprir promessa e os EUA pularem fora?
Até o momento, Trump não disse se reduzirá sua ajuda à Ucrânia ou pedirá aos aliados que assumam uma parte maior dessa conta.
A Ucrânia tem uma dependência extrema da assistência militar estrangeira e da ajuda orçamentária de seus aliados ocidentais.
No jantar no Parlamento da Hungria, líderes dos EUA e de alguns países europeus concordaram que a Europa deve estar preparada para aumentar seu apoio à Ucrânia, se necessário.
Há temores de que, se Putin vencer a guerra, ele pode decidir testar as fronteiras da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Outros governantes, como Macron e a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, reagiram com cautela.
Meloni reiterou seu apoio à Ucrânia, mas disse que teria de justificar perante os eleitores uma proposta para gastar mais com Kiev se os EUA cortarem o apoio.
Outros países, como Hungria e Eslováquia, questionam o apoio ocidental à Ucrânia e são contra ampliar a ajuda e o fornecimento de armas.
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, um dos aliados europeus mais próximos de Trump, defende um cessar-fogo o mais rápido possível.
Assim, uma alta autoridade da UE disse que é possível pedir que a Comissão Europeia apresente opções de financiamento quando os líderes se reunirem em Bruxelas, em dezembro.
“Precisamos passar uma mensagem clara aos EUA de que apoiamos a Ucrânia pelo tempo que for necessário”, disse o primeiro-ministro finlandês, Petteri Orpo.
EUA e Europa já deram mais de US$ 200 bi de ajuda à Ucrânia
Até agora, os EUA têm sido o país que dá mais ajuda à Ucrânia.
De acordo com o Council on Foreign Relations, até setembro os EUA destinaram US$ 106 bilhões à Ucrânia desde a invasão da Rússia, em fevereiro de 2022, o que inclui US$ 70 bilhões em ajuda militar.
A UE informa que o bloco de 27 países forneceu à Ucrânia US$ 133 bilhões em assistência financeira, humanitária, militar e para refugiados.
Enquanto os EUA conseguiram obter grandes volumes de equipamento militar para enviar à Ucrânia, a Europa enfrenta restrições muito maiores para oferecer assistência militar.
Seus estoques de armas são cada vez menores e sua indústria de defesa é menos robusta.
Desde sua vitória eleitoral, Trump conversou com muitos líderes da UE.
Na quarta-feira, Macron pressionou Trump a garantir que qualquer negociação com a Rússia sobre a Ucrânia resulte em concessões reais do Kremlin.
Autoridades europeias acreditam que, embora Trump tenha prometido acabar com as guerras que começaram no governo Biden, ele quer ser visto como um homem forte e uma vitória russa na Ucrânia poderia ser um revés importante.
Com informações do Valor Econômico
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