Dólar recua mais de 2,5% após vitória de Lula nas eleições presidenciais

Moeda chegou a subir 2% na abertura do mercado em postura "defensiva" após o resultado das eleições

Após passar a manhã da abertura do mercado no “day after” das eleições em alta, o dólar recua contra o real na manhã desta segunda-feira, enquanto os investidores avaliam o resultado do segundo turno das eleições presidenciais, que trouxe a vitória do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na véspera. As dúvidas sobre qual será a política fiscal adotada e os nomes que irão compor sua equipe econômica geram temores entre os agentes. Ao mesmo tempo, o mercado de câmbio também é pressionado pela disputa da Ptax de fim de mês, que acontece hoje, além do clima mista no ambiente externo.

Na manhã desta segunda-feira (31), o dólar iniciou o pregão pressionando o Real. Mas, no fechamento do Ibovespa, a moeda recuou 2,54%, a R$ 5,166, enquanto o dólar futuro para novembro caiu em 1,21%, a R$ 5,257.

Em uma disputa apertada, o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva venceu sua terceira eleição para a Presidência da República, com 50,90% dos votos válidos, contra 49,10% do candidato à reeleição e atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). Foi a primeira vez que um presidente não conseguiu a reeleição no Brasil.

Mercado na “defensiva” à eleição de Lula

“A primeira reação do mercado parece ser defensiva em relação à eleição do Lula”, avalia o diretor da FB Capital, Fernando Bergallo, que pondera que, contudo, a continuidade ou direção do movimento será impactada a partir da indicação de que Bolsonaro irá aceitar o resultado da votação e da indicação de Lula de nomes da sua equipe econômica.

“Há um temor com o futuro da economia no país. Então, obviamente, a primeira reação seria negativa frente a mudança do governo e qualquer mudança de rumos gera incerteza no mercado. Na incerteza, o processo de liquidar as posições é o primeiro a se fazer”, avalia o sócio fundador da Fatorial Investimentos, Jansen Costa.

Com isso, na abertura, o dólar chegou a subir 2% contra o real porém, nos minutos seguintes, o movimento arrefeceu parcialmente. “A reação inicial foi exacerbada. Em meio a um ambiente que favorece volatilidade, com a formação da Ptax e exterior misto”, comenta Bergallo, da FB Capital. A Ptax é a taxa de câmbio utilizada como referência para liquidação de contratos de derivativos.

“Estamos no ‘day after’ de um processo eleitoral intenso e polarizado, e acredito que, a partir de agora, mercado deve reagir pontualmente a cada informação que seja divulgada por aqui”, comenta Bergallo.

Enquanto isso, no exterior, o mercado se prepara para a reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), que toma nova decisão de política monetária na quarta-feira. O índice DXY, que mede a força do dólar ante uma cesta de seis divisas principais, operava em alta de 0,55%, aos 111,360 pontos. A moeda americana também subia 0,42% ante o peso mexicano, 1,36% ante o rand sul-africano, 0,07% ante a lira turca; além de 0,42% ante o dólar canadense e 0,05% ante a coroa norueguesa.

Este texto foi atualizado às 17h40 com informações do fechamento do Ibovespa*

Leia a seguir

Leia a seguir