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PIB do Brasil em 2024 tem sinal ‘mais positivo’ do que o de 2023; entenda
O PIB do Brasil em 2024 caminha para ter uma composição com sinais mais positivos para a economia do País do que em 2023, na avaliação de economistas ouvidos pela Inteligência Financeira. O viés mais otimista vem de uma dependência menor da economia em gastos do governo, cujo desembolso influenciou no crescimento da economia do ano passado, e mais setores contribuindo para o aumento além do agronegócio.
Assim, o PIB de 2024 traz boas notícias, por enquanto, principalmente para a indústria. Ao contrário de 2023, quando registrou queda, o setor de transformação na indústria sobe 4,2% em 2024. Para economistas, o consumo das famílias continua fortalecido e puxa investimentos em maquinário e materiais importados.
PIB de 2024 tem menos gastos do governo e mais das famílias
Para economistas, as despesas do governo, apesar de terem aumentado na base sazonal em 0,8%, devem ter um peso menor no PIB do Brasil em 2024.
No ano passado, gastos da administração pública registraram alta de 3,2% enquanto neste ano o indicador de consumo do governo avança 1,2%. Em paralelo, o consumo das famílias expandiu entre 2023 e 2024, de 3,2% para 5,1%.
O crescimento da demanda de famílias brasileiras vem escoando para mais áreas da economia. Isso leva o PIB a ser mais dinâmico e vem impulsionando principalmente o crescimento da indústria da transformação e de importações. Esta é a avaliação de Claudio Considera, coordenador de contas nacionais do FGV Ibre.
“Houve uma explosão de investimentos na formação bruta de capital fixo, você teve um forte crescimento de máquinas e equipamentos”, diz Considera. “Realmente, o gasto do governo foi maior em 2023. Nesse ano temos aumento da indústria e das importações, de bens de capital importados. Diria que é um crescimento melhor (do que o de 2023)”, afirma.
O crescimento da indústria de transformação é uma das pistas que mostram um aquecimento da economia por bens duráveis. Na avaliação do economista, brasileiros aproveitaram a janela de juros mais baixos no primeiro trimestre para comprarem eletrodomésticos e móveis, com parcelas mais baratas.
Neste ano, a indústria de transformação acumula alta de 3,2%, em contraste com a queda de 1,3% absorvida em 2023.
O PIB de 2024, assim, possui uma composição mais saudável, concorda Luis Leal, economista da G5 Partners.
“O PIB de 2023 subiu pelo setor externo, além do ‘PIB Agro’ pelo lado de oferta. Pelo lado da demanda, o consumo do governo puxou resultados”, explica Leal.
“Neste ano estamos com uma absorção interna e com menos exportação. Ou seja, a sensação de crescimento é maior”, pontua.
O crescimento acima do esperado no terceiro trimestre levou a revisões da projeção de PIB de diversos agentes do mercado financeiro.
O que esperar do PIB de 2025?
O otimismo para o PIB do Brasil 2024 arrefece entre economistas quando o assunto trata de perspectivas para a economia em 2025.
O Boletim Focus, assim como economistas consultados, prevêem uma queda no PIB de 2025 para 2% de alta. Com o crescimento da economia acima do potencial e juros em alta, a expectativa é de um resultado mais fraco.
Para o economista da G5 Partners, o primeiro trimestre de 2025 ainda deve registrar avanço significativo. O PIB do agronegócio deve ajudar, com previsão de safra recorde no campo. Mas, depois, a demanda puxada pelo consumo deve cair.
“Não teremos absorção interna tão forte quanto tivemos neste ano”, diz Luiz Leal. “Gastos do governo vão desacelerar, além disso, a Selic será mais restritiva. Teremos um PIB mais fraco, não uma queda abrupta”, afirma.
Para Felipe Salto, economista da Warren Investimentos, o PIB mais alto em 2024 deve refletir ainda o período de juros mais baixos, quando o BC chegou a baixar a Selic até 10,50%.
A desvalorização do câmbio somada à previsão de que a inflação deve ficar fora da meta por mais tempo podem forçar o BC “a uma política ainda mais contracionista”, afirma Salto.
Por essa razão, o PIB deve desacelerar para algo em torno de 2% em 2025, calcula a Warren.
Claudio Considera, do FGV Ibre, contudo, mantém o otimismo.
“Eu acho que a economia crescerá mais no ano que vem”, afirma.
O economista conta com os efeitos da super safra de 2024 a 2025 e, em contrapartida, uma perda nem tão grande de produtividade na indústria.
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