Dividendo de bancos e empresas de serviços públicos deve brilhar primeiro após corte na Selic

Companhias setorialmente consolidadas e com endividamento controlado estão entre as mais indicadas

Acionistas de Instituições financeiras e de concessionárias de serviços públicos devem ser os primeiros a perceber um aumento da distribuição de lucros, os dividendos, como resultado do ciclo de cortes da Selic, esperado para começar no segundo semestre.

Segundo analistas consultados pela Inteligência Financeira, embora todo o mercado deva se beneficiar do alivio no aperto monetário, empresas consolidadas, com grande geração de caixa e com baixo endividamento, reúnem o melhor conjunto para mais rapidamente transformar isso em maior remuneração a investidores que buscam uma renda passiva com dividendos.

É aí que se encaixam companhias como concessionárias de energia e de telecomunicações, ou financeiras como bancos, seguradoras e de meios de pagamentos.

“Ações do setor bancário e elétrico vão se beneficiar (dos cortes na Selic), são setores que já possuem uma boa previsibilidade de distribuição de dividendos, mas de alguma foram tiveram seus resultados pressionados no ciclo de alta de juros”, afirmou Luan Alves, analista-chefe da VG Research, citando entre os nomes preferidos para esse cenário as elétricas CPFL (CPFE3) e Alupar (ALUP11), além de Bradesco (BBDC3).

Setores já pagam bons dividendos

Energia e finanças já têm sido os setores mais frequentes nas carteiras de dividendos recomendadas por analistas nos últimos meses, além é claro das gigantes Petrobras (PETR3; PETR4) e Vale (VALE3).

Entre as elétricas, Engie (EGIE3) é um dos nomes mais indicados, seguida por Transmissão Paulista (TRPL4) e Taesa (TAEE11) e Copel (CPLE3). Em telefonia, Telefônica (VIVT3) e Tim (TIMS3) também são nomes vistos como potenciais candidatas a se sobressaírem com a Selic em queda.

Banco do Brasil (BBAS3) e Itaú Unibanco (ITUB4) são os nomes mais sugeridos para o pagamento de dividendos entre as empresas de finanças.

Ambos já têm registrado níveis de lucratividade superiores à média do setor nos últimos trimestres, situação que os analistas avaliam que deve se estender num cenário de afrouxamento monetário.

“Com empréstimos e financiamentos mais baratos, as pessoas tendem a buscar empréstimos”

Chefe de análise da Dividendos.me.

Dividendos contra taxa de juros

Manter níveis de remuneração a acionistas por meio de dividendos atrativos num período com taxa básica do país em 13,75% ao ano, máxima desde 2016, tem sido uma barreira instransponível para a maioria das empresas listadas na B3. Segundo um levantamento recente da Trademap, somente a Petrobras (PETR4) tem conseguido esse feito em 2023, entre as ações de maior liquidez.

Segundo a consultoria, o lucro líquido total de 295 companhias listadas na bolsa paulista caiu mais de 17% em 2022 ante 2021, movimento provocado em parte pelas maiores despesas com pagamento das dívidas, que subiram quase 50%.

Simultaneamente, analistas têm pinçado outros setores que, acreditam, se beneficiarão de efeitos indiretos da Selic menor. O BTG Pactual, por exemplo, incluiu B3 (B3SA3) na carteira, argumentando que a operadora de infraestrutura de mercado tende a colher os frutos de uma recuperação do mercado de capitais.

“Ao nos aproximarmos cada vez mais de uma dinâmica de mercado mais favorável (potencial início de um ciclo de queda de juros no segundo semestre) para ativos de renda variável, acreditamos que a relação de risco/retorno é interessante para possuir as ações da B3 neste momento”, afirmaram Bruno Lima, Luis Mollo, Marcel Zambello e Vitor de Melo, em relatório.

Empresas cuja dívida é altamente vinculada à Selic são em geral candidatas a se beneficiarem do corte na taxa, desde que tenham nível de endividamento controlado, segundo os analistas.

Uma das empresas que o Itaú BBA enxerga com essas qualificações é a locadora de caminhões e equipamentos pesados Vamos (VAMO3). “A dívida é altamente flutuante e atrelada à Selic. Isso é potencializado pelo perfil de crescimento da Vamos, o que torna sua avaliação ainda mais sensível a um cenário de ciclo de flexibilização”, escreveu Daniel Gasparete.