O que é e qual a função e importância do Copom?

Decisões do colegiado ligado ao Banco Central impactam diretamente na inflação, no valor do dinheiro, na atração de investimentos e oferta de crédito

Nos dias 19 e 20 de março de 2024 o Copom (Comitê de Política Monetária) realizará a próxima reunião na qual serão discutidos os rumos da taxa básica de juros (Selic) e a situação econômica do Brasil.

O encontro do órgão ocorre a cada 45 dias e discute se a Selic vai para cima, para baixo ou se fica estável.

Assim, essa decisão do Copom influencia o comportamento da inflação no país e até mesmo o custo do financiamento de compras das mais diversas, como a de casas, carros e eletrodomésticos.

“Em maior ou menor grau, a decisão do Copom impacta no dia a dia do brasileiro, dado que, no cenário atual, a gente está tentando frear a inflação e trazer ela para o centro da meta. O cidadão também vai sentir (a possível redução) nas taxas praticadas pelo mercado de empréstimo, principalmente nos mais longos, que acabam tendo uma convergência com a Selic”, afirma a economista e professora de finanças pessoais, Virginia Prestes.

O que é o Copom?

Então, o Copom é um órgão do Banco Central (BC), formado por um presidente e oito diretores do BC, que possuem mandatos de quatro anos.

Assim, eles se reúnem a cada 45 dias para tratar sobre a taxa básica de juros da economia (Selic).

Quando foi instituído em 1996 o Copom possuía apenas o objetivo de estabelecer as diretrizes da política monetária e de definir a taxa de juros.

Três anos depois o órgão passou a ter como objetivo cumprir as metas para a inflação definidas pelo CMN (Conselho Monetário Nacional).

“As mudanças serviram para aperfeiçoar o processo decisório no âmbito do Comitê e refletem as mudanças de regime monetário. A criação do Comitê buscou proporcionar maior transparência e ritual adequado ao processo decisório”, afirma Gianluca di Mattina, especialista em investimentos da Hike Capital.

Carta do presidente do BC

De acordo com o BC, caso as metas não sejam atingidas, cabe ao presidente do Banco Central divulgar, em carta endereçada ao presidente do CMN, os motivos do descumprimento.

Ele também deve informar as providências e prazo para o retorno da taxa de inflação aos limites estabelecidos, que atualmente é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Portanto, é o Copom o responsável por boa parte da missão do BC de “garantir a estabilidade do poder de compra da moeda, zelar por um sistema financeiro sólido, eficiente e competitivo, e fomentar o bem-estar econômico da sociedade”.

Como são as reuniões do Copom?

Dessa maneira, as decisões do Copom são tomadas por um colegiado em reuniões que normalmente ocorrem em dois dias seguidos.

O calendário de reuniões de um ano é divulgado até o mês de junho do ano anterior.

Segundo o BC, a reunião do Copom segue um processo que “procura embasar da melhor forma possível a sua decisão”.

Então, os membros do Copom assistem a apresentações técnicas do corpo funcional do BC, que tratam da evolução e também das perspectivas das economias brasileira e mundial, das condições de liquidez e do comportamento dos mercados.

Logo após as demonstrações de números e da avaliação do cenário macroeconômico e dos possíveis riscos há a discussão entre os membros.

Todos votam.

Copom
Registro de reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central). Foto: Raphael Ribeiro/BCB

Divulgação da decisão do Copom

Dessa forma, a decisão é divulgada no mesmo dia pelo site do BC.

Já as atas da reunião são publicadas em até quatro dias úteis.

“O comunicado de manutenção, alta ou baixa da Selic também dá um panorama para o mercado de qual é a possível conduta dali para frente, se os membros ainda estão observando possíveis aumentos da taxa de juros ou não”, diz Prestes.

Qual impacto no dia a dia?

A vida do brasileiro sofre os impactos imediatos das decisões do Copom.

“Taxa de juros mais alta significa um nível de tomada de empréstimos mais caro. Ou seja, o custo do dinheiro fica mais elevado. E essa variação de um juro maior tem o intuito de restringir o crescimento econômico, restringir a inflação, por isso encarecer o valor do dinheiro”, afirma Enrico Cozzolino, sócio e head de análise da Levante Investimentos.

“Do outro lado, se os juros são cortados, a ideia é estimular a tomada de empréstimo, a tomada de risco, os investimentos em ativos que outrora eram mais arriscados para que a economia cresça e a inflação eventualmente possa acelerar. Então essa influência é direta na vida do cidadão comum”, conclui.

Então, os investidores também aguardam ansiosamente pela decisão do órgão do BC dado que investimentos de renda fixa, como CDBs e o Tesouro Direto, por exemplo, são indexados ao DI (Depósito Interbancário), que anda junto à Selic.

B3: painel mostra desempenho do Ibovespa. Foto: Amanda Perobelli/Reuters

“Ao ter um movimento de queda de taxa de juros, você também tem queda na remuneração do DI, dos CDBs que são indexados ao DI, então isso acaba impactando os investimentos de renda fixa. Já os investimentos de renda variável acabam tendo um movimento normalmente de correlação negativa, porque a queda da taxa de juros acaba favorecendo renda variável, que se torna mais atraente”, conclui Virginia Prestes.

Vinícius Pereira, repórter freelancer do JOTA