XP (XBPR31) sela a compra de fatia minoritária da Manchester Investimentos

Agora, os ativos sob custódia oriundos das assessorias que têm acordo societário com a XP somam cerca de R$ 160 bilhões

A XP (XPBR31) assinou proposta de aquisição de fatia minoritária relevante da Manchester Investimentos, assessoria ligada à rede, com R$ 16 bilhões na custódia da plataforma e mais de 20 mil clientes.

É o primeiro acordo do gênero selado no ano e o terceiro após a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) regulamentar a entrada de sócios capitalistas nos negócios dos antigos agentes autônomos, conforme a resolução 178, que passou a valer em meados de 2023.

Debaixo do marco regulatório, a XP fechou investimentos na SVN, Ável e Fami Capital, fruto da união de Faros e Messem, que voltou atrás no plano de ter uma corretora “light” plugada à instituição.

Contando com a Monte Bravo, que foi adiante no projeto da sua CTVM, os ativos sob custódia oriundos das assessorias que têm acordo societário com a XP somam cerca de R$ 160 bilhões, ou 14,5% do R$ 1,1 trilhão que a companhia tinha ao fim de março.

Disputa com BTG

Ao selar esse tipo de parceria, a XP dá liquidez para os escritórios investirem na expansão e, ao mesmo tempo, retém aqueles que considera relevantes da ameaça da concorrência, em especial a do BTG Pactual — que já foi mais agressivo na disputa.

“Essa é uma operação emblemática na rede porque a Manchester tem muita tradição, presença geográfica e qualidade, uma empresa com a qual temos parceria e alinhamento de longa data”, diz Bruno Ballista, sócio da XP responsável pelo canal de distribuição externo e relacionamento com clientes.

“Eles conseguem entregar um ecossistema completo para assessores de investimentos e para os clientes. E com crescimento. Ao longo dos anos, há uma perspectiva de geração futura de valor enorme.”

O executivo não abre a fatia que está sendo comprada nem as condições do acordo. Mas a XP voltou atrás naquele arranjo inicial de ter quase metade dos negócios. A estratégia agora é “dar espaço para o empreendedor fazer outras rodadas para monetizar a operação com outros sócios”.

Novos assessores

Diego Gonsalez, chefe-comercial do “B2B” da XP, diz que segue atento a novas oportunidades dentro da rede, buscando um portfólio complementar de investidas. “Há uma diligência grande na alocação de capital, queremos executivos empreendedores comprometidos com o crescimento na companhia.”

Em geral, uma parceria societária prevê injeção de recursos imediata, com a parcela mais importante à medida que o escritório concretize o plano pactuado.

Com os recursos, a Manchester quer ampliar a equipe e buscar atalhos via aquisições. A meta é chegar ao fim de 2024 com R$ 18 bilhões e ao longo de quatro anos bater R$ 50 bilhões, diz Henrique Baggenstoss, executivo-chefe do grupo.

Atualmente com 330 profissionais, progressivamente a companhia vai incrementar a equipe com a formação de novos assessores, atração de profissionais de bancos de segmentações premium.

Além de buscar oportunidades de consolidação de escritórios com algo entre R$ 500 milhões e R$ 2 bilhões, que não tenham a mesma infraestrutura que a Manchester construiu. Até 2024, o objetivo é adicionar 300 pessoas.

Sul e Sudeste

“Há escritórios que não oferecem ainda a solução completa, com crédito, câmbio, ‘offshore’ [assessoria para compra de ativos no exterior], mercado de capitais ou ‘wealth’ [gestão de patrimônio] para entregar, só que o cliente está demandando isso”, diz Baggenstoss. “E o setor vai passar por um período forte de consolidação que a gente pretende participar.”

O plano é olhar para escritórios que estejam precisando de “uma mão amiga para usufruir de uma estrutura que já existe”, acrescenta Lucas Pereira, sócio da Manchester responsável por expansão.

Ele conta que a assessoria já é bastante relevante no Sul e Sudeste e que a intenção é reforçar o time em cidades onde já tem presença, nos Estados de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro, e avançar pelo interior.

Fundada em 1967, em Joinville (SC), como uma corretora, a Manchester participou das aberturas de capital da WEG e da Cônsul no fim dos anos 60. Vendeu a carteira para a XP em 2007, transformando-se numa assessoria da rede.

Com informações do Valor Econômico