Quanto vai custar ter um robô humanoide em casa?
Jensen Huang, diretor-presidente da Nvidia, diz que os robôs são a próxima grande novidade, ou pelo menos uma delas. Isso é uma boa notícia para o Japão, potencialmente.
“O momento do ChatGPT para a robótica está chegando”, declarou o executivo, enquanto fazia a palestra principal na enorme feira de tecnologia CES, em 6 de janeiro, em Las Vegas. Sua empresa vai aumentar uma gama de ferramentas de software que permitirão a transição dos braços mecânicos das linhas de montagem atuais para os “humanoides” inteligentes do futuro, prometeu.
O Japão é o Vale do Silício da robótica industrial. Empresas como FANUC, Yaskawa Electric e Nachi-Fujikoshi produzem quase metade do fornecimento global de robôs, de acordo com a Federação Internacional de Robótica (IFR, na sigla em inglês).
As ações de empresas de robótica japonesas também ficaram para trás, ligadas à demanda morna dos fabricantes chineses, e não ao hype global sobre inteligência artificial. As ações da FANUC subiram 3% no ano passado.
O caminho para a reavaliação não é nada simples. A robótica industrial é um negócio maduro, com previsão de crescimento de 5% este ano, segundo Susanne Bieller, secretária-geral da Federação Internacional de Robótica. “Há muito dinheiro indo para robôs humanoides nos EUA e na China, mas não tanto no Japão”, ela diz.
A penetração significativa do que Huang chama de “IA física” vai esperar até a década de 2030, estima Tejas Dessai, diretor de pesquisa temática da Global X ETFs. Empresas como a Nvidia e os gigantes de software precisam primeiro construir os centros de dados necessários.
“Podemos ver um humanoide de US$ 30 mil a US$ 40 mil em cada casa”, diz ele. “Mas temos que moderar as expectativas quanto ao cronograma.”
Projetos pilotos intrigantes estão surgindo, particularmente no Japão, onde a escassez de mão de obra, impulsionada por uma população em declínio, se encontra com o entusiasmo por equipamentos avançados. Os clientes do DAWN Café, em Tóquio, são atendidos por robôs controlados remotamente por pessoas com deficiência espalhadas pelo país.
“Nosso objetivo é alcançar uma nova forma de participação social por meio da tecnologia”, diz o operador OryLab. Visitantes da capital podem se hospedar no Henn Na Hotel, onde todos os funcionários que atendem aos clientes são robôs.
Menos idealisticamente, Bieller vê um potencial aumento nos “manipuladores móveis”, braços robóticos tradicionais montados em rodas, para que possam, por exemplo, estocar e descarregar em armazéns. A Omron, uma empresa provavelmente mais conhecida por dispositivos médicos, está liderando a ofensiva japonesa nesse sentido. Dois concorrentes proeminentes, Robotnik Automation e PAL Robotics, estão baseados na Espanha.
A analogia de Huang com o ChatGPT é imprecisa, diz Bieller. A OpenAI foi capaz de “treinar” seu mago gerador de textos com um suprimento infinito de palavras gratuitas da internet. Os dados de desempenho dos robôs são guardados a sete chaves pelos fabricantes de automóveis e outros usuários finais.
A Nvidia está tentando compensar isso criando um tipo de fluxo de dados sintético. Como diz o comunicado da empresa, “gêmeos digitais de fábricas e outros ambientes que duplicam com precisão as características físicas”. Isso também pode levar um tempo, mesmo para o maior desenvolvedor de microchips do mundo.
Mas o precedente do ChatGPT, e o frenesi subsequente com as ações relacionadas à IA, nos ensina que novas tecnologias podem parecer distantes até que, de repente, estejam em todos os lugares ao mesmo tempo – pelo menos para os investidores.
Se e quando o momento da robótica chegar, é difícil imaginar que os líderes tradicionais do Japão no setor não se beneficiem.
“Agora é o momento de se conscientizar dos produtos que estão sendo desenvolvidos e pesquisar as empresas”, diz Neil Newman, chefe de estratégia da Astris Advisory, em Tóquio.
Com informações do Valor Econômico
Leia a seguir