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Brasil ficaria mais pobre se Petrobras parasse de produzir petróleo hoje, diz Magda Chambriard
Empresas citadas na reportagem:
A presidente da Petrobras (PETR4), Magda Chambriard, afirmou que a empresa estaria “ajudando a sujar” o planeta caso parasse, hoje, de produzir petróleo precisasse importar toda o insumo para atender ao mercado nacional, além de tornar o Brasil mais pobre.
Segundo ela, em participação no programa Canal Livre, da Band TV, na noite do domingo (29), a pegada de carbono do petróleo produzido pela Petrobras é metade da média mundial e 50% da matriz energética brasileira é composta por fontes renováveis.
No mundo, destacou, o percentual médio é de 16% e que os planos do país são de elevar o índice para 64% em 2050, contra cerca de 38% da média mundial em 25 anos, “número que o Brasil ultrapassou faz tempo”.
A executiva ressaltou que o DNA da estatal é de ser uma empresa de petróleo, gás natural e refino, com previsão de investimentos de quase US$ 80 bilhões nestes segmentos nos próximos cinco anos, de um total de US$ 11 bilhões projetados no plano de negócios 2025-2029, lançado em novembro.
Mas salientou que a empresa está produzindo cada vez mais combustíveis renováveis, especialmente o óleo diesel coprocessado (no qual o óleo vegetal é processado em conjunto com o fóssil nas refinarias) e o óleo combustível para navegação, conhecido como “bunker” com adição de 24% de óleo renovável, entre outras iniciativas.
Ela reiterou os planos da Petrobras para a produção de hidrogênio verde e de combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês), além de retornar para o segmento de etanol, do qual saiu há cinco anos.
“A Petrobras está pisando no acelerador e indo forte no escopo da transição energética”, afirmou.
A executiva afirmou também que parte do aumento da expansão da produção de derivados de petróleo em 200 mil barris por dia nos próximos cinco anos virá do recém-inaugurado Complexo de Energias Boaventura, antigo Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), localizado no município de Itaboraí (RJ).
O complexo foi inaugurado em meados de setembro, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após a conclusão das obras da unidade de processamento do gás natural do pré-sal da Bacia de Santos.
Na entrevista, ela explicou que o complexo será “pouco menor” do que o Comperj e “bem maior” do que o Gaslub. Recordou que “num passado recente, o Compej não aconteceu” e se tornou um projeto de processamento de gás natural e de uma fábrica de lubrificantes.
A decisão de rebatizar o polo pela Petrobras se deu para “jogar luz” sobre um patrimônio histórico brasileiro e dizer que o projeto não é “nenhuma coisa [Comperj] nem outra [Gaslub], mas é grandioso”.
O complexo de energia Boaventura é o terceiro nome da unidade, que inicialmente era batizado de Comperj e foi renomeado para Polo Gaslub pelo governo de Jair Bolsonaro em 2019.
A pedra fundamental foi lançada em 2006 e as obras, iniciadas em 2008, mas foram paralisadas em 2015, após as denúncias de corrupção investigadas pela Operação Lava-Jato, a partir de março de 2014. Ao todo foram investidos cerca de US$ 13 bilhões (cerca de R$ 82,3 bilhões) desde o lançamento do Comperj.
Preços dos combustíveis da Petrobras hoje
Magda Chambriard disse também que os preços dos combustíveis produzidos pelas refinarias da estatal estão “sensivelmente” menores do que os verificado no dia 31 de dezembro de 2022, último dia do governo de Jair Bolsonaro. Chambriard negou que a companhia tenha prejuízos após “abrasileirar” a fórmula de cálculo dos preços dos combustíveis.
Segundo ela, gasolina, óleo diesel, gás de cozinha (GLP) e querosene de aviação (QAV) estão com preços inferiores aos praticados pela companhia há dois anos, quando era vigente o chamado preço de paridade de importação (PPI), fórmula que considerava como principais fatores o câmbio e a cotação do petróleo do tipo Brent no mercado internacional.
Em entrevista ao programa “Canal Livre”, da Band TV, Chambriard disse que no caso do diesel, os preços são 30% inferiores aos cobrados pelas refinarias no último dia de 2022 e que não sofrem reajustes há um ano e meio. Afirmou também que aumentou “muito pouquinho” os preços da gasolina e do GLP um mês depois de ter assumido a presidência da estatal, no fim de maio.
“Estamos fazendo dinheiro mesmo depois de abrasileirar os preços e evitando volatilidades no mercado interno”, disse Chambriard.
A executiva disse também que não pode responder por quedas maiores de preços para o consumidor final porque a companhia não chega mais às bombas, desde que vendeu a BR Distribuidora.
A Petrobras vendeu o braço de distribuição de combustíveis em julho de 2019, em uma oferta de ações ao mercado. A operação foi concluída em junho de 2021, com a alienação do restante das ações da companhia, que passou a se chamar Vibra Energia.
De acordo com a executiva, a Petrobras é responsável por parte dos preços finais que chegam aos consumidores, sendo que a outra parte não compete à estatal, mas a outros atores: “Acontecem muitas coisas que estão além das nossas possibilidades”.
Chambriard disse ainda que “por enquanto” não pensa em retomar discussões ou planos para recomprar a Vibra, mas disse que a estatal tem possibilidade de vender combustíveis diretamente a grandes consumidores.
Como exemplo, ela destacou recente parceria com a Vale para comercializar alguns combustíveis especiais, como o diesel coprocessado, com parcela adicionada de biocombustível, e de óleo combustível para navegação com adição de 24% de renovável.
“Pensamos, sim, em conversar e abordar as grandes empresas brasileiras e ver o que elas precisam, principalmente combustíveis com mais teor de renováveis e em termos de vendas diretas”, afirmou.
Com informações do Valor Econômico
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