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Azul (AZUL4) sinaliza passagem aérea mais cara com disparada do dólar
A Azul sinaliza aumento nas tarifas aéreas devido à alta do dólar, que ultrapassou R$ 6. Executivos destacam que a indústria está reagindo ao aumento e que a tarifa tem crescido mais rápido que a desvalorização da moeda. A empresa concluiu reestruturação com credores e espera liberar mais recursos em breve. CEOs das principais aéreas se reunirão com a Petrobras para discutir o preço do combustível.
Empresas citadas na reportagem:
As recentes altas do dólar contra o real, reflexo de um tumulto no mercado após os recentes anúncios do governo federal, têm levado a uma subida no valor das tarifas aéreas. A sinalização foi dada por executivos da Azul durante o Azul Day, na terça-feira, em Nova York. Nos últimos dias, o dólar tem sido negociado acima de R$ 6.
“A indústria está reagindo a esse aumento. Tivemos a Black Friday, mas antes registramos recordes de tarifa. E isso é bom. A indústria deve reagir. Há uma curva de reservas e demora para recompor preço, mas a história mostra que conseguimos”, disse Abhi Manoj Shah, presidente da Azul, em conferência.
John Rodgerson, CEO da Azul, disse que parte da força da empresa está na sua malha aérea “Somos a única aérea a operar em 82% das nossas rotas. E somos líderes em 91% das rotas que operamos. Quando voamos para uma cidade, queremos dominá-la”, disse o executivo.
“Estamos confiantes para o guidance que temos de Ebitda (R$ 7,4 bilhões em 2025). Queremos destacar que temos habilidade de atravessar crises. E a tarifa tem crescido mais rápido do que a desvalorização da moeda”, afirmou Rodgerson.
Dólar em alta x preço das passagens aéreas
Alexandre Wagner Malfitani, diretor financeiro da empresa, explicou que cada aumento de 5% no dólar exigiria um aumento de 3% nas tarifas para compensar o impacto nas despesas e no caixa.
“A gente precisa ter esse aumento de tarifa. E temos sido capazes de subir. Não é o caso de o dólar subir hoje e aumentar a tarifa amanhã. Isso acontece com o tempo”, acrescentou.
Malfitani disse que o mercado brasileiro tem forte resistência a subidas de preço diante da concentração do consumo na fatia mais rica do país.
“Quanto seria demais? O mercado brasileiro vai continuar aceitando [aumentos]? Quem voa no Brasil são os 50 milhões de brasileiros mais ricos. Esses passageiros estão bem. O Brasil tem hoje uma das menores taxas de desemprego na história.”
Shah destacou que o crescimento da empresa não tem acontecido em áreas com competição elevada, o que levaria a margens melhores. A menor competição, por exemplo, ocorre em Guarulhos.
“Deixamos o mercado para eles. Focamos o mercado onde somos fortes. A Latam costumava voar do nosso hub em Campinas, agora não. Todas as aéreas no Brasil estão focando nos hubs em que elas são fortes e isso é uma evolução positiva. A indústria não está tentando se matar ou roubar market share porque é divertido”, disse Shah.
Rodgerson avaliou que o mercado brasileiro tem grandes potenciais de crescimento, apesar de desafios como a economia e o elevado custo do combustível. “Se a gente crescer no Brasil para o mesmo nível de demanda do México ou Colômbia, a gente precisaria de outras três aéreas como a Azul”, disse Rodgerson.
Reestruturação da Azul
O CEO da Azul destacou ainda que a empresa está em um bom momento após concluir sua reestruturação com credores. “Enfrentamos muitos desafios, mas nunca estive tão animado com nosso futuro como agora. Porque temos parceiros”, disse Rodgerson.
Em outubro, a Azul conseguiu fechar uma captação de US$ 500 milhões com detentores de dívidas no exterior (“bondholders”). A melhora no fluxo de caixa é uma condição para a companhia acessar toda a quantia.
Do total fechado com os credores, US$ 150 milhões já entraram na conta e US$ 250 milhões devem ser liberados em breve, após o cumprimento de algumas condições. Após o sinal verde dos credores, a aérea mira agora arrumar a casa e, assim, destravar a última parcela do empréstimo, no valor de US$ 100 milhões.
“Somos a única aérea no Brasil que não entrou em Chapter 11 e não teríamos conseguido isso sem o apoio dos stakeholders e sem o nosso modelo de negócios”, disse Malfitani. O executivo destacou ainda que a ajuda financeira que a empresa conseguiu de US$ 500 milhões representa quase um ano de pagamentos de arrendamentos da empresa – na casa de US$ 600 milhões.
Reunião com a Petrobras
Os CEOs das três maiores aéreas do Brasil, Latam, Gol e Azul, vão se reunir no próximo dia 9 com a presidente da Petrobras, Magda Chambriard. A sinalização foi dada por John Rodgerson, CEO da Azul, durante evento da companhia em Nova York.
“Vamos ter uma reunião com a presidente da Petrobras para entender o que está acontecendo e como podemos atacar isso [o elevado preço do combustível]”, disse Rodgerson, no Azul Day. O preço do combustível é uma das principais pautas da indústria hoje na direção de uma maior competitividade.
Rodgerson destacou ainda que a empresa espera que os recursos do Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC) sejam liberados às aéreas no primeiro trimestre do ano que vem.
Negócio com a Gol
O fundador e controlador da Azul, David Neeleman, afirmou que a empresa precisava ser “consertada” antes de que uma eventual conversa sobre uma fusão com a Gol pudesse acontecer. “Tínhamos de nos consertar para falar sobre isso. Tínhamos de estar em uma posição melhor para tratar de uma fusão. Tínhamos de ter uma posição forte”, disse, durante o Azul Day.
Sobre o tema, John Rodgerson, CEO da empresa, disse que as conversas estão caminhando. Ele afirmou que, em geral, consolidações são a melhor alternativa de retorno a investidores. “Se alguma coisa evoluir, no tempo correto vamos comunicar”, disse.
A posição forte da empresa referida por Neeleman tem se aproximado diante da aprovação, por parte de credores, de uma ampla reestruturação da Azul. A empresa conseguiu levantar no mercado cerca de US$ 500 milhões junto a “bondholders” (detentores de dívida no exterior), além de conseguir transferir parte de dívidas com arrendamento para ações.
Com informações do Valor Econômico
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