A receita para o bilhão da Eletromidia (ELMD3)

Em entrevista exclusiva, Alexandre Guerrero, CEO da Eletromidia (ELMD3) abre o jogo: empresa tem recorde no Carnaval e pode pagar dividendos

Uma Eletromidia (ELMD3) que acorda às 7h da manhã e outra que desperta às 23h.

É assim que Alexandre Guerrero, CEO da startup de anúncios fora de casa, ou out of home, define as duas áreas da companhia: a primeira que representa a espinha criativa por trás da tecnologia e dos patrocínios, e a segunda que supervisiona telas, outdoors e telões de shoppings e trens durante a madrugada.

Em entrevista à Inteligência Financeira, Guerrero diz que a Eletromidia está cada vez mais próxima do seu primeiro bilhão em receita bruta, confirma recorde de faturamento do Carnaval e afasta rumores de uma OPA.

O rumor de uma oferta pública de aquisição da Eletromidia (ELMD3) foi especulado no mercado após a gigante de comunicação – o Grupo Globo – aumentar a fatia de capital social da companhia para 27%.

Há um acordo entre acionistas para que uma expansão dessa parcela gere uma poison pill, ou seja, uma oferta pelo resto do capital.

Guerrero vê a parceria com a Globo como “estratégica”, mas diz que uma OPA “está distante das conversas com a emissora”.

CEO da Eletromidia (ELMD3) afasta OPA e cogita follow on

A fome da Rede Globo pelo capital da Eletromidia, como reconhece o próprio Guerrero, gera naturalmente um burburinho de mercado envolvendo uma oferta pela aquisição de 100% do capital da Eletromidia.

Mas a Globo é a segunda acionista de referência da empresa, atrás do fundo de private equity HIG.

Em agosto, a Globo adquiriu 27% do total da empresa, elevando sua participação de 19%. “O mercado naturalmente olha para esta oportunidade (de OPA), o que é natural. A Globo é estratégica, investiu uma participação relevante. Agora, de novo, acho que a gente está distante dessa conversa”, diz Guerrero.

O CEO afirma que a Eletromidia (ELMD3) vem “entregando um ritmo de crescimento e de resultados” em linha com expectativas do controlador HIG. “Agora, é uma companhia aberta, e assim como todas as companhias abertas, está sujeita a uma oferta pública de ações”, completa.

Guerrero não descarta uma oferta subsequente de ações da Eletromidia para aumentar o número de papéis abertos ao mercado. Para o CEO, aumentar o free float “é um desafio”, mas pode ser a solução para atrair mais investidores à companhia.

E Guerrero mira no investidor de grande porte.

“Temos um free float baixo e que naturalmente acaba limitando um pouco a entrada de novos investidores na companhia, especialmente investidores mais robustos e que querem ter um nível de liquidez maior”, diz.

Ingredientes do primeiro bilhão da Eletromidia

O número cabalístico da Eletromidia é o primeiro bilhão. Prestes a reportar seu resultado consolidado de 2023 – a ser anunciado em março –, a companhia está “muito próxima” de chegar a R$ 1 bilhão de receita bruta com anúncios out of home em shoppings, transporte urbano, aeroportos e edifícios.

O CEO da Eletromidia (ELMD3) afirma que a companhia “fez um excelente ano” fiscal, considerando metas para os principais indicadores. “O que eu posso dizer é que vem boa notícia pela frente, porque conseguimos fazer um excelente ano, olhando para os indicadores de receita, margem, geração de caixa, e EBITDA. Ou seja, eu acho que a gente tem boas chances de estar próximo desse número”, diz Guerrero se referindo ao primeiro bilhão.

“O R$ 1 bi de receita bruta já está em curso com as iniciativas que nós adotamos no passado”, diz Guerrero. Ele explica que o aumento da receita bruta de out of home em ruas, que subiu 81% entre 2023 e 2022, foi um ingrediente essencial para chegar a esse patamar.

Mas, no horizonte, Guerrero quer multiplicar o faturamento bruto. E a grande aposta para isso é a plataforma de anunciantes para pequenas e médias empresas, o Eletromidia Aqui.

A divisão contempla soluções que facilitam a entrada de anunciantes com ticket menor, entre R$ 99 e R$ 299, com pagamento em Pix e uso de AI para criar vinhetas, textos e propagandas, por exemplo.

“Quando a gente olha para o Eletromidia Aqui e para as outras avenidas de crescimento, nosso sonho é um pouco maior. Acreditamos que dá para multiplicar o tamanho da companhia”, afirma o executivo.

“Imaginamos perfeitamente uma companhia com R$ 2 bilhões a R$ 3 bi de receita. E quando a gente olha para o crescimento do mercado, não tem bala de prata”, prossegue.

Carnaval 2024 tem faturamento recorde na Eletromidia (ELMD3)

O Carnaval na Eletromidia começa bem antes do feriado, afirma Guerrero. Antes da folia, a empresa apresenta ao mercado seus principais planos para grandes acontecimentos do ano, em um evento realizado em outubro.

A maior festa do país é uma das principais oportunidades de capitalização no segmento de mídia out of home. E, pela primeira vez, a Eletromidia (ELMD3) passou pelo Carnaval com concessões nas três principais capitais da festa no Nordeste: Salvador, Recife e Fortaleza.

“Foi um sucesso”, diz Guerrero.

“A Eletromidia chegou no Nordeste como líder, o principal palco do Carnaval do Brasil. Já tínhamos uma presença muito forte em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte. São três carnavais de rua consolidados. E no Nordeste, foi o primeiro ano onde a gente chega com Fortaleza, Recife, Salvador, com concessões importantes nessas cidades. Então nós vendemos todas as cotas de Carnaval, inclusive, a cota master foi vendida para a Ambev. Os resultados de Carnaval foram muito bons, um pouco acima da nossa expectativa”, ressalta.

Com impressões nas ruas dos principais desfiles de blocos do país, a Eletromidia chegou ao maior faturamento da história para o Carnaval, diz Guerrero.

Dividendos e concessão de Congonhas

O fluxo de caixa da companhia deve se consolidar daqui para frente, afirma Guerrero. Isso porque a Eletromidia pretende aproveitar mais o atual inventário de concessões e contratos.

Neste sentido, dividendos estão no radar da Eletromidia (ELMD3). O executivo avalia que “a Eletromidia deve olhar a distribuição de dividendos pelos próximos anos”, considerando que os anos de custo de aquisição de capital (CAPEX) alto ficaram para trás.

“A gente vê isso com bons olhos. Estamos gerando muito caixa e continuamos crescendo”, diz Guerrero. “As concessões que vencemos têm prazo de 20 anos. São do tipo em que o custo de aquisição é muito intenso nos primeiros dois a três anos.”

Mas uma das principais concessões da Eletromidia deve vencer neste ano.

O contrato para fornecer os telões do aeroporto de Congonhas, um dos principais do país, termina em março. O aeroporto deixou de ser administrado pela Infraero e foi arrematado em leilão pelo espanhol Grupo Aena em 2022.

Segundo Guerrero, conversas entre a Eletromidia e a Aena vem sinalizando que os espanhóis devem promover uma nova licitação para um operador único de mídia “entre o final deste ano e o começo do ano que vem”.

A receita bruta da empresa com transportes, incluindo trilhos e aeroportos, caiu 28% entre janeiro e setembro de 2023, comparado ao mesmo período de 2022.

“Tudo indica que os contratos atuais, o nosso, assim como outros que existem no aeroporto, vão ser aditados por um período, até que a concessão master seja realizada”.

A companhia, inclusive, afirma que vai continuar participando de concessões de mobiliário urbano e aeroportos.

“Temos um pipeline de 15 concessões dos próximos 3 anos, uma agenda intensa entre parcerias público e privada. E nós vamos participar da maioria delas. E aí podemos vencer ou não”, conclui Alexandre Guerrero.