Mercado de capitais no Brasil recua 28% em 2023 até setembro, diz Anbima

Segundo a entidade, porém, o cenário melhorou nos últimos meses e deve prosseguir no curto prazo

As captações de recursos no mercado de capitais no Brasil perderam força em 2023 até setembro, ante o mesmo período do ano passado, revelou a Anbima.

Segundo dados divulgados nesta quarta-feira (11), a soma das emissões feitas por empresas, instituições financeiras e governos com instrumentos como debêntures e ações somou R$ 290,5 bilhões no período.

Isso significa uma queda de 28% em relação a igual intervalo de 2022, que tinha sido de R$ 403,5 bilhões.

O declínio foi mais pronunciado nas emissões de notas promissórias, com um tombo de 97,7%, a R$ 100 milhões.

Enquanto isso, as emissões de ações desabaram 46,5%, para R$ 29,3 bilhões.

Nesse caso, o declínio refletiu, em parte, a operação de privatização da Eletrobras (ELET3) que, sozinha, movimentou R$ 33,7 bilhões.

Porém, as emissões com outros instrumentos também tiveram baixa, como FIDCs (-34,1%) e debêntures (-30,2%).

Destaques

Em contrapartida, fundos imobiliários tiveram aumento de 23,3%, a R$ 16,4 bilhões, enquanto Fiagros cresceram 46,9%, a R$ 7,2 bilhões.

Para o vice-presidente da Anbima José Eduardo Laloni, a queda reflete também a turbulência no mercado no começo do ano, deflagrada com o caso Americanas (AMER3).

A varejista pediu recuperação judicial em janeiro, após ter detectado um rombo contábil de cerca de R$ 20 bilhões.

Segundo o executivo, porém, nos últimos meses o mercado de emissões se estabilizou, como mostraram os números de agosto e setembro, que já foram superiores aos de iguais períodos de 2022.

“O cenário para emissões de crédito privado nos próximos meses é favorável”, disse ele em teleconferência com jornalistas.

Já em relação às ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês), Laloni preferiu não estimar um prazo para retomada.

“Nesse nível de preço de bolsa, é mais desafiador para ter IPO”, disse o executivo.
“O mercado de IPO se prepara para um bom momento que não sabemos quando vai ser”, acrescentou Laloni.

Nos últimos dois anos, não houve nenhuma abertura de capital na bolsa brasileira.