Itaú: Equilíbrio entre tipos de cliente e de produto ajudou a segurar inadimplência

Calotes têm sido desafio para os bancos brasileiros com aumento rápido dos juros no país

A inadimplência tem sido um desafio para os bancos brasileiros depois que as taxas de juros subiram aceleradamente desde o início de 2021. De 2% ao ano, em janeiro do ano passado, a taxa básica Selic passou para 13,75% ao ano. Mas, como mostra o balanço do Itaú Unibanco no 3º trimestre de 2022, a instituição vem conseguindo administrar bem os calotes conforme equilibra o crédito entre diferentes tipos de cliente e de produto.

Os atrasos de pagamento de mais de 90 dias cresceram 0,2 ponto percentual no terceiro trimestre deste ano ante igual período do ano passado, para 2,8%. Entre as pessoas físicas, subiram de 3,6% no terceiro trimestre de 2021 para 4,7% neste ano, mas foram compensados pela diminuição dos calotes entre micro, pequenas e médias empresas. As provisões para devedores duvidosos subiram 49,8%, para R$ 8,28 bilhões, acompanhando expansão da carteira de crédito de varejo, com destaque para os produtos de financiamento ao consumo e sem garantias.

Como mostra o balanço do Itaú Unibanco no 3º trimestre, no segmento de pessoas físicas, o maior índice de falta de pagamento está nos cartões de crédito, especialmente entre os que não são clientes do banco em outras áreas e mantêm um relacionamento digital com o Itaú. “Por outro lado, temos uma operação de correntistas muito engajados, são mais de dois terços. Isso faz com que tenham um comportamento bastante saudável em momentos como este”, disse Milton Maluhy Filho, presidente do banco, em entrevista coletiva com jornalistas para comentar os resultados nesta sexta (11). “Tivemos um crescimento moderado nas PFs, já esperado. Prevíamos ver uma normalização gradual da inadimplência, e é o que tem acontecido. Quando olhamos a carteira como um todo, o mix está saudável. É importante olhar para a carteira como um todo, não só para as PFs.”

Maluhy Filho afirmou que ainda se espera um aumento moderado da inadimplência no último trimestre de 2022 entre PFs e possivelmente uma estabilização no primeiro semestre de 2023.

De acordo com Renato Lulia Jacob, diretor de Relações com os Investidores do Itaú Unibanco, a instituição apresentou performance consistente por conta da sua capacidade de execução e pela sua atuação em vários segmentos, com produtos múltiplos. “Olhando para frente, estamos focados a continuar nesta jornada”, afirma. Veja entrevista com o executivo abaixo.

Rentabilidade

O Itaú registrou lucro de R$ 8,08 bilhões no terceiro trimestre de 2022, o que significa uma alta de 19,2% em relação ao mesmo período de 2021, de acordo com o balanço. As receitas com produtos bancários somaram R$ 36,6 bilhões, com uma alta de 16% ante o terceiro trimestre do ano passado, e a margem financeira com clientes (diferença entre o que o banco ganha com juros cobrados dos clientes que pegam crédito e o que gasta remunerando os clientes que têm dinheiro investido) avançou 22,5% no mesmo intervalo, para R$ 23,9 bilhões.

Esse crescimento deverá ser mais modesto daqui para a frente devido aos ajustes que o banco tem feito na concessão de crédito, diminuindo o financiamento para o público de maior possibilidade de ficar inadimplente.

“Nosso apetite de risco é dinâmico, porém bem definido. O banco preza pela sustentabilidade no longo prazo e pela criação de valor”, disse Maluhy Filho. “A leitura é de que ainda há muita oportunidade de avanço, por exemplo aprofundando o relacionamento com clientes cujo histórico de crédito a gente já conhece.”

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