Itaú terá 80% das agências com energia renovável
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Em parceria com a Enel Brasil serão desenvolvidas e construídas 46 usinas fotovoltaicas de geração distribuída
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O acordo também prevê a compra de energia para outras 564 agências no mercado livre
Empresas citadas na reportagem:
O Itaú firmou uma parceria com a Enel Brasil para o desenvolvimento e construção de 46 usinas fotovoltaicas de geração distribuída. Com capacidade instalada total de 54,7 megawatts pico (MWp), as plantas serão responsáveis por gerar energia limpa para 1.557 unidades do banco.
O acordo também prevê a compra de energia para outras 564 agências no mercado livre, com duração de oito anos e quase 1 terawatt hora (TWh) de energia comercializada. Somado com outro projeto que já abastece 200 agências de Minas Gerais com energia solar, o banco chegará a quase 2,3 mil unidades com energia limpa, ou cerca de 80% da sua rede.
O contrato com a Enel, que tem prazo de dez anos, com possibilidade de prorrogação, é uma iniciativa do Itaú em prol do compromisso de se tornar carbono zero até 2050. O banco é carbono neutro nos escopos 1 e 2, das suas próprias emissões, mas atinge isso com compra de créditos de carbono.
Agora, investe mais fortemente na redução de emissões. “Se todo mundo só compensa e ninguém reduz, nunca vamos atingir as metas para limitar o aquecimento global”, explica Luciana Nicola, diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade do Itaú.
Nicola Cotugno, country-manager da Enel Brasil, diz que o acordo com o Itaú demonstra o compromisso de dois grandes players em direção à meta de zerar as emissões de carbono. “Nossa missão é auxiliar empresas de todos os portes e segmentos a atingirem suas metas de descarbonização, em linha com a urgência que o tema exige para frear o aquecimento global.”
Como está assinando um contrato grande, de longo prazo, o Itaú deve conseguir economizar na sua conta de luz, mas o banco não abre detalhes e diz que esse não é o foco principal. “Para além de questões econômicas, a parceria promove impacto positivo para o meio ambiente”, diz Nicola.
O projeto de geração distribuída vai evitar a emissão anual de cerca de 10 mil toneladas de CO2. As usinas serão instaladas no Rio de Janeiro, Paraná, São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Ceará, Pará, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Mato Grosso e Distrito Federal.
Ao todo, serão mais de 75 mil painéis solares instalados, e a previsão é que as usinas iniciem operações em cerca de 12 meses. O Itaú pagará apenas pela energia. Quem vai bancar a construção e manutenção das unidades é a Enel.
A companhia não revela números desse acordo, mas diz que, em geral, nesse mercado um projeto de quase 55 MWp exige um investimento de cerca de 50 milhões de euros. “Além do impacto ambiental, é preciso que o negócio também seja economicamente sustentável”, diz Francisco Scroffa, executivo responsável pela Enel X no Brasil.
Dario Miceli, diretor de comercialização da Enel Trading, explica que na parte do acordo sobre o acesso ao mercado livre não há uma ligação direta com um projeto específico da Enel, mas ressalta que o portfólio da companhia no Brasil já é formado majoritariamente por fontes renováveis.
Ainda entre as entregas para o Itaú, a Enel irá implementar o sistema UBM (Utility Bill Management), que digitaliza a gestão de pagamentos da companhia, organizando em uma plataforma única todas as informações sobre contas de prestadoras de serviços públicos.
O sistema irá monitorar as contas de cerca de 3,1 mil unidades. A companhia também irá realizar consultoria e obras de infraestrutura em mais de 450 agências para adequação ao mercado livre.
“O acordo nos possibilitará avançar de forma significativa no trabalho que temos conduzido para ampliar o uso de fontes renováveis”, afirma Francisco Vieira, diretor de Operações e Infraestrutura de Agências do Itaú.
Ele diz que o banco tem ambição de chegar a 100% da rede com energia renovável, mas que é difícil atender todas as unidades, pois algumas ficam em locais onde não é possível acessar uma usina de geração distribuída. “Estamos estudando as possibilidades. Talvez valha a pena instalar painéis solares nos tetos dessas agências, embora a eficiência energética não seja a mesma”.
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