12 coisas que você precisa saber para investir na bolsa de valores

Como investir em ações: especialistas dão o passo a passo para que o investidor aumente sua rentabilidade na bolsa de valores

Todo mundo sabe que existe, mas nem todos sabem exatamente o que é e como funciona. Afinal, investir bolsa de valores pode ser um mistério para boa parte das pessoas… Mas pode reservar ganhos importantes para quem sabe operá-la

E o bicho não é tão feio como pode parecer. Especialistas ouvidos pela Inteligência Financeira explicam, de maneira descomplicada, como a bolsa de valores funciona e como é possível acessá-la para tentar retornos mais robustos no mundo dos investimentos.

1. Como faço para investir na bolsa?

A bolsa de valores brasileira, a B3, não permite que o investidor opere diretamente, sendo necessária a intermediação de uma corretora de valores. Assim, para entrar na bolsa de valores, o primeiro passo é abrir uma conta em uma corretora.

Mas antes de buscar uma corretora, o indicado é organizar as próprias finanças para entender quanto de capital está disponível para aportar em ações e outras modalidades.

“É importante que o investidor possa ter a tranquilidade de investir na bolsa o dinheiro que não deve precisar no futuro próximo”, ressalta Felipe Pohren de Castro, educador financeiro, sócio da Matriz Capital.

“Somente com as finanças pessoais organizadas uma pessoa pode manter as contas em dia, ter uma reserva de emergência para despesas inesperadas que certamente virão e destinar o excedente para formação de uma carteira de investimentos na bolsa”, acrescenta.

Telão de cotações do prédio da B3, a bolsa de valores brasileira – Foto: Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo

2. Dentro da bolsa, o que eu posso fazer para ganhar dinheiro?

A primeira forma é comprar ações com o objetivo de ganhar com a valorização delas. “Isso pode acontecer no mesmo dia, com operações chamadas de day trade, ou em um período maior, em movimentações conhecidas como swing trade”, explica a assessora de investimentos Luciana Ikedo.

Outra maneira muito comum é comprar ações com o objetivo de receber uma renda recorrente com esse investimento, o que é chamado de dividendo. “Essa é uma forma interessante de geração de renda passiva por meio dos investimentos”, detalha Luciana.

Além disso, é possível ganhar com operações de derivativos ou alugando ações.

3. Como faço para descobrir meu perfil de investimento?

Logo após a abertura da conta em uma corretora, é necessário responder um questionário de análise de perfil do investidor para que a corretora ofereça os produtos mais adequados a ele.

O questionário classifica o investidor normalmente como conservador, moderado ou arrojado. “Quanto mais conservador, mais inseguro o investidor fica com variações negativas no patrimônio investido. Quanto maior a tolerância ao risco, maior a parcela do patrimônio que o investidor admite alocar para a bolsa, seja diretamente ou por meio de fundos de ações”, descreve Castro.

4. O que eu posso comprar e vender na bolsa de valores? Só ações?

Por meio das corretoras de valores, é possível negociar ações, cotas de fundos imobiliários, derivativos e contratos de commodities, como minério de ferro e petróleo.

5. Renda variável trata apenas de ações na bolsa?

Não. Renda variável é todo investimento que não tem uma rentabilidade estabelecida no momento da contratação, ou seja, que não dá para saber de antemão quanto renderá ao longo do tempo. Além disso, ela não tem uma data de vencimento.

“Além dos ativos negociados na bolsa de valores, também são classificados como opções de renda variável os fundos de investimentos multimercados, fundos de ações e fundos internacionais, por exemplo”, detalha Luciana.

6. É melhor investir em grandes empresas?

Quase sempre investir em grandes empresas como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3; PETR4) é mais seguro. Isso porque são empresas já estabelecidas que correm pouco risco de falência ou insolvência. Porém, essas companhias podem ser pouco rentáveis em comparação com companhias emergentes.  

“As grandes empresas e as ações que compõem os principais índices são acompanhadas por muitos analistas, o que resulta em uma eficiência maior do mercado, ou seja, muitos investidores chegam às mesmas conclusões e levam o preço para um patamar de consenso. Algumas empresas, inclusive, são taxadas de bond-proxys, ou seja, são tão previsíveis que o investimento nelas equivale a investir em renda fixa”, explica Castro.

Já as empresas menores podem oferecer ganhos maiores, mas é preciso ter um certo domínio do mercado para entender quais informações podem influenciar o setor e a empresa, o que pode ser difícil para um iniciante ou alguém que não tem tempo para buscar informações e refletir sobre elas.

Imagem da bolsa de valores. Foto: Amanda Perobelli/Reuters

7. Fundos de ações valem a pena?

Fundos de ações podem ser uma boa opção para quem não tem tempo de refletir sobre o mercado, mas deseja também arriscar ganhos maiores com diversificação dos papéis. Porém, um fundo pode ser pouco rentável e servir apenas para que o gestor reinvista o dinheiro do investidor em ativos de sua preferência.

Nesse sentido, é importante o investidor analisar não só o histórico de rentabilidade do fundo, mas também sua política de investimento, ou seja, no que o fundo investe, para ter certeza de que há potencial.

A rentabilidade passada de um fundo pode indicar retornos futuros, mas não é determinante. “Mesmo os melhores fundos do mercado apresentam janelas temporais ruins. Como alternativa a esses fundos, o investidor pode investir em fundos de índice”, diz Castro, da Matriz Capital.

8. Como saber se a bolsa está melhor que a renda fixa?

A referência para acompanhar a rentabilidade da bolsa é o índice Ibovespa, e a referência para acompanhar a rentabilidade da renda fixa é o CDI. “Comparando os dois índices, consigo avaliar a diferença de rentabilidade entre as opções”, acrescenta Luciana.

Mas, investir em bolsa não é uma coisa só, por isso, o Ibovespa pode servir de referência, mas não é capaz de retratar a bolsa como um todo. Dito isso, há várias formas de desbravar o mercado, seja no que se refere ao horizonte de investimento quanto à natureza dos ativos a serem investidos.

“Investir em uma ação de uma pequena empresa importadora ou de um grande banco são abordagens totalmente diferentes”, explica Castro. Por isso, acompanhar as oscilações de cada papel e não se limitar apenas ao índice pode trazer oportunidades de lucratividade maior.

9. Por que entrar na bolsa se já estou na renda fixa?

Porque o potencial de ganho é maior na bolsa do que nos investimentos de menor risco.

“Além de analisar a rentabilidade passada, ou seja, olhar no retrovisor, é importante também considerar o cenário como um todo, avaliando as perspectivas de retorno nos médio e longo prazos”, ressalta Luciana.

“Outro fator que também deve ser considerado é a possibilidade real de queda da taxa básica de juros, que torna a renda variável uma opção ainda mais interessante”, completa a especialista.

10; Como saber se estou ganhando dinheiro, de fato?

Falando da operação mais comum, que é a aquisição de ações, o investidor deve comparar o preço de compra do ativo mais o recebimento de dividendos com o preço atual da ação. Porém, essa maneira de observar pode esconder perdas de oportunidades, já que investir não é apenas gerar rentabilidade, mas encontrar a maior remuneração possível.

Por isso, é interessante comparar a valorização da carteira de ações ou um fundo de ações ao Ibovespa ou outros índices. Um exemplo é o small caps, das empresas mais negociadas entre as que tem menor valor de mercado. Outro é o Ifix, índice que reflete o desempenho do mercado de fundos imobiliários como um todo.

“Se o investidor tiver uma carteira de fundos imobiliários cujo resultado esteja abaixo do Ifix, ele está perdendo dinheiro, mesmo que ganhe em valores absolutos. Isso porque, caso investisse no índice, ele teria um ganho ainda maior”, explica Castro.

11. Para que servem os índices? Eu consigo investir neles?

Os índices são retratos do desempenho de um grupo de ações selecionado a partir de um determinado critério. O principal índice é o Ibovespa, que reúne as principais ações em volume e valor de mercado. Nesse sentido, investir no índice é acompanhar a média do mercado.

“Quanto menos informação o investidor tem, mais atraente o investimento em índices. Enquanto o investimento em ações individuais é mais indicado para quem tem informações e convicções sobre o futuro das empresas”, alerta Castro.

“Investir em ações específicas a esmo ou com base em informações desencontradas equivale a apostar em jogos de azar”, complementa.

12. Ações fora dos índices podem ser uma boa?

Por um lado, as empresas menores e menos negociadas que estão fora dos índices têm um potencial de valorização maior. Isso porque pequenas movimentações podem significar grandes oscilações no preço do papel. Por outro lado, essa característica também pode significar perdas acentuadas.

Dito isso, há possibilidade de ganhos se houver um conhecimento maior sobre a empresa e o mercado em que ela atua. Além disso, os ganhos são quase sempre circunscritos a períodos curtos e não se sustentam no longo prazo. Por isso, os riscos são aumentados, principalmente por conta dos movimentos irracionais aos quais o mercado está exposto.

“Assim que o mercado identifica que uma empresa perdeu fôlego, o medo de estar errado sobre ela faz com que muitos investidores abandonem as ações. Isso puxa as cotações para baixo, por vezes, abruptamente. Resultados de empresas maiores não variam tanto e o mercado não se assusta na mesma magnitude caso decepcionem um pouco”, alerta Castro.

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