Mais instituições financeiras preveem que a inflação acumulada de 2021 ficará acima de 9% ou, segundo alguns analistas, perto de dois dígitos. A nova rodada de revisões foi desencadeada após o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de outubro ter frustrado as expectativas de leve acomodação.
O índice subiu 1,2%, a maior taxa para outubro desde 1995, e acumula avanço de 10,35% nos 12 últimos meses.
A surpresa entre analistas veio dos serviços, que aceleraram bem mais do que se previa, embora em boa parte devido à alta individual das passagens aéreas, de quase 35% no mês. O reajuste deste item já está “contratado”, uma vez que parte da coleta do IPCA-15 é reaproveitada para o IPCA (índice cheio), que é a inflação oficial do país.
A inflação de serviços subiu, em média, 1,03% em outubro, após alta de 0,74% em setembro, e chegou a 4,87% em 12 meses, de 1,43% há um ano. Os preços dos bens industriais, embora tenham desacelerado de 1,1% para 0,98%, também vieram acima da expectativa e pressionaram o IPCA-15.
As surpresas desfavoráveis, no entanto, foram amplas e incluem alimentação em casa (1,54%, de 1,51% em setembro) e fora do domicílio (0,97%, de 0,69%), vestuário (1,32%, de 0,54%), despesas pessoais (0,77%, de 0,48%) e habitação (1,87%, de 1,55%) – este último grupo, puxado pela energia elétrica, que subiu 3,91% e foi o maior impacto individual no IPCA-15 de outubro.
Essa combinação gerou alteração nas estimativas de ao menos 12 casas, que agora apontam o IPCA fechado do ano entre 9,1% e 9,8%, sendo seis estimativas de 9,5% ou mais. Para outubro, a maioria das estimativas indicam que o IPCA deverá ficar ao redor de 1%, ainda próximo do patamar de setembro.
Os economistas entendem que a dinâmica inflacionária segue desfavorável em meio às incertezas sobre a política fiscal do governo e ao risco de reajustes em itens com forte impacto na economia, como a gasolina. Isso pode, inclusive, contaminar a inflação de 2022, que de largada já pode ser maior que 5% para alguns analistas.