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Medidas na direção correta, mas insuficientes: a reação do mercado ao pacote fiscal do governo
O pacote fiscal do governo federal vai na direção certa, mas não elimina dúvidas sobre a sustentabilidade da dívida pública.
Esta foi a conclusão majoritária de economistas de instituições financeiras sobre as medidas anunciadas na quarta-feira (27) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com vistas a trazer uma economia de R$ 70 bilhões entre 2025 e 2026.
“As medidas vão na direção correta, mas são incompletas”, disse à Inteligência Financeira o economista-chefe do banco BV, Roberto Padovani.
Haddad anunciou maiores limites para o abono salarial, teto para correção do salário mínimo e os chamados super-salários.
Por outro lado, o ministro confirmou a isenção do Imposto de Renda (IR) para salários de até R$ 5 mil por mês.
Segundo ele, isso será compensado na arrecadação com aumento da alíquota de IR para salários superiores a R$ 50 mil.
Para a economista-chefe do banco Inter, Rafaela Vitória, o pacote é insuficiente para fazer frente ao crescimento de gastos de mais de R$ 400 bilhões entre 2024 e 2025.
Segundo ela, isso mostra a dificuldade do governo em fazer uma revisão maior dos gastos, incluindo programas sociais que tiveram crescimento acelerado nos últimos anos.
“As medidas anunciadas são insuficientes para zerar o déficit, que estimamos em R$110 bilhões em 2025, ou 0,9% do PIB”, afirmou ela.
Frustação com pacote fiscal pode pressionar mais o câmbio
Dessa forma, o economista-chefe da Porto Asset, Felipe Sichel, considerou a tendência de mais pressão sobre o mercado financeiro.
Nesse sentido, o mercado já repercutiu informações sobre o pacote que vazaram para a imprensa antes do anúncio oficial.
Assim, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, recuou 1,73%, a 127.669 pontos, fechando a sessão na mínima do dia na última quarta.
Enquanto isso, o dólar norte-americano disparou 1,81%, cotado a R$ 5,9124, máxima nominal histórica. Por fim, os juros futuros dispararam.
A XP Investimentos acrescentou ser necessário que o governo detalhe alguns pontos do pacote para ajudar o público a entender como conseguirá a economia prometida.
“Somar R$ 70 bilhões em impacto conforme anunciado parece, até agora, desafiador”, afirmou a XP.
Tom político do pacote pode criar outro desafio, no Congresso
Para Padovani, do BV, a forma como o anúncio das medidas aconteceu pode criar desafios extras para sua efetivação.
Isso porque, para entrar em vigor, o pacote de medidas precisa de aval do Congresso Nacional, dominado pela oposição ao governo.
Segundo o economista, ao dar ênfase a medidas positivas, como a isenção do IR para famílias de renda mais baixa, o governo indicou a preocupação com as eleições presidenciais de 2026.
No anúncio, Haddad fez críticas ao governo anterior e frisou que a atual gestão quer um “Brasil justo, com menos imposto e mais dinheiro no bolso”.
“Isso pode criar dificuldades políticas para aprovação no Congresso”, concluiu Padovani.
Para Vitória, do Inter, o anúncio da isenção de IR traz mais incerteza para a trajetória fiscal em 2026.
“Indica que o governo deve ter nova expansão fiscal no próximo ano eleitoral”, disse a economista.
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