As festas de fim de ano se aproximam com os preços dos alimentos mais caros que um ano antes. Nesse cenário, além das promoções do período, os produtos de marcas de fabricação própria devem ter um papel relevante na estratégia de vendas das varejistas.
Isso porque eles chegam a custar, em média, 25% menos que produtos de marcas líderes, dando um alívio para o bolso do consumidor, que não quer abrir mão da ceia típica, mas também não está disposto a gastar muito no período.
Este ano, o preço da cesta de Natal aumentou 8% em relação ao mesmo período de 2023, segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). O conjunto tem dez produtos, sendo eles aves natalinas, azeite, caixa de bombom, espumante, lombo, panetone, pernil, peru, sidra e tender.
Com isso, o valor final da cesta subiu de R$ 321,13 um ano antes para R$ 345,83. Os dados são da Abras, entre os dias 24 de outubro e 27 de novembro e contemplam todos os formatos de supermercados.
O aumento no preço dos alimentos acontece devido à disparada do dólar ao longo do ano — que acumula alta de 21,8% em 2024 — e por fatores climáticos, como períodos de calor e frio extremos, que afetaram a produção de certos produtos.
A inflação alimentar voltou a subir a partir de setembro e seguiu trajetória crescente em outubro, apresentando alta de 0,5% e 1,06%, respectivamente, segundo dados do IBGE. Esse cenário ajuda a entender, em parte, porque a maioria dos brasileiros não está disposta a fazer grandes desembolsos com as festividades de fim de ano, ainda que a empregabilidade e a renda das famílias tenham avançado nos últimos meses.
Uma pesquisa da Salles Excellence Insights Globo, realizada pela PinOn, já publicada pelo Valor, ouviu 1.044 pessoas e constatou que 54% pretendem economizar na ceia natalina. Entre as classes C, D e E, o valor máximo que pretende-se gastar na data é de R$ 300.
Dentre os itens tradicionais do período, panetone/chocotone e chester marcaram presença na lista de compras de todos os grupos. A reportagem fez uma busca rápida no site de uma grande rede do setor na quinta-feira (28) e constatou que um chocotone de 400g de uma marca conhecida custa cerca de R$ 23, enquanto o mesmo produto de fabricação própria custava R$ 10 reais, com desconto de 28% aplicado.
Esse é um dos diferenciais que faz com que a estratégia da marca própria ganhe ainda mais relevância neste fim de ano. Segundo o levantamento da Abras, 85% dos estabelecimentos planejam produzir itens sazonais de padaria e confeitaria, 57% ampliaram os itens de marca própria em mercearia seca, 35% em produtos industrializados e 25% em mercearia líquida (bebidas).
No Grupo Pão de Açúcar (GPA) as marcas próprias, como a Qualitá, já representam por volta de 21% das vendas totais atualmente. No caso da rede, os produtos podem ser até 30% mais baratos do que as marcas líderes. Nos últimos três anos, a representatividade da marca própria Carrefour nas vendas do grupo saltou de 14% para 21%. O portfólio conta com cerca de 3.500 produtos distribuídos em 22 marcas. Segundo a empresa, 74% dos clientes que entram nas lojas de varejo levam pelo menos um produto de marca própria.
Para Ana Paula Tozzi, CEO da AGR Consultores, os itens de marca própria nas festividades são uma oportunidade para as redes capturarem consumidores.
Além disso, eles também permitem construir um relacionamento com o cliente, uma vez que oferecem uma experiência premium a preços mais acessíveis. Isso atrai tanto os consumidores já familiarizados com a categoria quanto aqueles dispostos a experimentar. “Produtos de marca própria têm uma característica única: eles só estão naquela rede. Isso reduz a concorrência direta e incentiva os consumidores a retornarem, seja pela exclusividade ou pelo bom custo-benefício”, afirma Tozzi.
Com informação do Valor Pro