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Economias de EUA e Europa desaceleram com aumento de casos de covid-19
O aumento do número de novos casos de covid-19, as pressões inflacionárias e a escassez de mão de obra desaceleraram a recuperação econômica dos EUA e da Europa neste mês, apesar dos sinais de melhora dos problemas de suprimento que afetaram a produção das fábricas nos últimos meses.
Pesquisas com gerentes de compras divulgadas ontem pela empresa IHS Markit mostraram que nas primeiras semanas deste mês o nível de atividade das empresas americanas continuou a crescer, mas ao ritmo mais lento dos últimos três meses, apesar da sólida demanda da parte dos clientes.
“Recuperações fortes estão sendo contidas pela chegada da mais recente onda do vírus”, disse Bert Colijn, economista do ING Bank.
O índice de atividade composto para os EUA – uma medida de atividade tanto no setor de serviços quanto na indústria – caiu para 56,9 em dezembro, em relação aos 57,2 de novembro, informou a IHS Markit. Qualquer leitura superior a 50 indica aumento da atividade, enquanto um dado abaixo desse limiar aponta para uma queda.
“Os dados da pesquisa compõem o quadro de uma economia que dá sinais de animadora resiliência ao número de novos casos de infecção e aos temores crescentes com a variante ômicron”, disse Chris Williamson, economista-chefe de nível de atividade da IHS Markit, referindo-se aos EUA. “O crescimento da produção industrial chegou até a subir ligeiramente em meio à notável redução do número de atrasos nas cadeias de suprimentos, o que também ajudou a eliminar parte da pressão dos preços das matérias-primas.”
Paralelamente, o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) informou ontem que a produção industrial americana de novembro subiu para seu nível mais elevado desde setembro de 2019. A produção da indústria, da mineração e do setor de distribuição de serviços públicos subiu à taxa sazonalmente corrigida de 0,5% em novembro, ante o mês anterior. O percentual foi menor que o aumento de 1,7% registrado em outubro, que se seguiu aos severos transtornos de setembro causados pelo furacão Ida.
Na zona do euro, o índice de atividade composto caiu de 55,4 para 53,4, seu menor patamar desde março, disse a IHS Markit. O nível de atividade da Alemanha caiu pela primeira vez em oito meses.
Mesmo antes da confirmação da existência da variante ômicron, no fim de novembro, o número de novos casos de covid-19 na Alemanha e em outras partes da Europa estava subindo, o que desencadeou uma nova onda de restrições adotadas pelos governos e de hesitação por parte do consumidor. Nos EUA, os novos casos começaram a subir no mês passado. Sinais de que a variante ômicron pode se propagar mais rapidamente que a delta, atualmente dominante, apenas reforçaram esses problemas.
Mas houve sinais de otimismo no setor de industrial em ambos os lados do Atlântico, diante dos primeiros indícios de recuperação dos problemas de abastecimento. A escassez de matéria-prima diminuiu para seu menor nível desde maio nos EUA. Os preços dos insumos subiram ao ritmo mais lento dos últimos sete meses. Mas as empresas continuam a ter dificuldades em contratar novos funcionários, apesar do aumento da carteira de encomendas não atendidas.
As pesquisas da IHS também detectaram que as fábricas da zona do euro relataram altas ligeiramente menores dos preços que pagam por matérias-primas e outros insumos, bem como dos preços que cobram dos clientes. Em decorrência disso, a indústria registrou aumento da produção.
Embora a variante delta tenha continuado a dominar os novos casos de covid-19 na zona do euro no período da pesquisa, o Reino Unido teve uma escalada dos casos da variante ômicron, que, segundo as previsões, será a forma dominante no país em poucos dias.
Os resultados obtidos pelo Reino Unido no combate à ômicron podem oferecer pistas aos EUA e ao restante do mundo rico sobre o comportamento da variante em meio a uma população altamente vacinada, o grau de gravidade do quadro dos infectados e a possibilidade ou não de suas dezenas de mutações terem dado à ômicron vantagem suficiente na cadeia evolutiva a ponto de privar a delta dos hospedeiros necessários para manter-se como dominante.
O governo britânico reagiu por meio da readoção de algumas restrições de saúde pública, enquanto dados de mobilidade indicam que a população do país ficou mais cautelosa com relação às atividades sociais que envolvem proximidade física com outras pessoas.
Segundo a pesquisa com gerentes de compras, isso levou a uma acentuada desaceleração do nível de atividade do setor de serviços britânico nas primeiras semanas deste mês, apesar de, ao contrário do que ocorreu na Alemanha, esse setor ter continuado a avançar.
“Os aumentos positivos dos últimos dez meses foram neutralizados por uma nova rodada de restrições e de medidas de controle [impostas] aos consumidores e empresas”, disse Duncan Brock, do Chartered Institute of Procurement Supply, que colabora na realização da pesquisa.
Houve também sinais de desaceleração no Japão e na Austrália, embora a nova variante não pareça ter contribuído para isso de forma relevante. Empresas apontaram, em vez disso, para problemas de suprimentos como desafio maior.
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