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Dois fatos mostram que a frase ‘é a economia, idiota’ perdeu o sentido no Brasil de 2024
O que nunca foi lua de mel se transformou em rompimento. E público. O mercado não gostou nada do pacote fiscal anunciado pelo governo do Brasil. Gostou menos ainda da isenção do Imposto de Renda para quem ganha acima de R$ 5 mil. E tudo isso ficou ainda mais evidente em dois momentos distintos desta semana que terminou. Por meio dos dados cruéis – para o governo – de pesquisa Genial/Quaest. E também por conta de análise, digamos, qualitativa de gestores importantes feita ao podcast PodInvestir, um original da Inteligência Financeira.
Assim, se a famosa frase se notabilizou por resumir precisamente que tudo girava em torno da economia. ‘É a economia, idiota’. Agora, me arrisco a dizer que, principalmente após a pesquisa, o que o mercado está dizendo pode ser traduzido como: ‘É a política, idiota’.
A primeira frase foi cunhada por James Carville em 1992. Ele era estrategista da campanha do democrata Bill Clinton contra o republicano George W. Bush. Era então essa uma das principais mensagens que o partido Democrata deveria focar naquela campanha presidencial. Trinta e dois anos depois, para o mercado o pacote fiscal anunciado pelo governo parece indicar uma variante da frase. O que importa mesmo é a política.
Então, se a análise inicial sobre o pacote nos permitia dizer que o anúncio de Fernando Haddad tentava colocar um pé nas exigências do mercado e outro em fortalecer o atual presidente em uma eventual corrida pela reeleição em 2026, o que ficou claro é que a estratégia estatal não funcionou. E o mercado desistiu de acreditar na política econômica atual.
Pesquisa desfavorável para o governo
Então, os dados da pesquisa Genial/Quaest foram os piores possíveis ao governo. Dessa forma, as 105 entrevistas com fundos de investimentos com sede em São Paulo e Rio de Janeiro mostram que a avaliação do governo Lula é negativa para 90%. E 61% deles acreditam que a força do ministro da Fazenda está menor do que no começo do mandato.
E fica pior para Lula. Tarcísio de Freitas, atual governador de São Paulo, é o atual preferido do mercado financeiro. À frente inclusive do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Os dados então corroboram o que havia dito Rodrigo Azevedo. O gestor e fundador da Ibiuna tocou exatamente no ponto sobre Haddad. “Então, daqui para frente, o ministro da Fazenda perde credibilidade como interlocutor razoável para você monitorar para onde está indo a questão fiscal. E aí eu acho um problema grande, pois isso não tem volta”, disse à Inteligência Financeira.
Ele administra R$ 17 bilhões na Ibiuna.
Mas o mercado ganha eleição no Brasil?
O governo aposta que não. E tem justamente dados econômicos para se ancorar. O PIB cresceu de novo – 0,9% no terceiro trimestre. No ano, a alta é de 3,3%. Nos últimos quatro trimestres, cresce 3,1%. Mais do que isso. De 2022 a 2023, o percentual da população abaixo da linha de pobreza caiu de 31,6% para 27,4%.
É o menor nível desde 2012 e isso significa que em um ano quase 9 milhões de brasileiros deixaram essa condição. Da mesma forma, ficou abaixo de 5%, também, o indicador dos brasileiros que vivem com R$ 209 por mês. São os que estão abaixo da linha da pobreza. Mais de 3 milhões de brasileiros deixaram a extrema pobreza.
Essas pessoas votam. Assim como os representantes do mercado financeiro. Mas em maior proporção. Assim, o slogan para 2026 parece ser um só: ‘É a política, idiota’. Se a estratégia vai causar danos irreparáveis à economia… bem, aí é outra história.
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