Campos Neto, do BC: ‘Não estudamos mudança de metas de inflação’
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, negou que tenha concordado com a flexibilização do sistema de metas de inflação em conversa com o governo.
“Se mudar a meta, vai ter o efeito contrário. O mercado vai pedir um premio de risco maior ainda. O que vai acontecer é o efeito contrário. Em vez de ganhar flexibilidade, vai acabar perdendo flexibilidade. Não existe ganho de credibilidade aumentando a meta”, opinou.
Na última semana, rumores de que o presidente Lula gostaria de elevar antecipadamente a meta da inflação do país e que Campos Neto estaria disposto a chegar um acordo para aliviar tensões com o chefe do executivo balançaram a Bolsa e provocaram abertura na curva de juros.
Em resposta às críticas de que a meta da inflação é impossível de ser cumprida, o presidente do BC afirmou que “ninguém gosta de juros elevados, nem o Banco Central” e argumentou que, em dezembro, o cenário base dizia que a “meta era exequível, com corte de juros a partir de junho”. Segundo ele, porém, ruídos provocados pelo governo sobre como seria a futura regra geraram instabilidade.
“O Banco Central quer fazer o melhor possível, ter os juros mais baixos o possível e ter o crescimento mais sustentável possível, mas a gente entende que é muito importante preservar esse ganho da inflação sob controle”, disse.
Qual a melhor forma de viabilizar a queda dos juros?
“Tem um grupo de economistas que diz que, se a meta for aumentada em momento como esse, um pouco desancorada, os analistas vão projetar meta igual à nova meta. Vai pedir um prêmio de risco maior ainda. Não só não vai ganhar flexibilidade, como vai perder”, disse Campos Neto.
O presidente do BC considera que a melhor forma de viabilizar a queda dos juros é:
- O governo deixar claro para os agentes econômicos sobre a política fiscal e novos mecanismos para equilibrar as contas públicas;
- Reduzir o endividamento público no longo prazo.
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